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200 anos da Independência | A presença de D. João VI no Brasil

05 mar 2021

Artigo arquivado em 200 anos da Independência
e marcado com as tags 200 Anos da Independência, Biblioteca Nacional, Bicentenário, Dom João VI, Fundadores do Brasil, História do Brasil, Independência do Brasil, Secult

A política reformadora de D. João VI, intensa e complexa, deu à vida mental do Brasil uma multiplicidade de caráter que foi bem o prenúncio de sua definitiva emancipação. Sua própria presença no país permitiu aos brasileiros exercer influência direta sobre as decisões tomadas, obrigando à instalação de uma estrutura administrativa autônoma e liberando certas atividades necessárias à Corte (que vinham sendo proibidas na Colônia), como a imprensa, por exemplo. Tudo isso levou a uma igualdade política entre a Metrópole e a Colônia, que o príncipe reinante reconheceu ao elevar o Brasil a Reino Unido a Portugal e Algarves (1816).

No plano econômico, a luta pela abolição dos monopólios iniciou-se antes mesmo que a esquadra conduzindo a Família Real chegasse ao Brasil. José da Silva Lisboa, futuro Visconde de Cairu, defensor das teorias econômicas liberais, que exigiam a não-intervenção do Estado nos negócios, obteve de Dom João VI o decreto de abertura dos portos (1808), extinguindo o monopólio comercial, exceto para produtos contemplados com essa regalia. A abertura dos portos e alguns tratados comerciais com a Inglaterra assinados na época mudaram o sentido da política econômica, que se tornou mais liberal, permitindo proveito maior para os consumidores brasileiros e comerciantes.

As condições de melhoramentos em vários setores criaram um caminho sem volta. Além de efetuar transformações econômicas importantes, o governo de D. João empreendeu outras mudanças significativas. Adotada como capital do império português, a cidade do Rio de Janeiro sofreu diversas modificações. A cidade que os estrangeiros achavam imunda, feiosa e fedida começou a se expandir e cuidar de sua aparência, abrindo-se ao estilo e às modas europeias.

D. João VI também propiciou a criação de Academias Militares, Escolas de Direito e Medicina, da Imprensa Régia, que possibilitou a divulgação e circulação de informações e ideias, inclusive políticas, entre a população letrada da época, da Biblioteca Real (1810), franqueada ao público em 1814, do Jardim Botânico do Rio (1810) e do Museu Nacional (1818).

Durante o período, missões estrangeiras vieram ao país, seduzidas pelas novidades. Muitos cientistas, naturalistas e artistas estrangeiros vieram para cá, em missões particulares ou patrocinadas pela Coroa. Sérgio Buarque de Holanda refere-se aos anos imediatamente posteriores à chegada da Família Real portuguesa como o novo descobrimento do Brasil, pois nunca o nosso país parecera tão atraente aos geógrafos, naturalistas e viajantes em geral.

As mudanças promovidas durante a época joanina e o retorno de D. João à Metrópole (1821), impulsionaram nossa emancipação política, que ocorreu no ano seguinte. Seu reinado (1808-1821) servira para incrementar o espírito de independência na cabeça de alguns homens instruídos. Ao ampliar os quadros administrativos, judiciários e militares sediados no Brasil, preparou os homens experimentados no trato com a coisa pública, para organizarem o Brasil nascente. Tudo isso foi o prelúdio da nossa independência política.

Saiba mais:

Um busto de Dom João VI, conhecido por ornamentar o saguão principal da Biblioteca Nacional foi trazido para o Brasil junto com o acervo da Real Biblioteca e há cem anos faz parte do prédio sede da FBN.

Em 2016, a Série Documentos Literários, colaboração da Divisão de Manuscritos, recordou o aniversário de 201 anos de criação do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Foi disponibilizado um documento que traz o relato dos festejos de aclamação de D. João, não mais na qualidade de Príncipe, mas na de Rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. A obra está sob a guarda da Divisão de Obras Gerais da Biblioteca Nacional e pode ser consultada na íntegra pela BN Digital.

Dom João VI e a Biblioteca Nacional: o papel de um legado. Edição foi motivada pelo aniversário de 200 anos da chegada da família real portuguesa ao Brasil.

A exposição D. João VI: o papel de um legado, inaugurada em novembro de 2008 no Centro Cultural da Justiça Federal, é agora disponibilizada ao internauta em sua versão virtual. Apresenta peças de variadas naturezas, como documentos administrativos, mapas, livros, manuscritos e gravuras referentes ao Período Joanino que pertencem ao acervo da Biblioteca Nacional.

1808-1818. A construção do Reino do Brasil.

Série Documentos Literários - Relato dos festejos de aclamação de D. João VI.

Alguns documentos:

Assento do Conselho do Reino entregando a regência de Portugal ao Príncipe Regente dom João, pela impossibilidade de governar da rainha Maria I.

Alvará régio proibindo o comércio de escravos da costa da África ao norte do Equador, estabelecendo as respectivas penas, feitas no Rio de Janeiro, aos 26 jan. 1818.] [Manuscrito]

Relato dos festejos de aclamação de D. João, não mais na qualidade de Príncipe, mas na de Rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.