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Artes | Rossini Perez, artista plástico

18 mar 2021

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Rossini Perez trabalha nessa gravura, Favela II, a interpretação dessas habitações da cidade do Rio de Janeiro através das formas geométricas segundo as quais conseguia absorver e organizar o espaço contemplado em suas andanças pela cidade.

O artista, que veio do Rio Grande do Norte, onde nasceu, para o Rio de Janeiro, na década de 40, ainda menino sonhava ser arquiteto e produzia maquetes com os materiais simples que encontrava em sua casa. Realmente, seu interesse pela Arquitetura parecia acompanhá-lo em seu caminhar de flâneur pelas ruas cariocas, apreciando e lamentando a destruição de representações fortes de nosso patrimônio arquitetônico.

Na sua extensa produção das décadas de 50 e 60, exprime nas suas muitas velas, barcos, cais, morros, casas, favelas e alagados o experimentalismo tenso e gravado em linóleo, madeira, metal e pedra, com que expressa o espaço sentido através da geometria.

Transita da figura ao Abstracionismo. Na efervescência desse movimento artístico na década de 1950 suas gravuras vão caminhando dos elementos geométricos citados para uma explosão de gestos expressos no metal de suas matrizes.

No Brasil, essa é uma época de extensa produção de gravuras estimulada pela atuação de grupos de artistas em ateliês.

Rossini, assim como muitos de seus contemporâneos, compunha seus trabalhos em todas as suas etapas. Estava imerso no processo todo, da concepção, desenho, até a impressão de cada gravura. Cada peça tirada é nascida e única. Cada uma é um elo na engrenagem do processo artístico.

Para além do atelier, Rossini mostrava um interesse profundo em deixar documentada sua arte. Empenhava-se, inclusive, em auxiliar, com organização minuciosa, os técnicos das instituições que recebiam as doações de suas obras, a exemplo do que fez na Fundação Biblioteca Nacional. Assim também, fez questão de que suas gravuras, matrizes, desenhos, cartazes e fotografias doados à essa Fundação fossem digitalizados e disponibilizados em rede.

A gravura que aí vemos, Favela II, de 1957, teve uma tiragem bem pequena, de 6 litografias. A composição geométrica, pontuada por telhados negros, revela o artista imerso nas casas, ruelas, paredes e janelas.

Rossini nos deixou há um ano, com 88 anos de uma trajetória de criatividade e poesia plástica.

(Seção de Iconografia)

Perez, Rossini. Favela II- litografia, 1957.