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Artes | Rosa Bonheur e a pintura animalista

29 maio 2021

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Marie-Rosalie Bonheur, ou Rosa Bonheur, foi uma artista francesa que se dedicou à pintura de animais ao longo de toda a vida. Excepcionalmente moderna em suas atitudes, superou as limitações impostas às mulheres e à sua prática artística.

Nascida na cidade de Bordeaux em 1822, em uma família de artistas, iniciou sua formação tendo aulas de desenho com o pai, Raymond Bonheur, na capital francesa. A partir de 1841, começou a participar dos Salões de Paris, sendo gradativamente bem aceita pela crítica. Em 1848, recebeu a primeira medalha de ouro pela pintura “Bois e touros”; no Salão de 1853, apresentou a tela “A feira de cavalos”,comprada pelo negociante de arte Ernest Gambart, que a expôs por toda a Inglaterra. Seu trabalho rendeu-lhe sustento financeiro e fama internacional, particularmente na Inglaterra e nos Estados Unidos. Em sua longa carreira, obteve reconhecimento institucional e consagração oficial. Dentre as diversas condecorações recebidas, foi a primeira mulher homenageada com a Grande Cruz da Legião de Honra Francesa, em 1865.

A gênese de suas pinturas baseia-se em diversos procedimentos de estudo adotados pela artista, por meio dos quais procurou aprender anatomia e fisiologia e compreender os movimentos e o comportamento dos animais, para representá-los em posições naturais e também seus habitats.

Rosa observava os animais diariamente, tendo como modelos animais domésticos e selvagens criados em suas propriedades. Frequentou o Louvre, onde copiou as obras dos mestres, entre os quais Paulus Potter. Serviu-se de fotografias feitas por ela mesma, compradas ou publicadas pela imprensa. Obteve permissão formal para vestir calças, libertando-se do uso de saias volumosas, facilitando a realização de estudos em abatedouros e feiras de cavalos, lugares proibidos para mulheres.

Foi também escultora, mas modelava animais em argila ou cera visando principalmente criar recursos para estudar as formas e os efeitos de luz, recursos auxiliares ao desenho e à elaboração das pinturas. Visitava o Jardin des Plantes em Paris e zoológicos para conhecer a fauna exótica; também pôde conhecer novas espécies em viagens. Influenciada pelos princípios dos saint-simoniens e os escritos de Félicité-Robert de Lamennais, dos quais tomou conhecimento pela educação paterna, Rosa tinha a convicção de que cada animal possuía uma alma e esta transparecia no olhar. Aperfeiçoou seus conhecimentos de anatomia para bem representar a aparência, mas também buscou a expressão da essência de cada animal.

Sua pintura extrapola o domínio artístico e adquire valor científico graças à meticulosidade e ao realismo de suas representações, pouco afeitas a fantasias ou idealizações. Sua obra apresenta uma imagem da França rural no século XIX, as raças domésticas tal como eram e mesmo as raças ancestrais que desapareceram desde então.

O retrato de Rosa Bonheur que ilustra a postagem foi publicado na Revista Moderna em 1899. A artista faleceu em 25 de maio daquele ano, no Château de By, próximo à Floresta de Fontainebleau, no local onde hoje existe um museu dedicado à artista.

(Seção de Iconografia)