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Literatura | Joaquim Manuel de Macedo, autor do primeiro romance brasileiro de êxito popular

10 jul 2021

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Autor de “A Moreninha”, um dos maiores clássicos da literatura brasileira e considerado o primeiro romance romântico do país, o escritor e romancista Joaquim Manuel de Macedo foi também jornalista, professor, político e membro de diversas instituições culturais, além de médico por formação, participando ativamente da vida intelectual e política do Segundo Reinado.

Nascido em São João de Itaboraí (atual Itaboraí), no estado do Rio de Janeiro, em 24 de junho de 1820, Joaquim Manuel de Macedo se mudou para a Corte em 1838, a fim de estudar Medicina. Formou-se em 1844, mesmo ano em que lançou seu primeiro e mais conhecido romance, “A Moreninha”, que logo alcançou um sucesso tão grande de público, inaugurando a voga do romance nacional, que ajudou na decisão de Macedo abandonar a medicina e se dedicar à literatura. Já no ano seguinte, lançou O Moço Loiro, e em 1848, Os Dois Amores. No total, ao longo dos anos, escreveria mais de 30 obras, entre romances e peças de teatro. Muitos de seus romances saíram como folhetins nos jornais da época, ajudando a tornar o autor ainda mais conhecido e popular. É o caso de Vicentina, Forasteiro e A Carteira do meu Tio, publicados na Marmota Fluminense.

Joaquim Manuel de Macedo fundou, em 1849, com Gonçalves Dias e Araújo Porto Alegre, a revista Guanabara, onde publicou o poema A Nebulosa, considerado por alguns críticos um dos melhores do Romantismo brasileiro. Na imprensa, escreveu ainda para diversos outros jornais e revistas, como Minerva Brasiliense, Ostensor Brasileiro, A Reforma, Semana Ilustrada e Jornal do Commercio. Neste último, publicou suas crônicas sobre o Rio de Janeiro, nas colunas “Um Passeio pela cidade do Rio de Janeiro” e “Memórias da rua do Ouvidor”, em 1861 e 1878, respectivamente. As duas obras foram posteriormente publicadas em livros e consagraram o autor como um dos primeiros memorialistas cariocas.

No magistério, Macedo atuou como professor de História do Brasil e de Corografia no Imperial Colégio Pedro II e escreveu compêndios de História do Brasil e Corografia para estudos dos alunos que foram amplamente utilizados até o início do século XX. Foi membro também do Conselho Diretor da Inspetoria de Instrução Primária e Secundária da Corte. Em 1845, entrou para o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) como membro efetivo, ocupando diversos cargos, com destaque para o de 1º Secretário e Orador, e tornando-se um dos sócios mais ativos de seu tempo. Muito próximo ao Imperador D. Pedro II, chegou a dar aulas para os herdeiros da família imperial.

Escritor também de dramas e comédias para o teatro, Joaquim Manuel de Macedo integrou o Conselho do Conservatório Dramático. Alguns de seus manuscritos como censor teatral deste Conselho fazem parte do acervo da Biblioteca Nacional e podem ser consultados na BN Digital, como por exemplo o parecer censório sobre “Os útimos três dias de um sentenciado” e o do Drama em 4 atos: A Favorita.

Com interesses múltiplos, participando da vida da sociedade da Corte em diversas frentes, foi também político, sendo eleito pelo Partido Liberal para a Assembleia Provincial do Rio de Janeiro, em 1854, e para a Assembleia Geral Legislativa, nos anos de 1864/1866, 1867/1868 e 1878/1881. Foi, ainda, membro da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional e Comendador da Ordem da Rosa e de Cristo. Patrono da cadeira número 20 da Academia Brasileira de Letras, Joaquim Manuel de Macedo faleceu em abril de 1882, pouco antes de completar 62 anos de idade.

Diversas de suas obras podem ser lidas na BN Digital:

A Moreninha

O Moço loiro

O Tempo (manuscrito)

Um passeio pela cidade do Rio de Janeiro (tomo 1)

Um passeio pela cidade do Rio de Janeiro (tomo 2)

Uma pupila rica

Luneta Mágica

Teatro (tomo primeiro)

Teatro (tomo segundo)

Teatro (tomo terceiro)



O Binóculo, ano 2, nº 29 (19 de abril de 1882)