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Arte | O talentoso Gustave Doré

06 jan 2021

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Gustave Doré nasceu em Strasbourg, França, em 6 de janeiro de 1832. Foi desenhista, caricaturista, gravador, aquarelista, pintor, escultor e prolífico ilustrador, de excepcional destreza e virtuosismo.

Iniciou a carreira na imprensa ilustrada em 1847 produzindo desenhos e caricaturas para o periódico Le Journal pour rire, de Charles Philipon. Gustave Doré colaborou regularmente com a imprensa ilustrada ao longo de sua vida e dedicou-se à ilustração de livros a partir de 1854.

Dos álbuns ilustrados que produziu, citamos: Les travaux d'Hercule (1847), seu primeiro álbum litográfico; Des-agréments d'un voyage d'agrément (1851), álbum de vinte e quatro pranchas litografadas que narram as desventuras do casal Plumet em uma viagem aos Alpes; Histoire pittoresque, dramatique et caricaturale de la sainte Russie (1854), história gráfica inspirada pela Guerra da Crimeia. Algumas de suas obras são consideradas precursoras das histórias em quadrinhos atuais.

A publicação do livro Oeuvres de François Rabelais em 1854 deu início à trajetória de Gustave Doré na ilustração de clássicos da literatura. Por volta de 1855 o artista elaborou um programa editorial para o desenvolvimento de seu trabalho como ilustrador. Tinha em mente publicar em formato uniforme e colecionável obras-primas da literatura, fossem épicas, cômicas ou trágicas. A primeira dessas obras, L’Enfer de Dante Alighieri (1861), foi publicada às custas do próprio Doré, pois o editor Louis Hachette recusou-se a correr o risco de apostar em um projeto que poderia resultar em fracasso comercial. No entanto, a publicação foi muito bem sucedida e marcou os rumos da carreira de Doré, que ilustrou também Les Contes de Charles Perrault (1862), L'Ingénieux Hidalgo Don Quichotte de la Manche de Miguel de Cervantes (1863), La Sainte Bible selon la Vulgate (1866), Fables de Jean de La Fontaine (1867), Roland furieux de Lodovico Ariosto (1879), entre outros títulos.

Como ilustrador, Gustave Doré serviu-se da litografia e principalmente da xilogravura de topo. Consciente da importância da tradução de seus desenhos em gravura, acompanhou de perto o trabalho dos gravadores, escolhendo seus colaboradores e sugerindo-lhes métodos de trabalho de acordo com o seu. Para Orlando da Costa Ferreira, autor de Imagem e Letra, a imaginação e o talento de Doré e sua equipe de intérpretes, entre eles François Pannemaker, Héliodore Pisan e Adolphe Gusman, foram capazes de obter da madeira uma opulência textural de forma quase única na história da xilogravura.

Consulte na Biblioteca Digital:

L'Enfer de Dante Alighieri, [1868?]

Le Purgatoire [et le Paradis] de Dante Alighieri, 1868

(Seção de Iconografia)


Ilustração de Gustave Doré, gravada por Héliodore Pisan, para o Inferno de Dante Alighieri.