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Literatura | Liev Tolstói, o gênio criador de Guerra e Paz

20 nov 2021

Artigo arquivado em Literatura
e marcado com as tags Anna Karenina, Guerra e Paz, Leon Tolstói, Não Violência, O Reino de Deus é Dentro de Nós, Pacifismo, Tolstói

Tolstói é um dos grandes nomes da literatura russa e mundial, sendo aclamado por autores de talento também reconhecido e prestigiado, como Fiodor Dostoievsky, que o tinha como o maior romancista de sua época. Seus escritos tinham um enfoque mais realista, traçando um perfil da sociedade russa do séc.. XIX, que abarcava aspectos sociais, políticos, culturais, ideológicos, econômicos, e penetrava a fundo nas características psicológicas de suas personagens, muitas vezes frutos da tensão e exigências sociais que sofriam.

Lev Nikolaevitch Tolstói nasceu em 09 de setembro de 1828, em Iasnaia Poliana, propriedade rural de sua família, que detinha grande prestígio. Após a morte da mãe e alguns anos mais tarde do pai, Leon Tolstói (grafia ocidental de seu nome) e seus irmãos foram criados por suas tias. Iniciou, em 1844, os estudos em línguas orientais e, posteriormente, em direito. Contudo, o ambiente acadêmico não o atraia, e retornou à sua terra natal, seguindo depois para Moscou e São Petersburgo. Em 1851, após algum tempo de vida boêmia, ingressou com seu irmão Nikolai no exército russo, partindo para o Cáucaso.
No ano seguinte, publicou “Infância”, novela autobiográfica. Um ano após o lançamento de seu primeiro escrito, rompeu a Guerra da Crimeia (1853 a 1856), embate bélico entre o Império Russo e o Império Otomano e seus aliados. Em 1853, no inicio da guerra, publicou outra novela, também autobiográfica, “Adolescência”. Três anos depois, concluiu a trilogia com “Juventude”. Suas obras despertavam cada vez mais o entusiasmo dos leitores e dos críticos. Sua experiência na Guerra da Crimeia serviu à narrativa em “Crônicas de Sebastopol” (1856), e ajudou a alicerçar seu posicionamento pacifista.
Os anos seguintes foram marcados por outras publicações, como: “Os cossacos ” (1863), que trouxe a vivência pessoal de Tolstói na Guerra do Cáucaso. Entre os anos de 1865 e 1869, dedicou-se ao seu maior romance e uma obra-prima da literatura, “Guerra e Paz” (1869), que acompanha a história de cinco famílias da aristocracia russa entre os de 1805 a 1820, a constituição social, política e psicológica das personagens, que servira de crítica à sociedade aristocrática russa, tendo como marco histórico a expansão napoleônica. A obra consistia em uma análise sociológica da história russa.

Em 1877, foi a vez de outra obra marcante, “Anna Karenina” que narra a um relacionamento adúltero entre uma aristocrata russa, esposa de um funcionário público de alto escalão, com um jovem oficial. O romance trouxe temas como felicidade, fé, inveja, hipocrisia, amor, paixão, a dissemelhança entre a vida rural e urbana.

Nesta fase de sua vida, Tolstói lançou-se em uma reflexão religiosa, aproximando-se de um cristianismo primitivo, evangélico, publicando “Crítica da Teologia Dogmática” (1880), “Que é a Minha Fé” (1880), “O Reino de Deus é Dentro de Nós” (1891) e “A morte de Ivan Ilitch”(1886), outra obra marcante, em que mergulha em suas reflexões sobre as aparências e frivolidades sociais. Em “A Ressurreição” (1899) descortinou sobre a injustiça humana a hipocrisia da Igreja. Como decorrência de seus últimos escritos e de suas críticas, acabou excomungado em 1901.

Sua conversão interferiu não só em sua atividade literária, como também em sua vida pessoal e familiar. Casado desde setembro 1862 com Sophia Andreevna Behrs, e com quem teve treze filhos, sendo que oito chegaram à fase adulta, a família tinha dificuldades para aceitar sua filosofia de vida. Preocupava-se com a educação dos camponeses, criticava o estado czarista e a Igreja. A concepção e sua doutrina de vida, expressadas no pacifismo e na não-violência influenciou pessoas e personalidades de diferentes nacionalidades, como Mahatma Gandhi. Tolstói concebia a vida de um cristão verdadeiro na expressão máxima do mandamento de amar a Deus e ao próximo, o caminho para encontrar a felicidade. Sua crença na não-resistência partia de dos ensinamentos do próprio Cristo.

Em seu desejo máximo de renunciar a tudo que poderia escorar-se em um estilo de vida aristocrático, saiu de sua casa, na companhia de sua filha caçula. Contudo, o esforço da viagem e com a saúde já debilitada, em uma parada na estação de Astapovo, não resistiu e faleceu em novembro de 1910, aos 82 anos.

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O Fluminense (RJ)

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Jornal do Brasil (RJ)