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Santos e Beatos | São Francisco de Assis no acervo da Biblioteca Nacional

13 out 2021

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Nos séculos XI e XII, a espiritualidade era concebida de uma forma contemplativa e reservada, tendo como ideal a vida monástica. Os mosteiros eram os espaços ideais para essa experiência e a concretude desse ideário. A vida nos monastérios, reclusa, possibilitava um afastamento do mundo, visto como algo negativo, tal qual a natureza humana, e dessa forma, consistia no caminho para a salvação e o paraíso.

A partir do século XII, uma forma mais otimista de se perceber e de exercer a espiritualidade foi conquistando mais espaço, com uma compreensão mais afetuosa e complacente de Deus. A salvação e o paraíso não estavam destinados apenas aos monges ou aos dirigentes da Igreja, pois todos estarão submetidos ao julgamento no Juízo Final, considerando a vida de cada um e sua fidelidade aos princípios do Cristianismo.

Foi nesse contexto que Giovanni di Petro di Bernardone, mais tarde Francisco, nasceu, em 1182, na cidade de Assis, Itália. De família abastada, passou a infância e a juventude cercado de riqueza, pois seu pai era um comerciante de tecidos respeitado e próspero.

Como os jovens da época, Francisco foi influenciado por um ideal de vida cavalheiresco, com honras e glórias. Na tentativa de concretizar esse desejo, ingressou como soldado na guerra entre as cidades de Assis e Perúgia, em 1202. Todavia, foi capturado, permanecendo como prisioneiro durante um ano, e após ser solto, adoeceu. Três anos depois, ao recuperar-se, alistou-se novamente, estimulado por um sonho que parecia revelar-lhe a vitória, mas no caminho, outro sonho interroga-o sobre o que havia compreendido, retornando para Assis.

De volta à sua cidade, em diversos momentos começou a perceber uma mudança em seus sentimentos e um querer cada vez maior pela vida consagrada. De acordo com relatos, em um momento de oração na igreja de São Damião, ouviu a voz de Cristo, que falava com ele pelo crucifixo, pedindo que restaurasse a igreja, que estava em ruínas. Francisco inspirado e movido pelo desapego vende tecidos de seu pai, e assim conseguir a quantia necessária para iniciar os reparos. Tal atitude desperta a fúria de seu pai, que o aprisionou em casa, sendo solto depois, por sua mãe. A partir de então, Francisco inicia sua caminhada de renúncia à riqueza, e acolhe uma vida humilde, ao lado de seus irmãos necessitados e a serviço de Deus.

Com grande fervor, começou a propagar o Evangelho, atraindo seguidores, que como ele, estavam dispostos a anunciar os ensinamentos de Cristo. Percebeu que era necessário organizar o grupo que formara, e redigiu primeira Regra e partiram para obterem a autorização papal, para que pudessem fundar uma nova Ordem. Todavia, a forma como Francisco concebia a opção pela pobreza foi encarada como muito rígida, e receberam autorização para executarem sua obra. A autorização para Regra só ocorreu mais tarde, após uma crise interna e algumas modificações, que contrariaram Francisco, elaboradas pelo corregedor da ordem, indicado pelo Papa, cardeal Ugolino. Dessa forma, em novembro de 1823, a Regra foi confirmada pelo papa Honório III.

Como em uma de suas visões, em 1212, a Ordem recebeu sua primeira seguidora e integrante, Clara d'Offreducci, que se tornaria Santa Clara, a iniciante e fundadora do ramo feminino da Ordem, as Clarissas. Santa Clara foi tocada pelas palavras de São Francisco, o que despertou a aspiração por seguir Cristo, abraçando a vida religiosa. Suas irmãs a seguiram, e depois outras jovens, sendo-lhes dada a igreja de São Damião. Estava formada a Ordem Segunda dos Franciscanos. E a Ordem crescia, sendo formada, mais tarde, a Ordem Terceira, formada por leigos.

São Francisco via seu ideal crescer, envolvendo homens e mulheres na vida religiosa, leigas e leigos, dispostos a dedicarem, também, suas vidas ao empenho missionário, ao cuidado com o irmão, pois era assim que considerava cada ser vivo, contemplando-os como parte importante da Criação, entregando-se a um amor universal.

Sua entrega foi tamanha, que em um momento pessoal e ardoroso de oração no Monte Alverne, em setembro de 1224, recebeu os estigmas da Paixão de Cristo, após uma visão de um serafim com grandes asas, surgindo Jesus Cristo, assemelhando-se mínima e humildemente a Nosso Senhor.
Com o passar dos anos, sua saúde ficou cada vez mais comprometida. Em Porciúncula, rodeado por seus companheiros, faleceu em 03 de outubro de 1226, sendo sepultado em Assis, na igreja de São Jorge. Foi canonizado dois anos depois, pelo Papa Gregório IX. Hoje, seu túmulo encontrasse na Basílica de São Francisco de Assis.

São Francisco de Assis possuía uma fé que o fazia conceber o Catolicismo de uma forma revigorada, excluindo hierarquia, bens particulares, inspirando-se apenas no Evangelho, e no exemplo de vida de Cristo.

Acervo sobre o tema:

O Imparcial (MA)

Leitura Para Todos

http://memoria.bn.br/DocReader/348074/19212

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O Malho (RJ)

http://memoria.bn.br/DocReader/116300/60016

http://memoria.bn.br/DocReader/116300/60283

http://memoria.bn.br/DocReader/116300/97174

Maria (PE)

http://memoria.bn.br/DocReader/116645/2161

http://memoria.bn.br/DocReader/116645/3504

LUNGHI, P. [Igreja de São Francisco de Assis: afrescos

LUNGHI, P. [Igreja de São Francisco de Assis: afrescos].

LUNGHI, P. [Igreja de São Francisco de Assis: afrescos].

LUNGHI, P. [Igreja de São Francisco de Assis

LUNGHI, P. [Igreja de São Francisco de Assis,: afrescos].

O Malho (RJ)