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O Natalense

17 nov 2015

Artigo arquivado em Hemeroteca
e marcado com as tags Censura e repressão, Crítica política, Imprensa oficial, Liberalismo, Literatura, Período Regencial, Rio Grande do Norte

Órgão pioneiro da imprensa potiguar, O Natalense veio a lume em Natal (RN), em setembro de 1832, por obra do padre, político e educador Francisco de Britto Guerra. Como não houvesse prelo na província do Rio Grande do Norte naquele momento, o jornal foi impresso, em seus primeiros momentos, no Maranhão, no Ceará e em Pernambuco, mas já a fins de 1832 essa situação mudou: sua publicação passou então a ser feita regularmente pela Typographia Natalense, gerida por uma sociedade. Assim, contendo 4 páginas nas dimensões 30 x 21 cm, o periódico se manteve até seu fim, em 1837.

Apesar do subtítulo indicando a exploração de temas variados – política, moral, literatura e assuntos comerciais –, O Natalense foi uma folha essencialmente política, partidária em sentido governista, quase que exclusivamente voltada aos desdobramentos da gestão pública local. Isso não quer dizer, no entanto, que o jornal não tenha manifestado opiniões liberais, a favor da Regência e contra o absolutismo do recém-abdicado Dom Pedro I, e que não tenha lançado, segundo Manoel Rodrigues de Melo em seu “Dicionário da imprensa no Rio Grande do Norte”, as primeiras iniciativas literárias daquela província. Assim, dotado de caráter oficialesco, o jornal publicava editais, circulares e expedientes da secretaria do governo local – tendo coberto, pelo seu tempo de circulação, tanto a gestão de Manuel Lobo de Miranda Henriques quanto de Brasílio Quaresma Torreão –, cópias de atas de sessões do Conselho Presidencial, notas do poder público quanto a eventos culturais e efemérides locais, cartas de leitores, relatórios da sociedade que mantinha a Typographia Natalense, etc.

O Natalense deixou de ser publicado no segundo semestre de 1837, por questões políticas que fecharam sua tipografia: uma imposição de Manuel Ribeiro da Silva Lisboa, denominado “Parrudo”, que após assumir a presidência da província em 26 de agosto daquele ano, tratou de silenciar o impresso por receio da análise de seus atos.

Fontes:

- Acervo: edições nº 12, de 10 de novembro de 1832; nº 22, de 15 de dezembro de 1832; nº 57, de 28 de setembro de 1833; nº 65, de 9 de novembro de 1833, e nº 20 do tomo 2º, de 24 de maio de 1834.

- FERNANDES, Luiz. A imprensa periódico no Rio Grande do Norte: de 1832 a 1908. Natal: Fundação José Augusto/Sebo Vermelho, 1998.

- SILVA, Maiara Juliana Gonçalves. Literatura e província: o universo literário da cidade do Natal (1861-1889). Quipius – Revista científica das Escolas de Comunicação e Artes e Educação da Universidade Potiguar. Ano 3, nº 1, dez. 2013/mai. 2014. Disponível em: https://repositorio.unp.br/index.php/quipus/article/download/669/485. Acesso em: 11 ago. 2015.

- SODRÉ, Nelson Werneck. História da imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.