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Cultura Pop | Charles Monroe Schulz, criador da série Peanuts

05 mar 2021

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Quem foi criança no Brasil a partir, especialmente, das décadas de 1970 a 1990, certamente se lembrará do monocromático cãozinho beagle, de nome Snoopy, e de seu melancólico dono, o Charlie Brown ou, para os brasileiros, Minduim. Esses dois ícones faziam parte da série de cartuns Peanuts - em português Charlie Brown e sua Turma - juntamente a outras personagens, criados cartunista estadunidense Charles M. Schulz (1922-2000), que publicou a série a partir de outubro de 1950 e a desenhou por cerca de 50 anos, até 1999 quando, depois de um infarto e da descoberta de outras enfermidades, despediu-se dos jornais.

De personalidade retraída, tímido e observador, Schulz alistou-se no exército em 1943, tendo lutado na Segunda Guerra Mundial, na Europa, atuando na liderança da infantaria da 20ª Divisão Blindada dos EUA. Retornando aos Estados Unidos, em 1945, deixou exército e passou a lecionar artes, na Art Instruction Inc.

Contudo, como cartunista, Schulz iniciou a sua carreira em 1947, quando criou a tirinha Lil’ Folks para o jornal St. Paul Pioneer Press, de Minnesota. Em 1948, vendeu as tiras para Saturday Evening Post. Mas o sucesso efetivo viria com Peanuts, em 1950, e as historinhas que mesclavam dramas juvenis à comicidade do simpático beagle, em sua tessitura narrativa. Nessa época, Schulz já integrava o United Features Syndicate, responsável, então, pelos copyrights das trinhas, e que as colocou circulando em nove jornais norteamericanos.

Transformado em desenho animado, em 1965, com o longa O Natal de Charlie Brown - de Lee Mendelson, com produção de Bill Mellendez -, logo as imagens das personagens ganhariam identidade própria, ilustrando camisas, bonés, e demais souvenires, o que passaria a render cifras milionárias, em royalties, a Schulz. Houve mais quatro longas-metragens, além de inúmeras séries e especiais para TV. Em meados da década de 1970, as tirinhas de Schulz apareciam em 1.655 jornais e revistas, em 82 países, traduzidas para cerca de 20 idiomas (Manchete). As historinhas teriam, ainda, inspirado o cartunista argentino Quino (1932-2020), na criação de sua maior personagem: a Mafalda (Diário da Noite).

Alter ego de Schulz, o depressivo personagem Charlie Brown representa os obstáculos e fracassos que seu autor teve de superar, ao longo de sua infância e juventude. Enquanto isso Snoopy, seu cãozinho, é a reencarnação do espírito livre e aventureiro. Sagaz e independente, expressa seus sonhos através dos balões de pensamento, interagindo com um amiguinho emplumado, de nome Woodstock. Lucy, Linus, Schroeder, Patty-Pimentinha, a menina Ruiva, dentre outros, compõem as historinhas que encarnam, no universo infantil, as angústias, dramas e fantasias dos adultos, num mundo pós-guerras (O Cruzeiro). Em 1978, ficou acertado em contrato que não haveria substituto para Schulz, e que os personagens não seriam modificados por outros cartunistas (Manchete).

Tão queridas foram as criações de Schulz que acompanhariam, até mesmo, missões espaciais. Entre as várias naves que continham referências a outras personagens de filmes e Histórias em Quadrinhos, podemos citar Apolo-8 e Apolo-10 que traziam, estampados, os nomes e as imagens de Charlie Brown e Snoopy, em seus módulos (Suplemento Literário; Jornal do Commércio).

Apesar de seu sucesso, mundo afora, ocorrer durante as décadas de 1950 a 1960, as crianças brasileiras só passaram a ter contato com a turma do Charlie Brown no início da década de 1970, quando o desenho animado chegou à TV, com tradução “Minduim e Xereta” (Jornal do Commércio). Tocado pelo fenômeno da criação de Schulz, Benito di Paula, cantor e compositor brasileiro, nascido em Nova Friburgo (RJ), inspirou-se em Charlie Brown para escrever a letra de Meu amigo Charlie Brown (O Pioneiro), música que se tornou grande sucesso no ano de 1975, tendo sido traduzida para o francês e conquistado Paris, em 1977, na voz de Rosemary (Jornal do Commercio). Em 1979, em comemoração aos 30 anos do espetáculo Holiday on Ice no Brasil, Snoopy foi um dos personagens da apresentação, anunciado como “o cãozinho mais famoso do mundo” (Diário da Noite).

Na década de 80, as historinhas seriam lidas por mais de 100 mil leitores, em cerca de dois mil jornais, em 26 idiomas (Manchete). A série Peanuts, que completa 71 anos em outubro de 2021, tornou seu criador milionário através dos dividendos recebidos pelos direitos autorais. Schulz, entretanto, apenas se afastou do trabalho, como cartunista, em decorrência de problemas de saúde, vindo a falecer em 12 de fevereiro de 2000, devido a um infarto (Manchete; O Pioneiro).

Explore outros documentos:

Manchete - Congresso HQ (SP 1969).

Diário da Noite - Lançamento de Livro.

Realidade - O Império de Charlie Brown.

http://memoria.bn.br/DocReader/213659/13327

http://memoria.bn.br/DocReader/213659/6297

O Poti - sobre HQ.

Movimento: cena Brasileira - Crítica à importação de HQ estrangeiras.

Jornal dos Sports - Um desenho animado para adultos

O Pasquim - Os Meus Heróis.

http://memoria.bn.br/DocReader/124745/2658

releitura das personagens

A Luta Democrática - Cinema.

O Cruzeiro - cinema.

Diário da Tarde - edição das HQ no Brasil.

Opinião - Maurício de Souza e Snoopy.

Jornal do Brasil - Snoopy no país dos milhões.

http://memoria.bn.br/DocReader/030015_09/49471

tirinhas:

http://memoria.bn.br/DocReader/030015_09/61483

http://memoria.bn.br/DocReader/030015_09/62102

http://memoria.bn.br/DocReader/030015_09/64728


21 anos sem Charles Schulz, o Pai de Charlie Brown (Manchete)