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Literatura | Sir Arthur Conan Doyle

01 ago 2020

Artigo arquivado em Literatura
e marcado com as tags Arthur Conan Doyle, Baker Street, Elementar meu caro Watson, Sherlock Holmes

Médico de formação, nascido na Escócia em 22 de maio de 1859, Conan Doyle foi um dos grandes nomes do chamado romance policial.

O autor ajudou a popularizar o gênero principalmente através do inconfundível Sherlock Holmes e do seu amigo e assistente, o dr. Watson. Nas histórias de Conan Doyle, ficamos sabendo que Watson e Holmes se conheceram casualmente em 1881, e graças às necessidades financeiras de ambos, acabam dividindo um pequeno apartamento na agora famosa Baker Street, ponto turístico até hoje graças aos dois e que hospeda um museu em homenagem ao famoso investigador. Dividido entre o exercício da medicina e a literatura, a estreia de Conan Doyle se deu em 1887, com a publicação de “Um Estudo em Vermelho”. Já neste romance, Sherlock Holmes se notabilizaria pelo seu grande poder de dedução e observação minuciosa, se mostrando um investigador notório. Conforme admitido pelo próprio autor, a inspiração para o personagem foi um de seus professores na faculdade de Medicina, cujos diagnósticos muitas vezes se assemelhavam às técnicas de investigação criminal, como não podia deixar de ser em um tempo em que o desenvolvimento da Medicina ainda era rudimentar em muitos aspectos, se comparado aos dias de hoje.

A produção de Conan Doyle envolvendo seu personagem mais famoso foi composta de 56 pequenos contos, publicados em folhetim inclusive no Brasil (como este, publicado Correio da Manhã ao longo de 1930), além de 4 romances longos. Mas se engana quem pensa que a relação do criador com sua obra foi pacífica: logo depois da publicação do segundo romance envolvendo Sherlock Holmes e o dr. Watson, “O Signo dos Quatro” (1890), o autor confidenciou à mãe a vontade de “matar” Holmes para poder se dedicar à profissão de médico e a escrever outros gêneros literários. E foi o que o autor acabou fazendo em “O Problema Final”, conto de 1893. No entanto, em 1901, depois da grande demanda do público e das generosas ofertas de editores – que tornaram Conan Doyle um dos escritores mais bem pagos do seu tempo – fizeram com que o autor retornasse com o personagem em outro famoso romance, “O Cão dos Baskervilles”. Em um conto de 1903, “A Casa Vazia”, Conan Doyle explicou que a suposta morte de Holmes no conto de dez anos antes havia sido apenas uma artimanha do investigador para despistar seus inimigos. Assim, o escritor pôde escrever ainda mais alguns contos e um último romance, “O Vale do Terror” (1915), tendo o último conto sido publicado em 1927. E como a vida imita a arte muitas vezes, o próprio Conan Doyle foi o responsável por inocentar duas pessoas acusadas injustamente de crimes pela polícia britânica.

Mas se engana quem pensa que a vida de Conan Doyle pode ser resumida à sua obra mais famosa. Através de outro personagem, o Professor Challenger, o autor criou inúmeros contos de ficção científica, além de ter escrito romances históricos e até peças teatrais ambientadas na Idade Média e durante as guerras napoleônicas. Além disso, também escreveu a respeito de sua participação enquanto médico voluntário em um campo de assistência britânico na Guerra dos Boeres, assim como inúmeros relatos de suas visitas aos fronts militares durante a I Guerra (onde o autor perdeu um de seus filhos, Kingsley, de pneumonia decorrente de ferimentos obtidos na batalha do Somme). Foi durante a I Guerra que Conan Doyle aderiu ao espiritualismo que o acompanharia até o fim da vida e que desde cedo havia lhe despertado a curiosidade, em especial movido pela sua crença em fenômenos paranormais, tendo participado de inúmeras sessões mediúnicas e inclusive sido diretor de sociedades voltadas ao estudo de tais fenômenos desde o fim do século XIX. Escreveu inúmeros ensaios, contos, romances espíritas e até uma “História do Espiritualismo”, em dois volumes, publicada em 1926.

Conan Doyle foi casado duas vezes, e teve cinco filhos. Morreu aos 71 anos, no dia 7 de julho de 1930, vítima de um ataque cardíaco, sendo considerado até hoje um dos mais populares escritores britânicos, cujo personagem mais conhecido gerou filmes e séries de TV.


Notícia da morte de Arthur Conan Doyle na capa do jornal Diário de Notícias, 8 de julho de 1930, contendo desenho do autor sobreposto ao da silhueta de seu personagem mais famoso, Sherlock Holmes.