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Acervo da BN | Retratos coloniais: pílulas da imprensa teuto-brasileira no interior de Santa Catarina (séculos XIX e XX)

20 maio 2022

Artigo arquivado em Acervo da BN
e marcado com as tags Alemães no Brasil, Colonização do Brasil, Língua Alemã, Santa Catarina, Secult

J. Rodolfo Wilcock, escritor argentino de sobrenome inglês radicado na Itália, tinha uma ideia pitoresca quanto aos alemães. Em seu clássico "Sinagoga dos iconoclastas", ao narrar as desventuras de certo Klaus Nachtknecht nas paragens mais recônditas da Patagônia, o autor citava uma crença local: "Havia uma lenda que por trás de toda colina ou montanha, cidreira antiga ou penhasco errático estivesse escondido um alemão pronto para ser jardineiro ou barman ou garçonete de cervejaria ou motorista ou lenhador, até mesmo sobre um vulcão". Estereótipos laborais à parte, uma coisa é certa: de fato, inúmeros rincões da América do Sul receberam comunidades inteiras de imigrantes da terra de Goethe, dispostas ao árduo trabalho com a terra e à manutenção ferrenha de seus valores morais. No Brasil, dos últimos momentos do Império em diante, é sabido que pontos específicos no interior das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste foram intensamente povoados e desenvolvidos por colonos alemães, estabelecendo-se, cá e acolá, núcleos da chamava população teuto-brasileira.

Geralmente cultural, religiosa, geográfica e linguisticamente isoladas, muitas das colônias de origem germânica no Brasil não se viam exatamente integradas ao Novo Mundo. Se aferravam, portanto, naquilo que traziam consigo: religião, língua, família, trabalho e propriedade. Os valores morais tradicionais que definiam sua identidade germânica, afinal, se mostravam fortes raízes em solo novo, inexplorado. Assim, como ocorre com o restante dos grupos imigrantes em terra brasilis, o desenvolvimento de imprensas locais voltadas aos expatriados tinha mais do que razões e justificativas. Já falamos aqui neste espaço sobre alguns jornais da vasta e rica imprensa imigrante no Brasil - portuguesa, árabe, italiana, francesa e alemã, mais precisamente. Depois de cá termos abordado a história do jornal Colonie Zeitung, de Blumenau, no interior de Santa Catarina, estado que hoje concentra as comunidades teuto-brasileiras mais expressivas do país, hoje colocaremos os holofotes em periódicos de semelhantes locais, tempos e contextos: especialmente, os jornais Reform, da atual Joinville, e Der Hansabote, de Ibirama - quando esta ainda fazia parte de Blumenau.

Fruto conjunto do Depósito Legal da Fundação Biblioteca Nacional e de parcerias como a firmada entre a instituição federal e a Biblioteca Pública do Estado de Santa Catarina, a Hemeroteca Digital Brasileira traz atualmente um robusto acervo de imprensa alemã no Brasil, com títulos sobretudo de Santa Catarina, do Paraná e do Rio Grande do Sul, mas também do Rio de Janeiro e de São Paulo. A título de fôlego, e conforme as referências bibliográficas quanto ao tipo de imprensa que aqui hoje abordamos - como o livro "Jornalismo em Perspectiva", de Maria José Baldessar e Rogério Christofoletti, e "A imprensa catarinense no século XIX: Catálogo descritivo e ilustrado do acervo de jornais raros da Biblioteca Pública de Santa Catarina", disponibilizado ao público pela Hemeroteca Digital Catarinense -, nos restringiremos a apenas alguns periódicos do estado natal de Gustavo Kuerten - coisa que já nos demanda o suficiente. Ainda assim, aos pesquisadores interessados, uma lista ao final deste texto procura citar todos os jornais teuto-brasileiros disponíveis na HDB, do Sul e do Sudeste. Boa leitura!

