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Biblioteconomia | David Hume, o bibliotecário das luzes

07 mar 2022

Artigo arquivado em Biblioteconomia

Além de escritor e filósofo, David Hume, um dos mais renomados pensadores do chamado século das luzes, ocupou cargos públicos, foi comerciante, professor e bibliotecário.

Nascido em Edimburgo, Escócia, no ano de 1714, desde cedo interessou-se pela vida intelectual. Aos vinte anos de idade, estando muito doente, mudou-se para a França, onde prosseguiu seus estudos, vivendo apenas com uma pequena mesada. Foi lá, entre 1734 e 1737, onde ele escreveu seu primeiro livro, o “Tratado sobre a natureza humana”. Depois dessa época, estabeleceu-se na Inglaterra, onde trabalhou como secretário do General James St. Clair em missões militares na Britânia, Viena e Turim.

Por volta de 1752, na Escócia, Hume tornou-se bibliotecário da Faculdade de Advogados de Edimburgo, cuja biblioteca é a antecessora da Biblioteca Nacional da Escócia. Era um bom cargo. Não seria muito grande o salário, mas havia muitos livros para ler e muito tempo para escrever. Embora fosse escassamente remunerada, a função colocava à sua disposição as fontes bibliográficas para um projeto monumental: a elaboração da História da Inglaterra. Essa obra de caráter historiográfico foi publicada em seis volumes, nos anos de 1754, 1756, 1759 e 1762.

Foi justamente durante seus anos como bibliotecário que Hume alcançou seu maior sucesso como homem de letras e pesquisador empenhado. Conhecido por sua filosofia, teve o raro mérito de acrescentar, à sua obra propriamente filosófica, seu trabalho de historiador igualmente importante e foi a sua atividade de bibliotecário que acabou lhe proporcionando os recursos para levar adiante seu interesse pela pesquisa histórica.

Foi também durante a época em que exerceu essa função que ele escreveu as suas duas mais famosas obras sobre religião: a História Natural da Religião e os Diálogos sobre Religião Natural. A primeira foi publicada em 1757 como parte das Quatro Dissertações. O projeto original, no entanto, previa cinco: além da História Natural da Religião, o livro também incluiria os ensaios "Sobre as Paixões", "Sobre a Tragédia", "Sobre o Suicídio" e "Sobre a Imortalidade da Alma".

Durante esse período de sua vida, não ficou livre dos ataques de seus inimigos. Em 1754, foi acusado de encomendar “livros indecentes” para a biblioteca, e houve uma movimentação para afastá-lo do cargo. Depois disso, ele mesmo pensou em pedir dispensa, mas como precisava de ter acesso ao acervo para prosseguir as suas pesquisas, adiou o pedido de demissão, mas reverteu os pagamentos de seu salário em benefício de Thomas Blacklock – poeta cego que decidira ajudar. Pediu demissão apenas em 1757.

Apesar de ser o mais cético dos filósofos de sua geração, Hume não chegou a ser um inimigo encarniçado da religião. Inimigo apenas do fanatismo e da superstição, achava que a crença em Deus tinha um efeito salutar na vida das pessoas.

A 25 de agosto de 1776, morreu em Edimburgo, vítima de um incurável câncer de estômago, sem deixar filhos.

Para saber mais sobre David Hume, acesse na sequência:

http://memoria.bn.br/DocReader/025909_04/23349

http://memoria.bn.br/DocReader/025909_04/23368

http://memoria.bn.br/DocReader/025909_04/23369

http://memoria.bn.br/DocReader/025909_04/23370

http://memoria.bn.br/DocReader/025909_04/23367