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História da Ciência | Instituto Parreiras Horta

22 mar 2021

Artigo arquivado em História da Ciência
e marcado com as tags Aracaju, Biblioteca Nacional, Epidemiologia, Instituto Parreiras Horta, Medicina, Saúde, Secult, Sergipe

O Instituto Parreiras Horta nasce como resposta à urgência de implementar novas tecnologias no combate às infecções bacteriológicas e outras patologias, tais como a Varíola e a Raiva. Guarda em seu nome, justa homenagem ao Dr. Paulo de Figueiredo Parreiras Horta, médico, cuja contribuição consagrou avanços importantes para a ciência no estado de Sergipe. Nascido no Rio de Janeiro, no dia 24 de janeiro de 1884, filho de José Freire Parreiras Horta e Paula Margarida de Figueiredo Parreiras Horta, e neto do Visconde de Ouro Preto, político e magistrado do então Império brasileiro. Formou-se inicialmente em farmácia, em 1903, pela Faculdade de Farmácia do Rio de Janeiro. Em seguida concluiu o curso de medicina, na Faculdade de Medicina da mesma cidade no ano de 1905.

Fez parte da equipe de professores, estudantes e sanitaristas do Instituto Manguinhos, onde foi discípulo do cientista Oswaldo Cruz.Ao seu lado, testemunhou e contribuiu para o plano de erradicação das doenças endêmicas que atingiam a economia e a imagem do país. Com o apoio veemente do Presidente da República, o Instituto de Manguinhos, inspirado no Instituto Pasteur de Paris, constituía-se como polo de referência em pesquisa científica. Lá, Parreiras Horta pôde se capacitar para os desafios futuros. Concluído o curso de medicina, Parreiras Horta seguia para a Europa, onde durante osde1906 e 1907 estudou Microbiologia no Instituto Pasteur. De volta ao Brasil, foi nomeado Assistente do Instituto Manguinhos. Dedicou-se aos estudos epidemiológicos, desenvolvendo saberes e diretrizes para a produção e distribuição da vacina contra a raiva humana e contra a raiva que acometia outros animais.

Em 1923,Parreiras Horta aceita o convite do Governador de Sergipe Maurício Graccho Cardoso para construir um Instituto de saúde na região. O médico participara de perto do projeto arquitetônico do Instituto, construído aos moldes do Instituto Manguinhos e sua notória arquitetura mourisca, marcada pela composição de tijolos e azulejaria. Parreira horta também esteve à frente da disposição funcional a ser executada no edifício.

O Instituto resultou de um empreendimento previamente solicitado pelo governo do estado de Sergipe, conforme se observa na Lei 836 de 14/11/1922, destinado assim a complementar a nova estrutura de Saúde Pública do Estado, que tinha em seu ímpeto contornar carências de atendimento, tanto do contingente de profissionais de saúde, quanto de equipamentos mais modernos. Vale destacar que o Instituto nasce no período marcado pelas “febres de Aracaju”, mais conhecida como febre Tifoide. Tinha como princípios básicos a constituição de um centro de referência para o combate à Raiva e à Varíola, além de servir como centro científico de investigação dos principais problemas da medicina.

Assim, o Instituto tinha como missão a produção de pesquisas médicas voltadas para o insumo básico, ao combate das epidemias locais, ao emprego da análise clínica, aos estudos em bacteriológica e química. Naquele momento, duas correntes científicas dominavam o meio acadêmico, capazes de disseminar técnicas eficazes ao combate das epidemias. Importante ressaltar como tais correntes refletiram no planejamento funcional do Instituto, dividido da seguinte forma: Sala de espera dos doentes, sala de inoculações, laboratório antirrábico, laboratório vaccinico, laboratório bacteriológico, de análises clínicas, sala de esterilização, sala de preparo do material, almoxarifado, sala para inoculação de vitelas, entre outras instalações. O Instituto abrigou a Faculdade de Farmácia e temporariamente a Faculdade de Medicina de Sergipe.

Em 1925, Parreiras Horta concluiu sua missão, retornando para o Rio de Janeiro, assumindo em seu lugar o Dr. João Firpo Filho.Ao longo de sua carreira, Parreiras Horta acumulou diversos títulos entre os quais: diretor da Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária, cargo correspondente ao atual Reitor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Professor Catedrático de Dermatologia e Sifilografia da Faculdade Fluminense de Medicina; Professor Catedrático e Honorário da Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro; Membro efetivo do Conselho Nacional de Educação; e Chefe da Secção Técnica da Diretoria Geral do Serviço de Veterinária do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Parreiras Horta faleceu no Rio de Janeiro, no dia 29 de julho de 1961.

Em 1956 o Instituto Parreiras Horta torna-se autarquia, integrando à administração indireta do Estado de Sergipe. Em 1981 passa por uma reestruturação e é vinculado à Secretaria de Estado da Saúde como LACEN – Laboratório Central de Saúde Pública. Em 2004, uma nova reestruturação promove a fusão do Centro de Hemoterapia de Sergipe – Hemose e Lacen. Em 2008 também é criada a FSPH – Fundação de Saúde Parreiras Horta, administração pública indireta sob o poder executivo do Estado de Sergipe.

Hoje, o Instituto define como missão a garantia de prestar serviços de qualidade à população nas áreas de hemoterapia, hematologia, diagnósticos e demais serviços laboratoriais.

(Seção de Iconografia)