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No escopo catarinense, a imprensa teuto-brasileira encontrou pasto e gáudio em diversas outras cidades. Maiores centros urbanos, as cidades de Joinville - quando ainda Colônia Dona Francisca - e Blumenau são aquelas que detém a maior quantidade de periódicos do gênero. Mas Laguna parece ter contado com um jornalzinho humorístico, por vezes manuscrito, chamado Die Kaiser, em 1914, satirizando a situação germânica na Primeira Guerra Mundial. Indaial contribuiu com Hochzeits Zeitung, de 1915, e Die Gurke, de 1932. Pomerode teve Die Mistgabel, na década de 1920, mesma época de Die Fröhliche Stunde, este circulando na localidade de Rio do Testo. Em Rio do Sul foi onde surgiu Südarm-Glocken, em 1929, ao passo em que Santa Thereza, que corresponde à localidade de Vila Catuíra, no município de Alfredo Wagner, aparentemente viu surgir por suas bandas certo Der Kolonist, em 1921. Em Concórdia Die Quasselbude veio a lume em 1932. Brusque contou com Sontagsblatt, de 1896; Brusquer Zeitung, de 1912; e Die Rundfchau, dos anos 1920. E Lontras, pelo visto, teve seu Lontraner Fastnachts-Anzeiger, na década de 1930. A atual São Bento do Sul não ficou atrás. Ali nasceu Der Volksbote, em julho de 1900, pelas mãos do médico republicano Felipe Maria Wolf, fundador de diversos outros periódicos da região; circulou por 10 anos. Depois foi a vez de Volks Zeitung, criado na mesma cidade em 11 de novembro de 1908. Possuía 3 páginas em alemão e uma em português, intitulada “Gazeta do Povo”, nada mais que seu título traduzido. Possuía formato de ofício e periodicidade semanal e publicava atos oficiais. Teve 29 anos de publicação, acabando em 19 de novembro de 1938, por causa da Segunda Guerra. Como não poderia deixar de ser, todas essas folhas contaram com a colaboração de nomes importantes da vida cultural do município.

A cidade de Joinville é um caso à parte. Primeiro contou com Der Beobachter am Mathiasstrom, e depois Der Colonist, seus dois primeiros jornais, de 1852 e 1853, respectivamente. São os estreantes na imprensa germânica do estado. Ali ainda se originou Colonie Zeitung, em 1862, o empreendimento jornalístico germânico de maior vulto no país - tanto que, para ele, temos um texto à parte (http://bndigital.bn.gov.br/artigos/acervo-da-bn-colonie-zeitung-um-empreendimento-colonizador/).

Joinville teve inúmeros periódicos da imprensa alemã, a exemplo de Die Lesethle, de 1883; Der Sudbrasliche Landwirt, de 1888, e Volksstaat, de 1891, e também Joinvillenser Zeitung e Die Fackel, da década de 1910, e de outros tantos. Outro jornal local digno de nota, precisamente do apagar de luzes do Brasil Império, foi ainda Reform, "Organ für die gesamten Interessen der Kolonie Dona Francisca". Lançado em janeiro de 1887, Reform foi, segundo seu subtítulo, um órgão voltado aos interesses da Colônia Dona Francisca. Fundado por Robert Gernhard, o jornal era totalmente voltado aos imigrantes alemães da região, praticamente sem textos em português, circulando como bissemanário de ênfase predominantemente política.

Reform não foi o pioneiro na imprensa de sua cidade. Surgiu de outro jornal colonial alemão de R. Gernhard, o Neue Kolonie-Zeitung, que havia sido criado em 25 de dezembro de 1885 com a finalidade de defender a candidatura do advogado liberal Francisco Antunes Maciel para deputado provincial nas eleições de 15 de janeiro de 1886. Com a extinção do Neue Kolonie-Zeitung no fim de 1886, Reform foi projetado para a continuidade da linha política de seu editor, que, basicamente, apenas trocou o título do periódico. Assim, a nova folha de Gernhard herdara da antiga seu principal desafeto, de nome semelhante, o jornal Colonie Zeitung de 1862. Segundo o último, em edição do dia 14 de janeiro de 1887, Reform fora fundado na semana anterior, viabilizado através do capital reunido por 20 cidadãos joinvillenses, que compraram uma prensa e a alugaram a Gernhard. As figuras que se uniram na aquisição da prensa eram figuras de importância na política e na economia locais, que posteriormente exerceram influência sobre a linha editorial do jornal.

