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Literatura | Augusto Meyer – um rara flor de cultura

03 fev 2021

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e marcado com as tags Augusto Meyer, Crítica Literária, Literatura Brasileira, Poesia, Secult

Poeta, crítico literário, escritor, ensaísta, memorialista e o primeiro e mais longevo diretor do Instituto Nacional do Livro, Augusto Meyer foi figura de destaque no meio intelectual brasileiro do século XX. “Uma rara flor de cultura”, para usarmos a definição de Carlos Drummond de Andrade (http://memoria.bn.br/DocReader/030015_09/12244). Nascido em Porto Alegre em 24 de janeiro de 1902, aos dezessete anos publicou seu primeiro conto, “O Pastelão”, na revista A Máscara (foto) http://memoria.bn.br/DocReader/174181/2861. Na década seguinte, foi ativo na imprensa gaúcha, colaborando com diversos periódicos, como Revista do Globo, Madrugada e Correio do Povo e foi um dos responsáveis pela página literária do Diário de Notícias, onde se publicaram as primeiras manifestações do Modernismo no Rio Grande do Sul.

Suas primeiras obras foram livros de poemas, entre eles Coração Verde (1926), Giraluz e Duas Orações (1928) e Poemas de Bilu (1929). Este último fez com que Mário de Andrade incluísse Meyer entre “os maiores líricos do Brasil contemporâneo”, ao lado de Drummond e Bandeira.

Muitos de seus poemas também foram publicados na modernista Revista de Antropofagia, como Resolana (http://memoria.bn.br/DocReader/416410/19), Oração ao Negrinho do Pastoreio (http://memoria.bn.br/docreader/416410/47) e Canto dos Satisfeitos Acompanhado pelo Zé Pereira do Bom Sucesso (http://memoria.bn.br/docreader/416410/82). Em 1935, lançou seu primeiro livro de crítica literária: Machado de Assis. A partir de então, a crítica literária, que sempre esteve presente na obra de Augusto Meyer, passa a ter um papel predominante na sua produção.

Em Porto Alegre, Meyer frequentava o grupo de intelectuais que se reunia na Livraria do Globo, ponto de encontro de escritores e políticos na capital gaúcha. Entre 1930 e 1936, dirigiu a Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul. Em 1937, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde foi convidado para dirigir o recém-fundado Instituto Nacional do Livro. Na direção do INL, cargo que ocupou até 1956 e, posteriormente, de 1961 a 1967, Augusto Meyer foi responsável pelas publicações e pela circulação de livros e pela criação de diversas bibliotecas regionais pelo país. Neste período, Augusto Meyer publicava regularmente artigos, críticas e poesias nos jornais O Correio da Manhã e no Suplemento Literário de O Estado de São Paulo.

Eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1960, Augusto Meyer foi também professor de Literatura e Teoria Literária, professor do curso de Biblioteconomia da Biblioteca Nacional, Presidente da Associação Brasileira de Bibliotecários (1952-1953), Professor do Curso de Estudos Brasileiros na Faculdade de Hamburgo, na Alemanha (1955), membro do Conselho Federal de Cultura (1967-1970), adido cultural da Embaixada do Brasil na Espanha (http://memoria.bn.br/docreader/004120/50533) e um dos fundadores da Sociedade dos Amigos de Machado de Assis, entidade que presidiu. Foi também, como memorialista, um grande pesquisador e divulgador do folclore gaúcho.

Augusto Meyer faleceu aos 70 anos, em julho de 1970, deixando 21 livros publicados. (http://memoria.bn.br/docreader/393541/9943) Na ocasião, Carlos Drummond de Andrade dedicou-lhe uma crônica em sua coluna do Jornal do Brasil: “verifico que escrever sobre Augusto Meir é muito difícil. Ele não cabe numa crônica, este espaço gráfica e intelectualmente limitado.

Caberia num livro?” (http://memoria.bn.br/DocReader/030015_09/12244)

Explore os documentos:

A Festa do Divino (Correio da Manhã, 1946)

Da Infância na Literatura (Correio da Manhã, 1947)

Nota para um verbete (Correio da Manhã, 1949)

Carta a Manuel Bandeira (O Cruzeiro, 1954)

Cartas aos meus bisavós (Suplemento Literário, 1956)

Presença de Brás Cubas (Suplemento Literário, 1957)

Apresentação de um livro (Suplemento Literário, 1958)

Soneto na areia (poesia) (Suplemento Literário, 1961)

O Assombrado (poesia) (Suplemento Literário, 1961)

Augusto Meyer, o mestre – por Josué Montello (Jornal do Brasil, 1970)


Primeiro conto publicado por Augusto Meyer (Revista A Máscara, 1919)