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Cinema | A invenção do Cinema pelos Irmãos Lumière

03 jan 2022

Artigo arquivado em Cinema
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'Bora pegar um cineminha sexta à noite?' Esta é uma pergunta comum entre jovens e adultos hoje em dia. Atualmente, é difícil encontrar nos grupos que têm algum acesso à informação e vivem nos centros urbanos, quem desconheça o termo “cinema”, ou que nunca tenha ido a um cinema. Sofrendo os impactos provocados pela pandemia de Covid-19, esse entretenimento ficou em suspenso e os cinéfilos em uma espécie de orfandade. A atividade gera centenas de milhares de empregos diretos e indiretos e, aos poucos, é retomada - com os devidos cuidados, assim o desejamos.

Mas você sabe como começou essa história? Vamos visitar um pouco das criações de dois irmãos franceses: Auguste Marie Louis Nicholas Lumière (1862-1954) e Louis Jean Lumière (1864-1948) [O Cruzeiro]. Os irmãos Lumière, como são mais frequentemente conhecidos, são os responsáveis pela invenção de um equipamento - o cinematógrafo - que projetava, por meio de luz e sombras, imagens fotográficas ampliadas em forma sequencial, dando a noção de movimento e profundidade. Filhos do fotógrafo Antoine Lumière, aprimoraram o ofício de seu pai, inventando a máquina projetora de imagens - o que os torna referência na invenção da Sétima Arte, junto com outro francês: Georges Méliès (1861-1938) [A Scena Muda].

De acordo com um artigo da Careta o cinematógrafo – equipamento que deu origem ao cinema como hoje conhecemos -, começou a partir de um ‘brinquedo’, o Kinetoscópio, e passou a ser a quinta indústria mundial, em apenas vinte anos, superando a própria imprensa nesse quesito. No início, poucos eram interessados em assistir cenas sobre objetos, animais e pessoas que não estavam, de fato, no local. Entretanto, com aprimoramento das técnicas de produção e de exibição dos filmes, as criações cinematográficas caíram no gosto popular.

Alguns pesquisadores argumentam que o cinematógrafo teria sido idealizado, inicialmente, por Léon Bouly em 1892, mas que esse teria perdido a patente do equipamento que foi, por conseguinte, aprimorado e utilizado pelos irmãos Lumière, aos quais atualmente é consenso o crédito da invenção, cuja data de lançamento, da primeira exibição oficial, é 28 de dezembro 1895. Devido ao grande sucesso, já no ano seguinte os irmãos abriram sua segunda sala de exibição, em Lyon [Careta].

Sua criação se dá no contexto histórico da Segunda Revolução Industrial, ocorrida entre os anos de 1850 e 1950, onde foram inventados outros equipamentos, como lâmpada incandescente, rádio, telefone, televisão, além dos avanços químicos e médicos. O cinematógrafo aparece, assim, como uma das maiores invenções do século XIX [Fon Fon], modificando a relação entre criação, produção, e consumo de artes de interpretação. Nos anos 1960, a relação entre público e apresentação cinematográfica passou a ser objeto de regulamentação, no Brasil: a lotação das casas de cinema passou a ser limitada [Cine Repórter], bem como as propagandas foram abolidas, durante as exibições de filmes [Cine Repórter].

Já em 1896 o fenômeno começaria a se espalhar pelo mundo. Portugal aparece como segundo local a apresentar um filme em salas de cinema [Cine Repórter], sendo seguido por Brasil, Espanha, Itália, Rússia, e outros [A Scena Muda]. Atualmente, as produções norteamericanas, e sua indústria cinema em Hollywood, são referência para a Sétima Arte. Entretanto, há produções de grande qualidade entre os países latinoamericanos, dentre eles Argentina e Brasil, europeias, com o cinema francês, o italiano e o espanhol, assim como o asiático, com destaque para as megaproduções indianas de Bollywood.

O Brasil da transição dos séculos XIX e XX, especialmente devido ao fascínio sobre as novidades vindas do mundo europeu - e sobretudo as vindas da França, a tal ponto que várias das revistas do período traziam artigos em francês, como essa Fon Fon -, teve o primeiro espaço para exibição de filmes criado no Rio de Janeiro, em 1897, na Rua do Ouvidor, centro econômico da cidade. Denominado Salão de Novidades Paris, ou Salão Paris, exibia filmes a um seleto público, através de Kinetoscópios, Kinetophones, e outros equipamentos, de acordo com folheto de divulgação.

Nas primeiras décadas do século XX, seriam criadas revistas que tratavam do assunto, como Cine-Theatro, Cinelândia, Cine Semana, Scena Muda, dentre outras. A adesão ao cinema foi tanta que, no coração do Rio de Janeiro - antiga capital brasileira-, até os dias atuais a principal praça, nas imediações do Theatro Municipal, Biblioteca Nacional e Museu Nacional de Belas Artes, é conhecida como Cinelândia devido aos inúmeros cinemas que a circundavam. No ano de 1955, pelas comemorações dos 60 anos da criação do cinema, foi concebido um selo comemorativo com a imagem dos irmãos Lumière [O Cruzeiro]. No centenário do cinema, inúmeras foram as comemorações, ao redor do mundo, saudando os irmãos Lumière e sua criação [Jornal do Brasil].

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Iconografia:

Cine Theatro República - SP

Cinema América – Tijuca/RJ


Periódicos:

O Cruzeiro

http://memoria.bn.br/DocReader/003581/68700

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O Cruzeiro

A Scena Muda


Cine repórter

http://memoria.bn.br/DocReader/085995/131

http://memoria.bn.br/DocReader/085995/702

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Manchete

http://memoria.bn.br/DocReader/004120/134117

http://memoria.bn.br/DocReader/004120/153654


Revista da semana

Diário de Pernambuco
http://memoria.bn.br/DocReader/029033_16/10037


Jornal do Brasil

http://memoria.bn.br/DocReader/030015_09/135864

http://memoria.bn.br/DocReader/030015_11/158428

http://memoria.bn.br/DocReader/030015_11/165887


Os irmãos Lumière (A Scena Muda).