Além de seu teor político, Reform abordou assuntos diversos, mais ou menos voltados ao cotidiano colonial local: agricultura, finanças, efemérides regionais, questões ligadas a processos de colonização (incluindo relações entre o governo e a colônia), casos de polícia, questões sócio-políticas europeias (com especial atenção à política na Alemanha), identidade cultural germânica, etc. Eram ainda publicados noticiário geral de inúmeras cidades brasileiras e europeias, informes e editais oficiais, avisos a pedidos, folhetins (como “Die Schwestern”, de P. Rudolf), versos e anúncios publicitários.

Em 15 de novembro de 1889, Reform foi condenado em um processo de calúnia movido por C. Fabri, representante da Sociedade Colonizadora, pela publicação de um texto considerado difamador à entidade. Em defesa, Robert Gernhart e seus companheiros, haviam apontado como responsável pelo texto um indivíduo de nome Crispim, analfabeto e sem conhecimento da língua alemã. O caso havia mobilizado 156 cidadãos joinvillenses, que mandaram um ofício ao presidente da Província em apoio ao denunciante e ao juiz. A partir da data da condenação, Reform não circulou mais.

Como o dia da conclusão do processo contra Reform coincidisse com o da Proclamação da República no Brasil, em 19 de novembro daquele ano Kolonie Zeitung comemorava: a cidade “se livrou da influência tão nociva ao bom entendimento da população, do ‘Reform’ e seus companheiros, do mesmo modo como o Brasil se livrou da Monarquia...”. Antes que uma junta governativa republicana assumisse o poder de Joinville, houve uma manifestação popular para que determinadas figuras locais fossem expulsas da cidade – embora não existam confirmações, esse pode ter sido o destino de Robert Gernhard e seus companheiros. No entanto, apesar do processo e da interrupção na circulação do jornal, o acervo de publicações seriadas do Arquivo Público de Joinville possui um exemplar de um periódico intitulado Reform com o número 318 e a marca de “ano 4”, datado de 5 de fevereiro de 1890. Gernhard aparece no expediente desta edição como o editor do jornal, portanto, ao que tudo indica, a folha teve uma sobrevida.

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Cabe destacar que a cidade catarinense de Blumenau foi, também, grande palco de apresentação de jornais teuto-brasileiros no Brasil, entre os séculos XIX e XX. Nela, Blumenauer Zeitung se estabeleceu como o jornal pioneiro da cidade, quando a mesma ainda não havia sido elevada à categoria de município. Fundado por Hermann Bauggarten, o periódico veio a lume em 1881 através da “Sociedade Tipográfica Blumenauer Zeitung”, uma ação cooperativa criada em 1879 entre 71 colonos, cada um possuidor de cotas em ações do jornal. Aos poucos, os valores das ações foram repassados aos seus proprietários e a empresa passou a ser inteiramente do fundador, Baumgarten, que também atuava como editor. Em periodicidade semanal e totalmente redigido em alemão, Blumenauer Zeitung foi o primeiro jornal catarinense a possuir laboratório fotográfico próprio, com suas primeiras ampliações feitas em 1910. Circulava na capital catarinense, ainda chamada Desterro, e em outras cidades do estado, como Itajaí, Brusque e Joinville, mas também era enviado a leitores no Rio de Janeiro e na Alemanha. E deixou de existir em 2 de dezembro de 1938, já no turbulento contexto da Segunda Guerra Mundial. Pudera: vinha recheado de notícias de teor político, que por vezes iam além de suas finalidades práticas primordiais, protetoras dos interesses da colônia blumenauense. Blumenauer Zeitung era ainda ligado ao Partido Conservador, em tempos anteriores à República.

Na mesma cidade de Blumenau circulou também Der Urwaldsbote (algo como "O mensageiro da floresta”), a partir de 1893, por iniciativa do pastor Faulharber, que havia comprado o jornal Immigrant, de 1883, em nome da Conferência Pastoral Evangélica. O pastor dirigiu a folha até 1898, sendo substituído por Eugênio Fouquet, que ficou no comando da redação por quase trinta anos. Der Urwaldsbote deixou de circular por 2 anos, no período da Primeira Guerra Mundial, voltando em 23 de agosto de 1919. Possuía diversos cadernos e suplementos, alguns impressos na Alemanha. Inicialmente completamente em alemão, passou a ter uma edição em português com o passar do tempo, até seu fim, em 29 de agosto de 1941.

