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Música | Sinhô, o rei do samba

08 set 2020

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Sinhô (1888-1930) fez parte dos tempos heroicos e amaxixados dos pioneiros do samba carioca da Cidade Nova. Foi o mais famoso deles, razão de ter recebido a alcunha de Rei do Samba. Embora não tivesse formação musical era compositor de mão cheia. A transposição da melodia para a pauta era feita por uma solícita funcionária da Casa Beethoven, que comercializava as partituras, e que veio a tornar-se sua esposa.

Sinhô era um grande marqueteiro. Emplacava um sucesso após o outro e cuidava para que não lhe roubassem os direitos. Carimbava e assinava as partituras negociadas pelos vendedores autorizados a comercializá-las. Ao mesmo tempo não tinha pudor de se apropriar da criação alheia. Dizia que samba é igual a passarinho, é de quem pegar primeiro. Heitor dos Prazeres se aborreceu com Sinhô algumas vezes por ter seus sambas plagiados. Acabou sendo ressarcido e respondeu compondo “Rei dos meus sambas”, para desmascará-lo publicamente. Naquela época, disputa se resolvia com samba, para deleite do público.

Foi um compositor de fundamental importância na construção do samba como gênero musical popular urbano. O que produzia era diferente das modinhas de tempero sertanejo e folclórico que marcaram a época. As suas marchas e sambas contribuíram para que o gênero se tornasse hegemônico no carnaval. A festa começou a fixar um cancioneiro próprio e as gravadoras passaram a explorar comercialmente as chamadas “músicas de carnaval”. A matéria que ilustra este post ressalta a sua importância como “Rei do Samba” nos folguedos de Momo. Atribui assim um status de majestade a Sinhô e ao samba, que crescia em popularidade.

O compositor de clássicos do cancioneiro popular como “Jura”, “Gosto que me enrosco”, “Pé de anjo” está no DNA do samba carioca e merece todas as homenagens.

“A canção carnavalesca – Sinhô, o rei do samba carioca. Correio da Manhã, 7 de fevereiro de 1921.

“O Malho Carnavalesco”. O Malho, março de 1924.

(Seção de Iconografia)