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Acervo FBN | Expedição Langdsdorff e a história de uma coleção científica

19 set 2020

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Grigóry Ivanovitch Langsdorff (1774-1852) formou-se médico na Rússia, mas desde cedo se interessou pela antropologia e pelas ciências exatas. Sua relação com a Academia de Ciências Russa lhe rendeu a inclusão entre os tripulantes do navio que fez a primeira viagem russa de circunavegação. Em 1812 foi nomeado cônsul geral da Rússia no Rio de Janeiro. Aqui entrou em contato com vários cientistas que visitaram o Brasil e formulou um projeto de uma grande expedição científica destinada ao estudo da natureza, das populações e da economia brasileiras.

Langsdorff reuniu para acompanhá-lo na expedição o botânico alemão Ludwig Riedel, o geógrafo e astrônomo russo Nester Rubtsov e os pintores franceses Aimé Adrien Taunay e Hercule Florence. Partiram de São Paulo em 1825 e percorreram, por navegação fluvial, do centro oeste até a Amazônia, aonde chegaram em 1828. O roteiro original previa o retorno por terra de Belém até a capital do Império, mas a tragédia, os insetos e as febres, alterariam os planos dos viajantes. Taunay morreu ao tentar atravessar um rio durante forte chuva. Langsdorff adoeceu, e após algumas semanas foi acometido de uma amnésia da qual jamais se recuperou. Florence, embora doente, liderou a expedição até o final. Os primeiros registros que ficaram conhecidos sobre a expedição foram as anotações de campo de Florence, publicadas em 1875 pela Revista do Instituto Histórico.

O material científico coletado foi remetido, ao longo da viagem para a capital do império e daí para a Europa. O acervo permaneceu esquecido por quase um século no Museu Botânico da Academia de Ciências da URSS, até que o cientista russo G. G. Manizer o descobrisse. Veio ao Brasil em 1914 para recolher material para a elaboração de um ensaio sobre a expedição. Faleceu em 1917, antes de publicar o ensaio. Este seria organizado, em uma edição póstuma, por B. G. Xprintsin, em 1948. A obra apresentada no link deste post é a primeira tradução brasileira deste trabalho. Este foi um primeiro passo para que esta magnífica coleção fosse explorada. Mais tarde, na década de 1980, uma parceria entre a Associação Internacional de Estudos Langsdorff e a Fiocruz iniciou um trabalho de recuperação desta coleção e na publicação em 1997 e 1998, dos diários de viagem de Langsdorff.

(Seção de Iconografia)


MANIZER, G. G. A expedição do acadêmico G. I. Langsdorff ao Brasil (1821-1828). São Paulo, SP: Companhia Editora Nacional, 1967. 244 p., il., 18 cm. (Brasiliana, v. 329)