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Literatura | Incidente em Antares: 50 anos da publicação do último romance de Érico Veríssimo

11 mar 2021

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Érico Veríssimo nasceu na cidade de Cruz Alta, interior do Rio Grande do Sul, em 17 de dezembro de 1905. Apesar de não ter concluído o curso ginasial, teve contato com a literatura desde cedo e com 13 anos já havia lido Eça de Queirós, Dostoievski, Tolstoi, entre outros. Começou a trabalhar muito cedo para ajudar nas despesas da casa, após a separação de seus pais. Passou por empregos em mercearias e bancos, chegando a abrir sua própria botica, mas sem êxito nessas atividades. Enquanto trabalhava não deixa de lado suas leituras, passando também a escrever e publicar alguns artigos na Revista do Globo. Em 1930 mudou-se para Porto Alegre em busca de emprego como escritor, depois de um mês foi contratado como secretário da Revista do Globo por Mansueto Bernardi, diretor da revista. Em 1932 publicou sua primeira obra, o livro de contos Fantoches. Em 1938 publica sua primeira obra de sucesso, o romance Olhai os lírios do campo e entre 1949 e 1962 publica a trilogia O tempo e o vento.

Veríssimo dedicou sua vida à literatura. Escreveu, deu aulas de literatura brasileira nos Estados Unidos, foi diretor de revistas e outras tantas coisas. Em 1971 aos 66 anos ele publica Incidente em Antares. A obra, que traz críticas ao regime militar através de uma incursão pelo romance fantástico, foi publicada no auge da ditadura militar do Brasil, durante o governo Médici. Mas para que a publicação não fosse censurada Veríssimo contou com a perspicácia do editor José Otávio Bertaso. O editor elaborou um cartaz de divulgação do livro com os seguintes dizeres: “Num país totalitário este livro seria proibido” e entrou em contato com os militares solicitando um parecer sobre tal cartaz. Estes por sua vez viram no cartaz uma ótima propaganda do próprio regime e solicitaram então a obra para avaliar seu conteúdo. O editor entregou uma prova da obra junto de uma carta de Maria Alice Barroso, diretora do Instituto Nacional do Livro, em que propunha a coedição do livro. Não se sabe ao certo o motivo para a isenção da censura, mas se acredita que a influência de Veríssimo e Bertaso tenha colaborado. Após o lançamento a Academia Militar de Agulhas Negras passou a adotar a obra e adquiriu 600 exemplares naquele mesmo ano, fato este que nem mesmo o editor soube explicar. Ainda no ano de lançamento o livro vendeu 30.000 exemplares, ficando em primeiro lugar na lista de livros mais vendidos.

Após Incidente em Antares Veríssimo ainda publicou a biografia de Henrique Bertaso e sua autobiografia intitulada Solo de Clarineta, a qual não conseguiu concluir o segundo volume. Em 28 de novembro de 1975 veio a óbito, vítima de um infarto.

(Seção de Iconografia)