BNDigital

Biblioteconomia | Manuel Bastos Tigre, um bibliotecário cheio de humor

31 mar 2022

Artigo arquivado em Biblioteconomia

Desde o dia 12 de abril de 1980 o Decreto Lei nº 84.631 institui no Brasil o Dia do Bibliotecário, a ser comemorado em 12 de março, data escolhida em homenagem ao nascimento de Bastos Tigre, o primeiro bibliotecário por concurso, no país.

Bastos Tigre nasceu no dia 12 de março de 1882, no Recife. Portador de múltiplos talentos, durante os seus 75 anos de vida foi engenheiro civil, eletricista, autor teatral, poeta, jornalista, publicitário, humorista e bibliotecário. Entregou-se durante anos a fio ao jornalismo, tendo entrado para o "Correio da Manhã", na sua fundação, colaborando também com a "Gazeta de Notícias", "O Globo", "A Notícia", "A Época", "Lanterna", "A Rua", "A Gazeta", "O Malho", "O Filhote da Gazeta" e "O Jornal". Sempre foi um dos mais apreciados cronistas e articulistas brasileiros. Sua seção humorística "Pingos & Respingos", no "Correio da Manhã", sob o pseudônimo de Cyrano & Cia, foi mantida, ininterruptamente, por longos anos.

Bibliotecário por vocação, Tigre também exerceu a profissão por 40 anos, trabalhando na Biblioteca Nacional, Museu Nacional, na Biblioteca da Associação Brasileira de Imprensa e Biblioteca Central da Universidade do Brasil. Amante dos livros, dedicou a eles toda a sua existência, não somente escrevendo-os, mas ocupando-se de sua conservação. Cuidar de livros não era apenas um dever profissional, mas seu próprio hobby.

Além disso, também dedicou sua carreira à formação de leitores e à difusão do livro, atitude manifestada em versos de sua autoria como: “É o livro amigo mudo que, calado, nos diz tudo.”; “A leitura de um bom livro afasta o tédio e estimula o pensamento.” (TIGRE, Sylvia Bastos (Org.). Bastos Tigre: notas biográficas. Brasília, 1982, p. 40)

O historiador Pedro Calmon, que em 1948 ascendeu à Reitoria da Universidade do Brasil, disse uma vez que Bastos Tigre: “Era considerado fanático pelo livro, de confiança, perícia e dedicação.” (TIGRE, 1982, p. 37).

Por fim, cabe-nos lembrar que nosso autor foi um apóstolo do bom humor, um provocador de risos. O bom humor era matéria prima para o seu trabalho. Gostava de deflagrar a guerra do bom humor contra o temor de uns, o pessimismo de outros e a tristeza de todos. Nunca, no entanto, fez rir sem fazer da comicidade um instrumento de difusão de uma ideia generosa ou de um combate de uma causa que julgava justa.

O escritor deixou uma bagagem de 17 livros, além de inúmeras peças de teatro e versos esparsos. Apesar de ter sido um dos mais brilhantes escritores e dramaturgos brasileiros, Bastos Tigre não foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras, para a qual foi, certa feita, apresentado como candidato.

Decano dos bibliotecários do Brasil, figura conhecida da boêmia carioca do início do século, das célebres reuniões das confeitarias Glacier, Pascoal e Colombo, Tigre faleceu às primeiras horas do dia 1 de agosto de 1957, vítima de um mal cardíaco. O desenlace ocorreu em sua residência, à rua Senador Vergueiro, 192, apartamento 12.

Para saber mais, acesse:

http://bndigital.bn.gov.br/dossies/periodicos-literatura/personagens-periodicos-literatura/bastos-tigre/


Teatro Ilustrado (RJ), A história de Bastos Tigre

http://memoria.bn.br/DocReader/152463/732

http://memoria.bn.br/DocReader/152463/733

http://memoria.bn.br/DocReader/152463/734

http://memoria.bn.br/DocReader/152463/735

http://memoria.bn.br/DocReader/152463/736

http://memoria.bn.br/DocReader/152463/737

http://memoria.bn.br/DocReader/152463/738


Boletim da Associação Brasileira de Imprensa