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Música | Wilson Batista, o cronista musical da vida carioca

07 jul 2021

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Neste dia, 7 de julho, em 1968, morria Wilson Batista (1913-1968). Nesta época o samba estava em baixa e a Bossa Nova, sua herdeira, estava nas paradas do sucesso. Partiu antes de ver a revitalização do samba.

Sua obra não foi proporcional ao prestígio que teve. Com cerca de 600 composições, foi um dos grandes cronistas musicais do seu tempo. Começou cedo, com 16 anos teve seu primeiro samba gravado por Luiz Barbosa, “Estrada da vida”, mas osucesso veio com “Seu Oscar” em parceria com Ataulfo Alves em 1939. Sua época de maior sucesso foi nas décadas de 1940 e 1950.

Wilson Batista era um mestre em compor personagens que traçavam um panorama da vida carioca dos anos de 1930 aos de 1960. Os tipos populares, o carnaval, o futebol, a vida política: “Seu Oscar”, que foi abandonado pela mulher que deixou apenas um bilhete dizendo “não posso mais, eu quero é viver na orgia”; “Chico Brito”, o valentão “que tem no baralho seu melhor esporte, e que dizem fuma a erva do norte”; “O pedreiro Valdemar”, que “faz tanta casa, mas não tem casa pra morar”; Maria da Penha, a porta-bandeira do samba “Mãe solteira”, que “ateou fogo às vestes por causa do namorado, a pobre infeliz teve vergonha de ser mãe solteira”.

A imagem de Wilson Batista ficou marcada pela polêmica musical com Noel Rosa, na qual ficou identificado como representante da malandragem, trazendo para ele todo o preconceito da época contra os sambistas. Durante um bom tempo a pecha de vilão no entrevero com Noel foi mais lembrada do que sua obra, infelizmente.

(Seção de Iconografia)

Manchete, 1954. Coluna “Gente da cidade” de Rubem Braga