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A Província de Matto-Grosso: periódico litterario, noticioso e dedicado aos interesses da província.

01 ago 2014

Artigo arquivado em Hemeroteca

A Província de Matto-Grosso circulou com este nome de 1879 a 1889, ano da proclamação da República, passando, em janeiro de 1890, a se chamar O Mato Grosso. O jornal foi criado pelo presidente da Província de Mato Grosso, Joaquim José Rodrigues Calháo, com a finalidade principal de publicar os atos oficiais do governo provincial. Seu primeiro editor foi João José Pedrosa. Já O Matto-Grosso, seu sucessor e também disponível neste site, circulou de 5 de janeiro de 1890 (com interrupção entre 1905 e 1911) a 6 de março de 1937.

Uma síntese de sua história é oferecida por Antônio Ernani Pedroso Calhào, descendente do fundador, Joaquim José Rodrigues Calhào, no livro A imprensa oficial de Mato Grosso – 170 anos de história, conforme citado por Pedro Rocha Jucá, em A imprensa oficial do Estado do Mato Grosso, 1987.

“Em 9 de janeiro de 1879 foi fundado, em Cuiabá, A Província de Matto-Grosso, periódico literário, noticioso e dedicado aos interesses da Província, pelo capitão Joaquim José Rodrigues Calhào. Órgão político e partidário, defendia os postulados do Partido Liberal até a Proclamação da República, quando passou a denominar-se O Matto-Grosso.

A segunda fase de A Província de Matto-Grosso é caracterizada por uma série de acontecimentos de cunho político, em consequência da mudança ocorrida em 1889 na forma de governo do país. O primeiro presidente do Estado do Mato-Grosso, general Antônio Maria Coelho, tomou posse em 10 de dezembro com o apoio dos liberais.

Logo após sua posse, houve rompimento com os demais componentes do ex-Partido Liberal sendo instalado o Partido Nacional em Cuiabá, pelo governador empossado, contrariando alguns políticos locais. Algumas dessas medidas afetaram as relações com a imprensa, principalmente com O Matto Grosso. Seu proprietário, Emílio Calhào, foi preso e conduzido incomunicável a bordo do navio de guerra “Antônio Maria”, juntamente com José Magno da Silva Pereira, Joaquim Marcos da Silva Pereira e Dr. Manuel José Murtinho, todos acusados de terem publicado um panfleto anunciando a demissão do general Antônio Maria.

Em 13 de abril de 1890, publica o Manifesto Republicano, de Joaquim Murtinho, em oposição ao governo de Antônio Maria Coelho, criticando o posicionamento político diante da organização de diretórios. Em 8 de outubro de 1905 suspendeu a sua publicação para em sua tipografia veicular o jornal A Coligação, criada especialmente para combater a administração do coronel Antônio Paes de Barros, com numeroso corpo redatorial.

Circulou com este título até 1911, quando em 24 de setembro voltou a ser editado O Matto-Grosso. Em 1930 fez ativa propaganda da candidatura de Getúlio Vargas, à Presidência da República e da revolução vitoriosa naquele ano. Circulou até o dia 8 de dezembro de 1935.”

Seu escritório funcionava na Travessa dos Voluntários da Pátria, nº. 12, em um sobrado. A publicação era semanal, media 32 cm x 43 cm, tinha quatro páginas e abrindo as suas cinco colunas, de 6,5 cm de largura, estavam o “Almanak”, os santos do dia e as fases da lua. Em seguida, existia a “Parte Official”. Segundo Pedro Jucá, não havia qualquer preocupação quanto à urgência na publicação dos atos oficiais.

Na Fundação Biblioteca Nacional há apenas 225 edições digitalizadas, correspondentes ao período de 1879 a 1886.