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Cinema | O Mágico de Oz – “Over the Rainbow”.

14 out 2021

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Em setembro de 1939, estreava no Brasil uma das maiores atrações do cinema, “O Mágico de Oz” (The Wizard of Oz), filme que reunia fantasia e musical. A execução do filme foi um trabalho exaustivo não só para a equipe técnica, como para atores e figurantes. O início de tal empreitada foi dado antes, em 1937, com o lançamento de outro sucesso cinematográfico, “Branca de Neve e os Sete Anões” (Snow White and the Seven Dwarfs), de Walt Disney. A história da jovem princesa que fugia da madrasta má e foi protegida por sete anões mostrou ao público, e aos estúdios, que contos de fadas poderiam se tornar grandes sucessos e, consequentemente, um ótimo investimento.

Assim, ainda em 1938, a  Metro-Goldwyn-Mayer comprou os direitos da obra de L. Frank Baum, com ilustração de W. W. Denslow. Uma coletânea de 14 livros, o primeiro intitulado “O Maravilhoso Mágico de Oz” (The Wonderful Wizard of Oz), que procurava trazer à literatura infantil histórias divertidas, sem a intenção moralizante presente nos contos de fadas até o final do século XIX. Baum compartilhava dessa visão e concebeu a narração de sua obra seguindo essa diretriz. O sucesso foi tão grande que o autor foi impulsionado a continuar a narrativa sobre a fantástica Terra de Oz, e foi seguido por outros autores que se dedicaram a expandir as histórias e inseriam suas criações ao mundo criado por Baum. Décadas mais tarde, a concepção apenas infantil da obra de L. Frank Baum foi questionada, e o autor criticado por utilizá-la para difundir seu ideário político e seu questionamento em relação à sociedade da época.

Tendo a experiência positiva de “Branca de Neve” e os direitos sobre o “O Mágico de Oz” o estúdio se dedicou à organização do roteiro, que passou por vários escritores e revisores. Aliás, a rotatividade de roteiristas e diretores foi um dos marcos do filme. Victor Fleming dirigiu parcialmente o filme, quando se desligou para dirigir “...E o vento levou “( Gone with te Wind). A produção ficou a cargo de Mervyn LeRoy e o crédito pelo roteiro escrito com Noel Langley, Florence Ryerson e Edgar Allan Woolf.

A escolha da atriz que interpretaria a pequena Dorothy envolveu nomes como Shirley Temple, Deanna Durbin e Judy Garland. Garland, então com 17 anos, foi selecionada. Em toda a adequação de Garland à personagem, percebe-se o sacrifício imposto à atriz, uma jovem de 17 anos que deveria transparecer um corpo de uma menina entre 10 – 12 anos. Além disso, muitas outras questões que remetem aos bastidores, envolvendo os atores, o diretor, o estúdio, os figurantes foram levantadas.

A escolha dos atores que interpretariam as demais personagens também foi marcada por acidentes e contratempos. Após uma troca de personagens com Ray Bolger, que desejava o papel do “Espantalho”, inspirando-se na interpretação de Fred Stone, em 1902, Buddy Ebsen acabou sendo escalado para o papel do “Homem de Lata”. Contudo, após forte intoxicação provocada pela tinta metálica que era passada em seu corpo e a necessidade de internação, foi substituído por Jack Haley. Margaret Hamilton, a “Bruxa Má”, cuja maquiagem era feita a base de cobre, sofreu queimaduras durante as filmagens devido a um erro na descida do alçapão, que deveria descê-la antes do fogo que foi utilizado para uma das cenas. Ray Bolger e Bert Lahr, o “Espantalho” e o “Leão Covarde” respectivamente, passavam por todo um processo de maquiagem criado por Jack Dawn, que utilizava espuma de látex, e que acabou por deixar marcas no rosto de Bolger.

A produção utilizou de  techinocolor na realização que coloria o filme, possibilitando belas imagens, como a de Dorothy e seus amigos a caminho da Cidade das Esmeraldas pela reluzente estrada dos tijolos amarelos. Foi um trabalho árduo, que exigia não só da equipe técnica, como também dos atores e figurantes, já que era necessária luz muito mais forte que o normal, o que contribuía para o aumento da temperatura nos sets.

A estreia em Hollywood foi seguida de apresentação ao vivo da intérprete de Dorothy e, mais tarde, contou com a presença de seus colegas de elenco, Ray Bolger e Bert Lahr.
"Over the Rainbow" música composta por Harold Arlen e letra de Yip Harburg, foi escrita para o filme. Foi interpretada e eternizada pela atriz Judy Garland em seu papel como  Dorothy Gale, ganhando o  Oscar de melhor canção original e se tornando uma das canções mais conhecidas da história do cinema.

Embora os problemas ocorridos durante as filmagens revelem que a indústria cinematográfica estadunidense já trazia problemas graves e que exigiam, como ainda exigem, soluções severas e urgentes, a importância do filme “O Mágico de Oz” é inquestionável. Não só para a história do cinema americano, mas para a história do cinema mundial. Um marco pela ousadia técnica, pelas interpretações, pela musicalidade, por sua força quanto à concepção da formação de um publico infantil e familiar, que seria mais um marco nas produções dos estúdios de cinema nas décadas seguintes.

Acervo sobre o tema:

Jornal do Brasil (RJ)

http://memoria.bn.br/DocReader/030015_05/95446

http://memoria.bn.br/DocReader/030015_05/97754

http://memoria.bn.br/DocReader/030015_05/97820

http://memoria.bn.br/DocReader/030015_05/97863

http://memoria.bn.br/DocReader/030015_05/97890

http://memoria.bn.br/DocReader/030015_05/97910


Diário de Noticias ( RJ)

http://memoria.bn.br/DocReader/093718_01/40999

http://memoria.bn.br/DocReader/093718_01/41075

http://memoria.bn.br/DocReader/093718_01/41134

http://memoria.bn.br/DocReader/093718_01/41150

http://memoria.bn.br/DocReader/093718_01/41225

http://memoria.bn.br/DocReader/093718_01/41289

http://memoria.bn.br/DocReader/093718_01/41300

http://memoria.bn.br/DocReader/093718_01/41348

http://memoria.bn.br/DocReader/093718_01/41367

http://memoria.bn.br/DocReader/093718_01/41708


Diário Carioca (RJ)

http://memoria.bn.br/DocReader/093092_02/39936

http://memoria.bn.br/DocReader/093092_02/40376

http://memoria.bn.br/DocReader/093092_02/40567

http://memoria.bn.br/DocReader/093092_02/40720

http://memoria.bn.br/DocReader/093092_02/40756

http://memoria.bn.br/DocReader/093092_02/40769

http://memoria.bn.br/DocReader/093092_02/40783

http://memoria.bn.br/DocReader/093092_02/40796

http://memoria.bn.br/DocReader/093092_02/40811

http://memoria.bn.br/DocReader/093092_02/40820

http://memoria.bn.br/DocReader/093092_02/40832


BAUM, L. Frank. O mágico de Oz. São Paulo: Fundação Dorina Nowill para Cegos, 2010. 2v. em braille, 31 cm. BAUM, L. Frank.

BAUM, L. Frank. O mágico de Oz. São Paulo: Hemus Ed., c1984. 200p., il., 22cm. (Fantasia & aventura, 2).


“O Mágico de Oz” (Jornal do Brasil)