BNDigital

Biblioteconomia | Lessing, o bibliotecário dramaturgo do duque Brunswick

14 mar 2022

Artigo arquivado em Biblioteconomia

Gotthold Ephraim Lessing nasceu em 1729 e morreu em 1781. Crítico de arte, historiador, dramaturgo e poeta alemão, do mais alto merecimento, deixou memoráveis lições aos que escrevem teatro em sua "Dramaturgia de Hamburgo", obra mais importante no gênero, surgida depois da "Poética" de Aristóteles.

Se esta obra não exerceu uma influência determinante entre os contemporâneos, é certo que exerceu influxo significativo na evolução do teatro alemão nos séculos XIX e XX. Com segurança, pode-se afirmar que suas ideias a respeito do teatro, desencadearam, na Alemanha, o interesse por Shakespeare, e que contribuiu, juntamente com outros dramaturgos, para a criação de um teatro nacional alemão.

Filho de um pastor protestante, Lessing estudou teologia em Leipzig e medicina em Wittenberg, mas desistiu em favor do teatro. Se escapou do destino da maioria dos filhos de pastores, que aguardavam enquadramento na hierarquia da Igreja, não escapou do destino intelectual independente. Como um dos primeiros escritores alemães a tentar viver da própria produção intelectual, teve que mudar muitas vezes de residência, de cidade e de ocupação, ao ritmo das dívidas e das ofertas de emprego. Foi jornalista em Berlim, secretário do governador militar de Breslau, dramaturgista em Hamburgo, e bibliotecário do ducado de Braunschweig, por onze anos, a partir de 1770 até sua morte. Sua gestão lá foi enérgica, embora interrompida por muitas viagens.

Lessing estudou muito lendo manuscritos que encontrou enquanto trabalhava na biblioteca. Como bibliotecário na biblioteca ducal, hoje Biblioteca Herzog August (Herzog-August-Bibliothek, Bibliotheca Augusta), em Wolfenbüttel, sob a comissão do Duque de Brunswick, mergulhou intensamente nos estudos teológicos e históricos até então intermitentes.

O bibliotecário-dramaturgo jamais negligenciou os seus deveres de bibliotecário. Curioso de ler, aprender e saber, desde a mais tenra idade ("Eu gostaria de ser pintado com uma pilha de livros", disse quando tinha seis anos), ele próprio foi o mais zeloso leitor e desfrutador da Biblioteca Ducal. Esta, uma das mais ricas das bibliotecas da Alemanha.

Uma vez que seu posto lhe permitia publicar tranquilamente seus textos, sem que tivesse que se submeter à censura religiosa, Lessing introduziu nessas coletâneas uma série de artigos extremamente críticos à ortodoxia luterana, de autoria de seu amigo já falecido, Reimarus (1694-1768). Tal publicação provocou forte oposição das lideranças da Igreja, e o poeta acabou se envolvendo em polêmicas com o pastor de Hamburgo Johann Melchior Goeze (1717-1786).

Ao ser colocado sob censura pelo duque em 1778, Lessing respondeu com sua famosa peça Nathan, o Sábio (1779), que defende a tolerância religiosa. Ao fanatismo persecutório opõe um ideal segundo o qual o valor de um homem depende mais de suas ações do que de suas convicções religiosas, que podem ser errôneas. E o personagem Nathan encarna esse ideal de maneira exemplar. O mais importante é a eficácia da ação moral, tal como pregada no “Testamento de São João”: “Meus filhos, amai-vos uns aos outros”.

Considerado um dos grandes nomes do Iluminismo, Lessing também ficou bastante conhecido por sua crítica ao antissemitismo.

Por fim, a título de curiosidade, vale dizer que, Lessing, nos seus estudos críticos pormenorizados da literatura contemporânea, ocupou-se algumas vezes do Brasil, concedendo-lhe o maior interesse. Prova-o, entre outras coisas, um tratado seu sobre a origem do nome do rio e da província do Maranhão.

A seguir, explore o artigo "Uma viagem desconhecida pelo Brasil: Lessing, Pedro Cadena e os jesuítas, de Ernesto Feder, membro da Societé d´Histoire Moderne (Paris)

http://memoria.bn.br/DocReader/163538/14259

http://memoria.bn.br/DocReader/163538/14260

http://memoria.bn.br/DocReader/163538/14261

http://memoria.bn.br/DocReader/163538/14262

http://memoria.bn.br/DocReader/163538/14263

http://memoria.bn.br/DocReader/163538/14264

http://memoria.bn.br/DocReader/163538/14265

http://memoria.bn.br/DocReader/163538/14266

http://memoria.bn.br/DocReader/163538/14267

http://memoria.bn.br/DocReader/163538/14268

http://memoria.bn.br/DocReader/163538/14269

http://memoria.bn.br/DocReader/163538/14270

http://memoria.bn.br/DocReader/163538/14271

http://memoria.bn.br/DocReader/163538/14272

http://memoria.bn.br/docreader/163538/14273

http://memoria.bn.br/docreader/163538/14274