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Klaxon

24 mar 2015

Artigo arquivado em Hemeroteca
e marcado com as tags Di Cavalcanti, Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Modernismo, Oswald de Andrade, São Paulo

“A lucta começou de verdade em princípios de 1921 pelas columnas do ‘Jornal do Commércio’ e do ‘Correio Paulistano’. Primeiro resultado: ‘Semana de Arte Moderna’ – espécie de Conselho Internacional de Versalhes. Como este, a Semana teve sua razão de ser. Com elle nem desastre, nem triumpho. Como elle: deu fructos verdes. Houve erros proclamados em voz alta. Pregaram-se idéias inadmissiveis. É preciso reflectir. É preciso esclarecer. É preciso construir. D’ahi, KLAXON”.

Assim se apresentava no primeiro número, de 15 de maio de 1922, Klaxon: Mensário de Arte Moderna, principal porta-voz do ideário da Semana de Arte Moderna e do modernismo – o movimento inspirado nas vanguardas europeias de início do século que renovou a literatura e as artes no Brasil, ao romper com a estética tradicional, representada principalmente pelo parnasianismo e pela arte acadêmica em geral, e buscar as raízes da identidade nacional.

Klaxon – seu nome aludia à buzina dos automóveis, um dos ícones do movimento futurista – trazia matérias sobre música, livros e poesia. Em suas edições liam-se poemas e crônicas dos mais representativos escritores modernistas, como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Menotti Del Picchia, Sergio Milliet e Rubens Borba de Moraes, quase todos eles participantes diretamente da edição da revista.

O periódico não tinha diretores nem editores, era produto de um trabalho coletivo e amador dos nomes mais destacados do movimento modernista. Exaltando o progresso e as cidades, assim se autodefiniam já em tom antropofágico, negando a pura e simples influência futurista, mas afirmando a opção pelo novo, pelo vanguardismo: “Klaxon não é futurista. Klaxon é klaxista.” Um de seus maiores atrativos era o design moderno, de tríplice autoria: Victor Brecheret, Di Cavalcanti e Ana Zita.

Embora tivesse vida curta (houve apenas nove números), Klaxon repercutiu no Brasil e no exterior. Com dificuldades financeiras naturais (a revista não tinha financiadores, nem assinaturas), Klaxon desapareceu no ano seguinte a sua fundação. Mas deixou raízes. Em 1924, Sérgio Buarque de Holanda e Prudente de Moraes Neto criaram, no Rio de Janeiro, a revista Estética e, quatro anos depois, em 1928, Oswald de Andrade, Raul Bopp e Antônio de Alcântara Machado lançaram a Revista de Antropofagia, ambas também de breve existência.

Klaxon teve apenas nove volumes, o último dos quais publicado em janeiro de 1923. Seu número avulso era vendido a 1$000 (Mil réis) e assinatura anual custava 12$000.

A Biblioteca Nacional possui os nove volumes, todos acessíveis neste site.