BNDigital

História da Ciência | Propaganda de medicamentos: Água Rabello, “o remédio da família”

13 maio 2021

Artigo arquivado em História da Ciência
e marcado com as tags Água de Rabello, Biblioteca Nacional, História dos Medicamentos, Secult

No Brasil do início do século XX, o acesso aos produtos das farmácias, boticas e drogarias era quase sempre privilégio daqueles com mais recursos. A maioria da população contava com remédios caseiros recomendados por curandeiros ou pela tradição familiar.

As farmácias, além de preparar as receitas indicadas pelos médicos, também formulavam produtos como águas, elixires, pomadas e produtos de beleza. Algumas conseguiram transformar-se em laboratórios farmacêuticos ou entrepostos de distribuição de medicamentos prontos. O aumento da utilização destes medicamentos mudou o perfil das farmácias e transformou o mercado consumidor. As estratégias de marketing se intensificaram com anúncios em jornais, almanaques, ilustrações e desenhos coloridos nas embalagens. A propaganda de medicamentos ia formando seu público consumidor.

A imagem deste post, uma embalagem ilustrada por uma litogravura, pertence à Seção de Iconografia. A propaganda da Água Rabello é voltada principalmente para o público feminino, é “o Remédio da Família”. Reforça o papel do cuidado como atribuição feminina, seja na família ou na comunidade (a imagem da enfermeira fazendo curativo no paciente).

A Água Rabello era um produto típico da época. Consistia numa mistura de produtos de origem vegetal usada contra uma infinidade de doenças. Na sua composição estava presente uma mistura de influências: o eucalipto, já utilizado na Europa, e a corneiba (aroeira), planta nativa conhecida pelos indígenas. As informações contidas na embalagem dão as indicações de utilização: poderia ser usado, não só no seio da família, mas no estábulo, na fábrica, no navio. Servia para quase tudo: como artigo de toucador, para contusões, queimaduras, problemas de pele, inflamações, dor de dente, reumatismo, hemorragias, picadas de insetos, hemorroidas, calos, frieiras e até bicos de peito doloridos. Como dizia a propaganda, era “Sem igual”.

O produto foi criado por Antônio José Rabelo, que fundou seu laboratório em João Pessoa (PB) em 1889. Seu laboratório recebeu vários prêmios, dentre eles o Diploma da Medalha de bronze durante a Exposição Universal em 1904, em Saint Louis (EUA). A Água Rabello existe ate hoje, mas só para uso externo como enxaguante bucal.

(Seção de Iconografia)


Agua Rabello: Hydrolato de Corneiba e Eucalyptus composto. O remédio da família.[19--] [S.l; s.n] . 1 caixa(aberta, cortada e vincada), litograv., col.,21,1 x 27,2cm.