BNDigital

Música | Baden Powell, a grande universidade do violão brasileiro

26 set 2021

Artigo arquivado em Música
e marcado com as tags Baden Powel, Biblioteca Nacional, Secult

Baden Powell é a grande universidade do violão brasileiro, como disse Hermínio Bello de Carvalho, produtor musical e compositor brasileiro. Herdeiro da fina flor da tradição do violão ibérico de Fernando Sor (1778-1839), Francisco Tárrega (1852-1909) e Augustín Barrios (1885-1944), que aprendeu com seus mestres brasileiros Jaime Florence (1909-1982), o Meira, o maestro Moacir Santos (1926-2006) e Dino Sete Cordas (1918-2006). Seus mestres apresentaram a Baden o melhor do violão brasileiro: João Pernambuco, Dilermando Reis, Garoto. Deste terreno fértil surgiu uma linhagem de fundamental importância para o violão brasileiro.

O violão de Baden Powell, criado nos improvisos das rodas de choro e na lida das noites cariocas, encontrou a poesia da bossa nova no seu primeiro sucesso “Samba Triste”, em parceria com Billy Blanco. Por esta época já havia lançado seus primeiros discos solo: “Baden Powell e seu violão” e “Um violão na madrugada”.Depois, o encontro com Vinicius de Morais produziu uma das parcerias mais geniais da música popular brasileira, entre elas os clássicos “Formosa” e “Apelo”. Reza a lenda que os famosos afro-sambas foram compostos depois de meses de reclusão e litros de whisky. O disco “Afro-sambas” ficou um luxo, com arranjos do maestro Guerra-Peixe e as vozes do Quarteto em Cy, mais tarde, um dos afro-sambas, “O canto de Ossanha” foi gravado por Elis Regina e se tornou um ícone da canção popular.

Outra parceria genial foi com Paulo Cézar Pinheiro, com quem fez “Lapinha”. A música foi feita inspirada no famoso capoeirista de Santo Amaro, na Bahia, o Besouro cordão de ouro. Sucessos como “Quaquaraquaqua”, gravado por Elis Regina, “Refém da Solidão” e “Samba do perdão”. Juntos fizeram um álbum “Os cantores da lapinha”, que é uma obra prima.

Baden nos deixou em 26 de setembro de 2000, mas sua forma de tocar exuberante deixou marcas nos violonistas do mundo todo. Como disse o crítico na matéria da Manchete que ilustra este post sobre o dedilhar de Baden “Parece que são 40 violões”.

(Seção de Iconografia)

Manchete, 1960