Um tanto posterior aos periódicos acima foi Der Hansabote, um tabloide mensal lançado em outubro de 1904 especificamente da zona colonial chamada Hansa-Hammonia, onde hoje se situa a cidade catarinense de Ibirama. Instituída em 1897, com os primeiros colonos chegando a partir de 1899, a colônia fazia parte de um distrito subordinado ao município de Blumenau, logo, no cabeçalho do jornal, constava que o mesmo era de “Hansa-Hammonia, Blumenau, Santa Catarina, Brasil”. Editado totalmente em alemão, Der Hansabote era também destinado aos colonos das cercanias, abrangendo o público de outras localidades posteriormente desmembradas de Blumenau. Embora irregular, sua circulação se deu até 1913.

Muito pela bibliografia, sabemos um tanto mais a respeito de Der Hansabote do que de outros jornais blumenauenses. O pastor, filósofo e teólogo Paul Aldinger, conhecido como responsável pela instalação de uma escola para formação de professores e de formação agrícola em sua propriedade, a “Palmenhof” (“Quinta das Palmeiras”), e depois pela fundação da primeira Escola Particular Alemã de Hammonia, foi o fundador e o primeiro proprietário de Der Hansabote. Dirigido pelo mesmo, que assinava “Dr. Aldinger Palmenhof”, o jornal era impresso inicialmente na tipografia de G. Arthur Koehler, em Blumenau.

Aldinger transparecia suas principais convicções em Der Hansabote, explorando temas que o mesmo considerava fundamentais para os rumos da colônia: assuntos agrícolas, questões educacionais locais, finanças e economia coloniais, a importância do trabalho e da oração em conjunto (ver edição nº 11, do ano 1, de 5 de agosto de 1905), associações de moradores, serviços básicos e infraestrutura na colônia, a criação da Associação Hospitalar de Hammonia (ver edição de 19 de agosto de 1911), correspondência entre imigrantes e alemães em sua terra natal, questões variadas quanto ao processo de colonização em solo brasileiro, relações entre o Brasil e a Alemanha, assuntos gerais ligados ao cotidiano colonial e à realidade enfrentada por colonos alemães no Brasil, questões indígenas da região e seus problemas para a colonização (ver artigo assinado por Paul Altinger no nº 7 do ano 8, de 20 de abril de 1912), política regional (ver considerações sobre Lauro Müeller no nº 6 do ano 3, de 2 de maio de 1907), notícias e variedades sobre outras colônias além de Hammonia (ver a de Anitápolis no nº 10 do ano 7, de 22 de julho de 1911), particularidades e informações gerais sobre cidades e localidades da região, etc. Textos de outras publicações, tabelas e balancetes periódicos das finanças e da produção geral da colônia, artigos de respeitados colonos alemães catarinenses, poemas, anúncios e obituários eram veiculados com frequência no periódico.

Contendo de quatro a seis páginas, Der Hansabote era lançado sem dia fixo, tendo aparecido tanto na primeira quanto na segunda quinzena de cada mês, entre os dias 2 e 30: algumas de suas edições traziam a marca “Zwangloses Erscheinen”, ou seja, “Aparece ocasionalmente”. De qualquer forma, as edições do tabloide sempre eram lançadas aos sábados, com o preço de capa de 100 réis e assinaturas semestrais e anuais, respectivamente, custando $500 e 1$000. Trazendo só textos em três colunas por página, quase sem imagens (à exceção de uma imagem cristã no nº 9 do ano 3, de 1º de junho de 1907), o jornal circulava totalmente com letras góticas, conforme a tradição da imprensa germânica. A cada mês de outubro, as edições eram renumeradas a partir do nº 1.

