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Literatura | Cora Coralina, escritora e poetisa brasileira

10 abr 2021

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No dia 20 de agosto de 1889 nasceu em Goiás Ana Lins de Guimarães Peixoto Bretas, que aos 14 anos adotou o nome Cora Coralina. O motivo da mudança de nome dá-se ao fato de que na cidade em que morava havia muitas Anas e a escritora, que começou a escrever nessa época, queria assinar seus textos de forma que a distinguisse das demais Anas. Embora tenha começado a escrever aos 14 anos, só publicou seu primeiro livro em 1965, aos 75 anos.

Cora Coralina teve uma infância sofrida. Ela mesma se descrevia como uma menina feia, triste, amarela, de perninhas moles, que caia atoa e que tinha medo de falar, pois tinha certeza de que falaria sempre coisas erradas. Na escola passou por dificuldades de aprendizado, embora fosse muito dedicada. Essa dificuldade apenas foi superada com a dedicação de uma professora muito paciente que foi incansável no árduo trabalho de lhe ensinar a ler, enquanto todos em sua família não acreditavam que fosse possível. À professora Silvina Ermelinda Xavier de Brito, Coralina dedicou a obra “Vintém de cobre”. A escritora relatava ter crescido entre mulheres que a limitavam, não a aceitavam como era e tentavam mudá-la de acordo com padrões que julgavam certos. Essa convivência familiar conflituosa fez com que Coralina fosse em busca de sua liberdade. Naquela época as mulheres conquistavam a liberdade através do casamento. Casou-se com um homem 22 anos mais velho e não tardou a perceber que essa também não era sua libertação. Ainda assim conviveu com o marido por 24 anos, até tornar-se viúva.

Teve 6 filhos, 2 morreram logo após o nascimento. Foi esposa, mãe e depois da morte do marido foi também vendedora de livros e de tecidos, doceira, entre outras atividades. Em 1965 publicou seu primeiro livro de poesia “Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais” pela editora José Olympio e que teve uma boa repercussão local. Mas foi em 1978 quando lançou a segunda edição dessa mesma obra pela Universidade Federal de Goiás que Coralina ganhou notoriedade em nível nacional, chegando a ser elogiada por Carlos Drummond de Andrade no Jornal do Brasil. Em vida ela ainda publicou: “Meu Livro de Cordel” em 1976, “Vintém de Cobre: meias confissões de Aninha” em 1983 e“Estórias da Casa Velha da Ponte” em 1985 além dessas quatro obras, postumamente ainda foram publicados mais seis títulos.

No dia 10 de abril de 1985, aos 95 anos, Cora Coralina não resistiu a uma pneumonia e veio a óbito, na cidade de Goiânia.

(Seção de Iconografia)