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Futebol | Mané Garrincha, o gênio das pernas tortas

28 out 2021

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Futebol nunca foi só futebol. Futebol é cultura, forma de expressão, construção de laços, maneira de viver a vida, afirmação de identidade. Mané Garrincha marcou sua época, não só pelo seu talento como jogador, mas pela forma como, nas condições mais adversas, encantou os torcedores com seu jeito alegre e irreverente de jogar.

Seu apelido, Garrincha, nome de um passarinho muito comum na sua região natal, foi dado por sua irmã porque gostava muito de caçar passarinhos. Tentaram trocar seu apelido, mas o menino peladeiro e livre como o passarinho venceu.

Estreou no futebol em 1953 pelo Botafogo e fez história com a camisa do Botafogo e da seleção brasileira, dos quais foi bicampeão. Na copa de 1958 mostrou sua arte para o mundo. Seu drible era impossível de pegar, tanto que os adversários russos botaram os computadores para calcular um esquema para anular o ponta direita que vinha desmontando a defesa de todos os adversários. O plano do computador falhou desastrosamente, 2 a 0 para o Brasil. Os gols vieram das jogadas de Garrincha e sus dribles sensacionais.

Garrincha sofria de grandes limitações físicas, as pernas tortas provocavam dores intensas. Ainda assim era um gênio no campo. Dominava a bola e brincava com os adversários que ficavam tontos, e o povo ria ao intuir o drible. Deu muitas alegrias a seus admiradores, mas sua vida teve episódios duros e dramáticos.

Na crônica de Carlos Drummond de Andrade “O Mané e o sonho”, Garrincha é um pouco como o Brasil, que se reinventa na adversidade, mas que como ele tem dificuldade de “perceber sua condição de agente divino”.

Jornal do Brasil, 22 de janeiro de 1983.