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200 Anos da Independência | O monumento comemorativo do centenário da Independência

16 nov 2020

Artigo arquivado em 200 anos da Independência
e marcado com as tags 1922, Biblioteca Nacional, Centenário, Independência, Monumento

Para comemorar o centenário da Independência do Brasil, o governo paulista organizou um concurso para apresentação de projetos de um monumento escultórico que se pretendia erigir na colina do Ipiranga, na cidade de São Paulo.

O edital foi publicado em 7 de setembro de 1917. Permitia a participação de artistas brasileiros e estrangeiros; recomendava como fonte de informações seguras sobre a matéria a “História do Brasil” de José Francisco da Rocha Pombo; indicava o local em que o monumento seria construído e a forma de apresentação dos projetos, entre outros pontos. (O edital publicado na revista Fon-Fon em janeiro de 1918 pode ser visto em: http://memoria.bn.br/DocReader/259063/29713, http://memoria.bn.br/DocReader/259063/29714)

Artistas brasileiros manifestaram-se contra os termos do edital, em protesto assinado pelo arquiteto Raphael Paixão, presidente da Sociedade Brasileira de Belas Artes (“Contra o monumental monumento!”). Críticas quanto à participação de artistas estrangeiros, à exiguidade dos prêmios, à possibilidade de o projeto vencedor ser executado por outro artista que não o autor, ao desconhecimento dos nomes, capacidade técnica e idoneidade dos julgadores. Apesar do protesto, as condições estipuladas no edital foram mantidas.

Em 1920 a exposição das maquetes foi inaugurada no Palácio das Indústrias (São Paulo) e amplamente divulgada pela imprensa. O projeto vencedor foi o de Ettore Ximenes (1855-1926), escultor italiano que já gozava de prestígio internacional, premiado em concursos e exposições no exterior. Entre os membros do júri estavam Firmiano Pinto, prefeito de São Paulo, Francisco de Paula Ramos de Azevedo, arquiteto, e Affonso d’Escragnolle Taunay, diretor do Museu Paulista. A escolha foi polêmica, recebendo críticas de nomes como Monteiro Lobato e Mário de Andrade.

O projeto apresentado por Ximenes sofreu alterações, sendo incluídos episódios e personagens representativos do processo de emancipação política. Alguns temas representados no monumento são a proclamação da Independência por D. Pedro I, os inconfidentes mineiros de 1789, os revolucionários pernambucanos de 1817 e as figuras de José Bonifácio de Andrada e Silva, Diogo Antônio Feijó, Hipólito José da Costa e Joaquim Gonçalves Ledo.

O monumento ainda inacabado foi palco das celebrações do centenário no dia 7 de setembro de 1922. Foi concluído no ano seguinte, em 1923, segundo a pesquisadora Michelli Cristine Scapol Monteiro, autora da tese de doutorado “São Paulo na disputa pelo passado: o Monumento à Independência, de Ettore Ximenes” (São Paulo, 2017, p. 419).

Na Biblioteca Digital, pode-se consultar as fotos da construção do monumento comemorativo do centenário da Independência, do estúdio de Hugo D. Zanella, doadas à Biblioteca Nacional por Epitácio Pessoa, Presidente da República, doação registrada em 10 de outubro de 1922: http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_iconografia/icon657719/icon657719.jpg, http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_iconografia/icon325359/icon325359.jpg.

(Seção de Iconografia)


Fundação do monumento commemorativo do centenário da Independência, São Paulo: local do Grito do Ypiranga. Photo-studio Hugo D. Zanella.