Raramente alguns textos em português apareciam em Der Hansabote – ainda assim, quando publicados, eram traduzidos para o alemão. Um desses textos, na edição nº 2 do ano 2, de 4 de novembro de 1905, trazia um edital do fiscal do distrito de Hammonia, Otto Wehmuth, com determinações gerais sobre a limpeza de caminhos, valas e picadas. Edições posteriores ainda vinham com alguns versos de poetas brasileiros locais – como “A Filha da Albergueira”, poema de Francisco Otaviano publicado no nº 6 do ano 3, de 2 de maio de 1907.

A partir da edição nº 12 do ano 5, de 4 de setembro de 1909, Der Hansabote passou a ter Theodor Reistenbach como seu redator/diretor. Paul Altinger continuou a figurar no jornal, no entanto, como colaborador, assinando artigos. Todavia, tempos depois, a partir da edição nº 8 do ano 7, de 13 de maio de 1911, o nome de Reistenbach desapareceu do cabeçalho do tabloide, figurando, em seu lugar, o subtítulo “Monatsblatt für die Landwirte Santa Catharinas”, algo como “Revista mensal para os agricultores de Santa Catarina”.

A partir do nº 10 do ano 8, de julho de 1912, Der Hansabote deixou de ser impresso por G. Arthur Koehler para sair pela tipografia Hömke Irmãos, também localizada em Blumenau. Na ocasião, a qualidade da impressão melhorou, o cabeçalho do jornal passou a possuir a marca “Anzeigen nach Übereinkunft” e os dias de publicação de cada edição foram suspensos, figurando ali apenas o mês e o ano de cada número. No entanto, tardaria pouco mais de um ano para que a folha colonial deixasse de existir; de acordo com Harry Wiese, no artigo “Considerações sobre a saúde e a história dos hospitais de Ibirama”, Der Hansabote encerrou sua publicação no nº 12 do ano 9, de setembro de 1913.

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Além dos títulos expostos no presente texto, cabe ressaltar: a imprensa imigrante brasileira - independentemente dos locais de origem das comunidades que a empreenderam - é um vasto campo de pesquisa social e histórica, capaz de (re)pensar, discutir e aprofundar aspectos que refletem na sociedade brasileira de hoje. Em árabe, hebraico, ideogramas ou caracteres góticos, sigamos com sua leitura, pois: sempre na esperança de que novos estudos se debrucem sobre o gênero.

 

Explore os documentos:

Jornais alemães de Santa Catarina:

Colonie Zeitung:

http://memoria.bn.br/DocReader/886157/1

http://memoria.bn.br/DocReader/887960/1

 

Blumenauer Zeitung:

http://memoria.bn.br/DocReader/893170/1

http://memoria.bn.br/DocReader/884642/1

 

Immigrant:

http://memoria.bn.br/DocReader/887609/1

http://memoria.bn.br/DocReader/887595/1

 

Der Urwaldsbote:

http://memoria.bn.br/DocReader/886670/1

http://memoria.bn.br/DocReader/844667/1

 

Der Colonist:

http://memoria.bn.br/DocReader/886653/2

 

Der Kolonist (de Santa Thereza):

http://memoria.bn.br/DocReader/886645/1

 

Reform:

http://memoria.bn.br/DocReader/720780/1

 

Der Hansabote:

http://memoria.bn.br/DocReader/844543/1

 

Der Volksbote:

http://memoria.bn.br/DocReader/886688/1

 

Volks Zeitung:

http://memoria.bn.br/DocReader/895563/1

 

Der Kaiser:

http://memoria.bn.br/DocReader/886629/1 (manuscrito)

http://memoria.bn.br/DocReader/886610/1

 

Volksstaat:

http://memoria.bn.br/DocReader/895512/1

 

Joinvillenser Zeitung:

http://memoria.bn.br/DocReader/887765/1

 

Der Mosquito:

http://memoria.bn.br/DocReader/844489/1

 

Bummelauer Fastnachts-Zeitung:

http://memoria.bn.br/DocReader/844438/1

 

Hochzeits - Kladderadatsch

http://memoria.bn.br/DocReader/844551/1

http://memoria.bn.br/DocReader/887536/1

 

Hochzeits - Gedenkblatt:

http://memoria.bn.br/DocReader/887501/1

 

Hochzeits Zeitung:

http://memoria.bn.br/DocReader/844586/1

 

