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Música | Os mil talentos de Jacob do bandolim

14 fev 2021

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Jacob criou uma forma de tocar o bandolim tão genial e original que se tornou uma tradição.

Personagem ao mesmo tempo inovador e tradicionalista, Jacob do Bandolim (1918-1969) abriu novos caminhos para o choro. Já no seu primeiro disco , em 1947, reuniu uma composição sua, “treme-treme”, à de um chorão clássico, “Glória”, de Bonfiglio de Oliveira. Isto se tornou sua marca nos discos, a de misturar suas composições às outras de chorões antigos e consagrados.

Na matéria do Pasquim, que ilustra este post, escrita uma semana depois de sua morte, Sérgio Cabral traça um perfil do músico que apesar da aparência séria executava “palhetadas malandras” no seu bandolim “que parecia ter quinhentas cordas”. Com Jacob, o bandolim brasileiro ganhou uma nova expressividade, não só no virtuosismo, mas no bandolim poliglota que misturava recursos expressivos que vinham de várias linguagens musicais: do choro, da seresta, do samba, do maxixe, da música portuguesa, da expressão vocal dos artistas da rádio.

Nacionalista quase beirando a xenofobia, implicava com os “acordes jazzificados” da Bossa Nova. Tinha uma enorme preocupação com a preservação de nossas raízes musicais. Exímio pesquisador resgatou antigos compositores e gêneros musicais. Registrou a sua atividade musical e organizou um acervo em música popular expressivo que depois de sua morte foi para o Museu da Imagem e do Som no Rio de Janeiro.

Criou o conjunto “Época de Ouro”, de grande importância no movimento de resistência do choro na década de 1960 e existe até hoje. As pérolas do repertório de Jacob do Bandolim como “Noites Cariocas”, “Receita de Samba”, “Assanhado” permanecem vivas nas rodas de choro da cidade inspirando as novas gerações do choro.


O Pasquim, 1969.