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Série Documentos Biográficos: Processo de Naturalização de Angelo Salomão

23 dez 2021

Artigo arquivado em Série Documentos Biográficos

O “Projeto Documentos Biográficos: um retrato da vida cotidiana do Império (1808-1868)”, desenvolvido pela parceria entre a Fundação Biblioteca Nacional, o CONARQ e a UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, apresenta o processo de naturalização de Angelo Salomão.

O requerente era natural de Gênova, Itália. Tinha 23 anos de idade, professava o catolicismo e trabalhava na navegação do interior da província, onde residira por mais de dois anos. Ângelo afirmava ter feito na Câmara Municipal a declaração exigida pela lei para solicitar sua naturalização e que cumpria os requisitos exigidos para a obtenção da carta. O conjunto documental demonstra que o solicitante recorreu ao uso de testemunhas para comprovar suas alegações: dois portugueses, José Bastos Ferreira e Manoel Gomes Ferreira, e um natural do Rio de Janeiro, José Pinto Delphino de Andrade. Dessa forma, o suplicante buscava comprovar também que sempre vivera de acordo com as normas civis.

No processo, notamos o envolvimento do escrivão e juiz de paz para se chegar aos autos da conclusão, onde se daria o deferimento ou indeferimento da solicitação de naturalização brasileira. Para visualizar o documento, acesse o link da BN Digital.

O documento foi produzido em 1853, na cidade do Rio Grande de São Pedro do Sul. Podemos analisar, nesse contexto histórico, a imigração italiana que se intensificou nas décadas seguintes. As regiões Sul e Sudeste do Brasil concentram a maior parte desses imigrantes. De acordo com Luiza Horn, a vinda dos imigrantes europeus visava à substituição da mão de obra escravizada. Além disso, a unificação italiana no século XIX e a incorporação do capitalismo deixaram muitos italianos, sobretudo camponeses, sem trabalho e terras. O artesanato perdeu espaço para a indústria, o que deixou muita mão de obra disponível. Assim, a população recorria a outros países em busca de oportunidades de trabalho. Os governos tinham um acordo para receber essa mão de obra. No caso do Império do Brasil, o objetivo oscilava entre mão de obra para a lavoura e um projeto colonizador, de acordo com a ideia de “branqueamento da raça” que circulava na época.

Visando a resgatar e divulgar a memória do Brasil Império, a série Documentos Biográficos irá apresentar processos de naturalização de estrangeiros integrantes da Coleção Documentos Biográficos da Seção de Manuscritos. A série de textos conta com a colaboração de graduandos em História da UERJ, supervisionados por servidores historiadores. Para saber mais sobre esse e outros documentos, é possível acessar o Guia de Coleções, através do link: https://www.bn.gov.br/producao/publicacoes/guia-colecoes-divisao-manuscritos-biblioteca-nacional.

Referências:

Dos homens que serviam entre papéis e letras – Escrivães das câmaras na América portuguesa Disponível: https://journals.openedition.org/nuevomundo/71379 acessado 28/10/2021

IOTTI, Luiza Horn. Os estados brasileiro e italiano e a imigração italiana no RS. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH. São Paulo, julho 2011.