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Paisagismo | Roberto Burle Marx

17 nov 2020

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Roberto Burle Marx nasceu em 04 de agosto de 1909, na cidade de São Paulo, filho da pernambucana Cecília Burle e do alemão Wilhelm Marx. Em decorrência de uma crise financeira a família se mudou para o Rio de Janeiro, em 1913. Em sua própria casa e ainda jovem, Burle Marx começou a cultivar seu próprio jardim, por volta de 1917, e a nutrir grande interesse musical. Aos 19 anos Roberto foi acometido por problemas oftalmológicos, ele e a família mudaram-se para Alemanha e lá permaneceram entre os anos de 1928 e 1929.

Durante o período em que viveu na Alemanha, Burle Marx demonstrou interesse por botânica, em especial, pela vegetação brasileira guardada pelo Jardim Botânico local. Ele visitou muitas exposições e estudou pintura no ateliê de Dehner Klemn. Em 1930, quando a família retornou ao Rio de Janeiro, Roberto ingressou na Escola Nacional de Belas Artes, atual, Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Na academia estudou pintura e foi contemporâneo de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer.

O primeiro trabalho do artista foi em 1935, em Recife, a pedido de seu amigo, Lúcio Costa. Ele projetou a praça da Casa Forte. A partir deste trabalho ele foi convidado pelo governador de Pernambuco, Carlos Cavalcanti, a assumir durante 4 anos a chefia do setor de Parques e Jardins, foram criados mais de 10 jardins em Pernambuco. Ainda neste período, Roberto fez parte da equipe que elaborou o projeto do jardim do Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro. O trabalho final entregue ao edifício Capanema é considerado o primeiro grande trabalho de Roberto e inaugurou um marco nas projeções do paisagismo brasileiro e da arte moderna, agregando ao espaço vegetação, área contemplativa e de estar. O prédio do então, Ministério da Educação, projetado em 1936, quebrou a simetria dos jardins franceses e rendeu a Burle Marx o título de “criador do jardim moderno”.

Em 1949 o artista junto com seu irmão Siegfried compraram uma propriedade de mais 300 m2, em Barra de Guaratiba, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Após a restauração das edificações Burle Marx transferiu ao local a sua coleção de plantas iniciadas na infância, e em 1973, passou a residir no local. Em 1985, o Sítio Roberto Burle Marx foi doado pelo artista ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional com o intuito que no local fosse criado uma escola de paisagismo e botânica, onde seu legado e paixão por plantas fossem preservados.

Ao longo das décadas Burle Marx desenvolveu inúmeros projetos nacionais e internacionais. Podemos destacar o Jardim da Cidade Universitária da UFRJ, Aeroporto da Pampulha, Parque do Ibirapuera e Museu Judaico em Nova Iorque (não executado), Embaixada do Brasil em Washington, sede do governo do Piauí, Aterro do Flamengo, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Destacamos o projeto urbano da orla carioca iniciada em 1954 com as obras do Aterro do Flamengo e concluídas em 1970 com o calçadão de Copacabana. Após dar vida aos jardins, prédios, calçadas o artista faleceu 1994, deixando um legado à respeito dos jardins modernos.
A fotografia em destaque pertence a Divisão de Iconografia, Coleção Alair Gomes, série Externas, subsérie Burle Marx e data de 1969. O jardim em destaque é o do Museu de Arte Moderno do Rio de Janeiro, Aterro do Flamengo. Na mesma Coleção é possível ter acesso à vegetação do sítio Burle Marx, na subsérie Botânica.

Conheça o Sítio Burle Marx