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O Sapo – Semanario litterario e humoristico

03 nov 2015

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O Sapo foi um periódico cultural lançado em Curitiba (PR) em 6 de março de 1898. Com redação situada no antigo nº 43 da rua XV de Novembro, foi criado e mantido por Leocadio Cysneiros Correia (seu redator principal), Leite Júnior, Gabriel Ribeiro e Tales Saldanha. Veiculado em formato próximo a 30 x 21 cm, teve entre quatro e oito páginas por edição, sendo impresso em preto ou verde sobre papel fosco, inicialmente através da Typographia da Livraria Econômica. Sempre em moldes de revista, circulou até 1902, até ser retomado por Vasco José Taborda na segunda metade da década de 1970.

O editorial de lançamento de O Sapo foi escrito por ninguém menos que Emiliano Perneta, que, a rigor, não participava da redação:

A mocidade litteraria paranaense, á semelhança de toda a mocidade brasileira de letras, tem firmado em todos os tempos um alto e magnífico protesto contra a indifferença absurda, que a rodeia e suga. O Brasil é um paiz de surdos-mudos e cegos para tudo que é fino, subtil e intellectual, e só entende e applaude o hystrião político que o diverte com o acrobatismo de saltos mortaes, e farças mirabolantes (...).


Segundo um texto sobre O Sapo no website do projeto "Revistas Curitibanas: 1900-1920", citando verbete relativo à revista produzido por Cassiana Lacerda Carollo para o Dicionário Histórico-Biográfico do Estado do Paraná, de 1991, o termo “sapo”

(...) reporta-se ao apelido como era conhecido o habitante de Curitiba, e que foi inclusive assunto para algumas obras: em "Crônicas Locais", por exemplo, Nestor Vítor se refere à Curitiba como um "anfiteatro de sapos". Em O Sapo, alguns textos de caráter simbolista tratando do tema são publicados por Aristides França, Generoso Borges, Nestor de Castro, Antonio Austregésilo e Euclides Bandeira, este um assíduo colaborador da revista. No entanto, como indica a historiadora Cassiana Lacerda Carollo, "O Sapo não revela tendência por uma determinada estética, publica textos de Bilac, Cruz e Sousa, Raimundo Correia, Catule Mendes, Eça de Queirós, Garret, Coelho Neto, recebendo colaborações de Antonio Austregésilo e Oliveira Gomes".


O ecletismo d'O Sapo não era relativo apenas ao escopo literário: em ares descompromissados e leves, suas páginas publicavam poesia, crônicas, editoriais, comentários, notícias, impressões de viagens, textos amenos de humor ou com polêmicas, partituras com polcas da moda, folhetins, pequenos perfis de poetas e literatos locais, entre outras coisas. No plano imagético, a revista, em seus primeiros momentos, não era abundantemente ilustrada: trazia apenas pequenos clichês, vinhetas e letras adornadas, para mera ornamentação; no entanto, uma edição especial de O Sapo publicada em 3 de maio de 1900 publicou um painel com retratos dos principais escritores do Paraná, em litogravura assinada por A. Clement. A partir desse ano, momento em que as habituais quatro páginas da publicação esporadicamente dobravam e seu cabeçalho foi reformulado, algumas imagens a mais passaram a sair. O Sapo passou então a ser impresso na Typographia Impressora Paranaense. Poucos anúncios apareciam nas páginas da revista, todavia.

Além dos já citados, alguns dos nomes publicados em O Sapo foram Thiago Peixoto, João Itiberê, Dias da Rocha Filho, Francisca do Souto, Angelo Duarte, Raul Brazil, Martinho Chaves, Benjamin Leite, Euclides Bandeira, Nicolau Santos, Sylvio Paraná, Mario Lamór, Cleómenes Filho, Hipolito Pereira, Ricardo de Lemos, Generoso Borges, Nestor de Castro, Nestor Victor, Emílio de Menezes, Silveira Netto, Jansen de Capistrano, Vivaldi Coaracy, entre outros.

No quinto e último ano de existência da revista, Leocadio Correia a abandonou, deixando-a com Adolfo Werneck, cofundador de O Sapo e uma das cabeças por trás da revista Azul. No entanto, esta última parece não ter ido além de sua edição nº 30 do ano 5, de 10 de agosto de 1902 (a cada virada de ano, o periódico era renumerado).

Já na década de 1970, o literato Vasco Taborda Ribas, cultuador de O Sapo, decidiu fundar um círculo literário em torno da revista. Para tanto, em 1976, refundou a publicação como boletim da chamada “Soberana Ordem do Sapo”.

Fontes:

- Acervo: edições do nº 1, ano 1, de 6 de março de 1898, ao nº 30, ano 5, de 10 de agosto de 1902.

- FERNANDES, José Carlos. Os barões e baronesas da Soberana Ordem do Sapo. Gazeta do Povo. Publicado em 29 dez. 2013. Disponível em: http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=1436274&tit=Os-baroes-e-baronesas-da-Soberana-Ordem-do-Sapo. Acesso em: 6 jan. 2014.

- O Sapo. In: Revistas Curitibanas: 1900-1920. Disponível em: http://www.revistascuritibanas.ufpr.br/ordemalfabetica.php#. Acesso em: 6 jan. 2014.