Biblioteconomia | Zila Mamede, intelectual e bibliotecária
por Daniel Fernandes
12 mar 2022
Artigo arquivado em Biblioteconomia
De Nova Palmeira, Paraíba, Zila da Costa Mamede, poetisa, especialista em biblioteconomia e pesquisadora, nasceu no dia 15 de setembro de 1928. Sete anos depois passou a residir em Natal, onde "Branca praia da minha adolescência/absorta em breves flores de canção/calaram-se meus ecos luminosos/de crença numa Estrela da Manhã." (Soneto das Variações)
Dona de uma vida intelectual pujante, Zila chegou a integrar duas antologias de caráter nacional: "Palavra de Mulher", organizada por Maria de Lourdes Hortas, e "Rio de Janeiro em Prosa e Verso", organizada por Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade.
Além de escritora, Zila Mamede foi reconhecida bibliotecária. Entre 1955 e 1956, cursou biblioteconomia no Rio de Janeiro e fez ainda um curso de especialização nos Estados Unidos. Depois disso, voltou para Natal e conseguiu reestruturar as duas principais bibliotecas da cidade: a biblioteca central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que hoje leva o seu nome, e a biblioteca pública estadual Câmara Cascudo.
No curso de sua trajetória, tornou-se membro do Conselho Federal de Biblioteconomia e chegou a trabalhar no Instituto Nacional do Livro, em Brasília, e seu nome tornou-se referência na área.
Considerada a mais destacada intelectual de Natal de seu tempo, depois de Mestre Luís da Câmara Cascudo, Zila também trabalhou alguns anos no projeto de bibliografia crítica do poeta João Cabral de Melo Neto, que a considerava uma das melhores conhecedoras de seu trabalho.
O próprio poeta confessou que Zila foi a mulher responsável pela organização de seus arquivos: “Fui salvo por uma bibliotecária do Rio Grande do Norte, chamada Zila Mamede, que organizou uma bibliografia crítica, analítica e anotada de minha obra. [...] Ela registrou tudo, inclusive os folhetos”. (Cf. http://memoria.bn.br/docreader/154083_04/33866)
Zila também foi responsável pela bibliografia anotada de Luís Câmara Cascudo, em cinquenta anos de vida intelectual, obra que ocupa três volumes, num total de 1. 043 páginas (Zila Mamede. Luís da Câmara Cascudo. 50 anos de vida intelectual. 1918-1968. Natal: Fundação José Augusto, 1970).
Foi essa obra, de largos horizontes, que Zila pesquisou ao longo de quatro anos e meio, sem tropeçar em inúmeras dificuldades, para nos dar uma bibliografia anotada que abrange, exatamente, meio século de atividade literária do escritor. Trabalho da maior dificuldade, feito com rigoroso critério bibliográfico. Tarefa de artesanato silencioso e humilde, realizado com a seriedade e a determinação que dedicava a todas as suas tarefas culturais.
A bibliotecária faleceu em 1985, enquanto nadava na Praia do Meio, costa litorânea, próxima ao Forte dos Reis Magos, em Natal, Rio Grande do Norte. Sua morte surpreendeu pelas circunstâncias trágicas.
Explore os documentos:
http://memoria.bn.br/docreader/031151_04/10089
http://memoria.bn.br/docreader/644781/12140
Dona de uma vida intelectual pujante, Zila chegou a integrar duas antologias de caráter nacional: "Palavra de Mulher", organizada por Maria de Lourdes Hortas, e "Rio de Janeiro em Prosa e Verso", organizada por Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade.
Além de escritora, Zila Mamede foi reconhecida bibliotecária. Entre 1955 e 1956, cursou biblioteconomia no Rio de Janeiro e fez ainda um curso de especialização nos Estados Unidos. Depois disso, voltou para Natal e conseguiu reestruturar as duas principais bibliotecas da cidade: a biblioteca central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que hoje leva o seu nome, e a biblioteca pública estadual Câmara Cascudo.
No curso de sua trajetória, tornou-se membro do Conselho Federal de Biblioteconomia e chegou a trabalhar no Instituto Nacional do Livro, em Brasília, e seu nome tornou-se referência na área.
Considerada a mais destacada intelectual de Natal de seu tempo, depois de Mestre Luís da Câmara Cascudo, Zila também trabalhou alguns anos no projeto de bibliografia crítica do poeta João Cabral de Melo Neto, que a considerava uma das melhores conhecedoras de seu trabalho.
O próprio poeta confessou que Zila foi a mulher responsável pela organização de seus arquivos: “Fui salvo por uma bibliotecária do Rio Grande do Norte, chamada Zila Mamede, que organizou uma bibliografia crítica, analítica e anotada de minha obra. [...] Ela registrou tudo, inclusive os folhetos”. (Cf. http://memoria.bn.br/docreader/154083_04/33866)
Zila também foi responsável pela bibliografia anotada de Luís Câmara Cascudo, em cinquenta anos de vida intelectual, obra que ocupa três volumes, num total de 1. 043 páginas (Zila Mamede. Luís da Câmara Cascudo. 50 anos de vida intelectual. 1918-1968. Natal: Fundação José Augusto, 1970).
Foi essa obra, de largos horizontes, que Zila pesquisou ao longo de quatro anos e meio, sem tropeçar em inúmeras dificuldades, para nos dar uma bibliografia anotada que abrange, exatamente, meio século de atividade literária do escritor. Trabalho da maior dificuldade, feito com rigoroso critério bibliográfico. Tarefa de artesanato silencioso e humilde, realizado com a seriedade e a determinação que dedicava a todas as suas tarefas culturais.
A bibliotecária faleceu em 1985, enquanto nadava na Praia do Meio, costa litorânea, próxima ao Forte dos Reis Magos, em Natal, Rio Grande do Norte. Sua morte surpreendeu pelas circunstâncias trágicas.
Explore os documentos:
http://memoria.bn.br/docreader/031151_04/10089
http://memoria.bn.br/docreader/644781/12140