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Música | Adoniran Barbosa, o samba de São Paulo

23 nov 2020

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e marcado com as tags Adoniran Barbosa, Biblioteca Nacional, Música Brasileira

Dizem os cariocas, na galhofa, que São Paulo é o túmulo do samba. Nada mais longe da verdade. E quando os argumentos começam com o samba de Adoniran Barbosa a famosa pecha cai por terra. A reportagem que abre este post é do seu último disco, com a luxuosa ilustração do gênio das capas, Elifas Andreato.

Nascido João Rubinato, soube compor um retrato da São Paulo dos anos de 1930 aos de 1950 com seus personagens e paisagens urbanas que se tornou sua marca. Falava da gente simples de São Paulo, de negros, imigrantes e nordestinos. A mistura dos traços italianos e caipiras aparecia nas suas composições. Fez o samba com sotaque paulistano de linguagem popular, com todos os erros gramaticais. Era o poeta antipoeta. Cantou a transformação urbana de São Paulo e seus efeitos sobre a população como em “Despejo na Favela” e “Saudosa Maloca” sobre a derrubada da casa dos amigos; a construção do Viaduto Santa Efigênia em “Aguenta a mão João”. Foi com “Trem das Onze” que alcançou seu maior sucesso, um hino de São Paulo: “Não posso ficar nem mais um minuto com você/ Sinto muito amor, mas não pode ser /Moro em Jaçanã/ Se eu perder esse trem/ Que sai agora às onze horas/ Só amanhã de manhã..." Este sucesso e muitos outros foram gravados pelos “Demônios da Garoa”, grupo musical cujos componentes passaram por várias gerações, de pai para filho, e se transformou em tradição de São Paulo.