Hochzeits-Klatsch:

http://memoria.bn.br/DocReader/844683/1

 

Sod Hochzeits:

http://memoria.bn.br/DocReader/844578/1

 

Hochzeitskuschen:

http://memoria.bn.br/DocReader/887510/1

 

Fest-Zeitung:

http://memoria.bn.br/DocReader/844705/1

http://memoria.bn.br/DocReader/887056/1

 

Die Grüne Hochzeitspost:

http://memoria.bn.br/DocReader/844659/1

 

Die Fröhliche Stunde:

http://memoria.bn.br/DocReader/844616/1

 

Die Quasselbude:

http://memoria.bn.br/DocReader/886807/1

 

Die Gurke:

http://memoria.bn.br/DocReader/844500/1

 

Teutonia Faschingsnummer:

http://memoria.bn.br/DocReader/844446/1

 

Südarm-Glocken:

http://memoria.bn.br/DocReader/893714/1

 

Kolonie, Haus und Hof:

http://memoria.bn.br/DocReader/711772/1

 

Die Fackel:

http://memoria.bn.br/DocReader/259705/1

 

Die Mistgabel:

http://memoria.bn.br/DocReader/844535/1

 

Tafellieder:

http://memoria.bn.br/DocReader/893862/1

 

Lontraner Fastnachts - Anzeiger:

http://memoria.bn.br/DocReader/888117/1

 

Brusquer Zeitung:

http://memoria.bn.br/DocReader/884766/1

 

Die Rundfchau:

http://memoria.bn.br/DocReader/886815/1

 

Die Schnauze:

http://memoria.bn.br/DocReader/844462/1

 

Die Wahrheit:

http://memoria.bn.br/DocReader/844691/1

 

Die Wespe:

http://memoria.bn.br/DocReader/886866/1

 

Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung:

http://memoria.bn.br/DocReader/844420/1

 

Amoristisch-satirische Festzeitung:

http://memoria.bn.br/DocReader/844560/1

 

Jornais alemães do Paraná:

Der Pionier:

http://memoria.bn.br/DocReader/814466/1

http://memoria.bn.br/DocReader/814873/1

 

Der Beobachter:

http://memoria.bn.br/DocReader/847216/1

 

Deutsche Post:

http://memoria.bn.br/DocReader/814113/1

 

Deutsche Zeitung:

http://memoria.bn.br/DocReader/720909/1

 

Deutsche Volkszeitung:

http://memoria.bn.br/DocReader/814040/1

 

Deutsches Wochenblatt:

http://memoria.bn.br/DocReader/811971/1

 

Rio Negrenser Zeitung:

http://memoria.bn.br/DocReader/761699/1

 

 Jornais alemães do Rio Grande do Sul:

 Der Pionier:

http://memoria.bn.br/DocReader/825476/1

 

Kalender fur die Deutschen in Brasilien:

http://memoria.bn.br/DocReader/829544/1

 

Koseritz' Deutscher Volkskalender fur Brasilien:

http://memoria.bn.br/DocReader/847054/1

 

Die Verlorene Zeit (de Candelária):

http://memoria.bn.br/DocReader/844497/1

 

Kozeritz' Deutsche Zeitung:

http://memoria.bn.br/DocReader/825450/1

 

Illustrirtes Sonntagsblatt:

http://memoria.bn.br/DocReader/825522/1

 

Deutsches Volksblatt:

http://memoria.bn.br/DocReader/825468/1

 

Kolinie (de Santa Cruz):

http://memoria.bn.br/DocReader/825433/1

 

 Jornais alemães do Rio de Janeiro:

Das Neue Deutschland:

http://memoria.bn.br/DocReader/828041/1

 

Allgemeine Deutsche Zeitung:

http://memoria.bn.br/DocReader/809403/1

 

Deutsche Zeitung:

http://memoria.bn.br/DocReader/809373/1

 

Deutsches Tageblatt:

http://memoria.bn.br/DocReader/302961/1

 

Rio-Post:

http://memoria.bn.br/DocReader/118770/1

 

Jornais alemães em São Paulo:

Die Hochzeit:

http://memoria.bn.br/DocReader/886785/1