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Acervo da BN | Correio Braziliense: o jornal da capital federal

19 jul 2020

Artigo arquivado em Acervo da BN
e marcado com as tags 1960, Assis Chateaubriand, Brasília, Capital Federal, DF, Diários Associados, História, Imprensa, Juscelino Kubitschek, Política

Tem leitor que sabe de cor e salteado: o primeiro jornal brasileiro da história foi o Correio Braziliense, que Hipólito José da Costa lançou na Inglaterra em 1808. Tal exílio era justificado pelas críticas que o redator então fazia à Coroa lusitana, que ainda mantinha o Brasil como colônia, onde apenas publicações da Imprensa Régia tinham autorização para circular. Mas qual a relação desse jornal de antanho com o atual Correio Braziliense, editado atualmente no Distrito Federal? Pois nenhuma. Lançado a 21 de abril de 1960 pela cadeia de empresas de comunicação Diários Associados, fundada e presidida por Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, na recém instalada capital, o Correio Braziliense de nosso tempo é o maior jornal do Distrito Federal e um dos mais proeminentes da imprensa brasileira. Apesar de sua grafia, com “z”, a publicação é apenas uma folha homônima da de Hipólito José da Costa: cada uma, todavia, tem o seu valor.

Diário e matutino, o Correio Braziliense do Distrito Federal veio a lume na mesma data que a da inauguração de Brasília. Influências para isso não faltaram: segundo um verbete sobre o jornal no “Dicionário histórico-biográfico brasileiro pós-1930”, editado pela Fundação Getúlio Vargas,

Ao tomar a decisão de construir uma cidade que viria a ser a nova capital da República, deslocando-a do Rio de Janeiro, o presidente Juscelino Kubitschek obteve a promessa do proprietário dos Diários Associados, Assis Chateaubriand, cético, ante a magnitude do empreendimento, de que se a obra fosse levada a termo no tempo previsto teria a acompanhá-la, registrando-lhe o nascimento, um jornal de sua cadeia. (p. 1.622/1.623)

Nascendo então em uma edição de 88 páginas, com oito delas impressas em Brasília e o restante rodado no Rio de Janeiro, o nº 1 do Correio Braziliense tinha todo o seu noticiário voltado à fundação da capital, a começar pela marcante primeira página, trazendo retrato e texto do presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira. No cabeçalho, seu próprio título mal aparecia, dando-se preferência à marca dos Diários Associados, com outros de seus jornais em segundo plano – como que pretendendo apresentar os “irmãos” do Correio Braziliense, também presentes na capital: O Jornal, do Rio; Estado de Minas, de Belo Horizonte, e Folha de Goiaz, de Goiânia. Como bom órgão dos Associados, naturalmente, o novo periódico seguia a orientação política imposta por Chateaubriand a suas empresas de comunicação. Cabe ainda ressaltar que, junto do diário, a cadeia ainda lançou a TV Brasília quando da inauguração da cidade.

Inicialmente, Gilberto Chateaubriand, filho de Assis Chateaubriand, fora colocado na presidência do Correio Braziliense. Embora o dono dos Associados, como não tivesse exatamente boas relações com os filhos, em 1959 houvesse escolhido 22 de seus colaboradores e auxiliares de maior confiança para constituir o grupo de acionistas que mais tarde seria chamado “Condomínio Associado”, que na ocasião passou a deter 49% dos Associados e se responsabilizou pela gestão das empresas – entre os nomes mais conhecidos do grupo estavam os filhos de Chateaubriand, Gilberto e Fernando, mas ambos tinham que dividir os Associados com o tio, Oswaldo Chateaubriand, e com Austregésilo de Athayde, João Calmon, Leão Gondim, Edmundo Monteiro, Martinho de Luna Alencar, entre outros. A não-exclusividade na herança dos Associados havia gerado mais conflitos entre pai e filhos: Gilberto acusava publicamente Leão Gondim de tentar vender, em benefício próprio, um dos bens mais valiosos da cadeia, que sequer estava arrolada no patrimônio destinado ao Condomínio, o braço brasileiro da empresa farmacêutica alemã Schering. Como retaliação, logo Gilberto acabou sendo removido da direção do Correio Braziliense, ficando em seu lugar seu cunhado, Leonardo Alkmin.

Ainda de acordo com o “Dicionário histórico-biográfico brasileiro pós-1930”, o Correio Braziliense

Foi o primeiro jornal fora do eixo Rio-São Paulo a ganhar no mesmo ano (1985) os dois maiores prêmios da imprensa (brasileira), o Esso e o Herzog. Ambos devidos à apuração da morte do radialista Mário Eugênio, na qual estavam envolvidos policiais e oficiais do Exército. Em 1999 o jornal ganhou o prêmio World’s Best Design da Society for New Design, por ter sido considerado um dos 17 jornais mais bem desenhados do mundo. Ainda nesse ano, o jornal integrava o Sistema Correio Brasiliense de Comunicação, composto também de duas emissoras de TV, duas estações de rádio e uma provedora de acesso à Internet. (p. 1.623)

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