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A Cartografia Histórica: do século XVI ao XVIII

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CARTA COROGRAFICA DAS TERAS DO GOVERNO DAS MINAS AO EXCELENTÍSSIMO CONDE DE ASUMAR OFERECE

O mapa com o título, “Carta Corografica das teras do governo das Minas ao Excelentíssimo Conde de Asumar oferece”, foi feito por autor anônimo por volta do século XVIII.

O mapa é um rascunho que mostra o curso do rio São Francisco e seus principais afluentes, em Minas Gerais. Destacando-se o rio Cariranha, o Arraial de Matias Cardoso, a Ilha de Estevão Raposo, Juazeiro, Palmeirinha, Manoel Soares, Capivara, o rio Pandeiros, o rio Mangay, Anjicos, o rio Urucuia, e Boa Vista.

Sobre a região de Minas Gerais escreveu José Joaquim da Rocha que “as Minas Gerais tomaram este nome por serem suas faisqueiras continuadas, em as quais se acha ouro com mais ou menos conta”(p.78).

A data e o local exatos da descoberta de ouro nas Gerais são incertos, mas é certo que a descoberta dos veios auríferos resultou das expedições dos paulistas, que por isso, se tornaram, ao mesmo tempo figuras de interesse e reprovação da Coroa. No que tange à história do Brasil é importante ressaltar que os bandeirantes se beneficiaram da extensa rede hidrográfica brasileira que a partir do Tietê, Pinheiros, Cotia e Piracicaba alcançavam a bacia do Prata, o Parnaíba e o São Francisco. Cabe destacar que o transporte não era apenas fluvial, como também, aproveitavam as margens dos rios, as trilhas indígenas e os rastros deixados por animais.

A exploração do ouro de aluvião mostrou-se rapidamente lucrativa. Em 1702, criou-se o Regimento dos Superintendentes, Guarda-Mores e Oficiais Deputados para as Minas de Ouro. A principal inovação do Regimento foi a criação da Intendência das Minas em todas as Capitanias que houvesse extração de ouro, instituição dotada de funções múltiplas, sobretudo as de ordem fiscal e de repressão ao contrabando. Abaixo das Intendências vinham as Casas de Fundição, onde se deveria recolher, fundir em barras e “quintar” – retirar o quinto da Coroa – todo o ouro extraído. Feito isso, o ouro podia circular a vontade, e havia mesmo a possibilidade de circulação de ouro em pó, restrito à capitania, dada a impossibilidade de alguns mineradores juntarem ouro suficiente para formar barra.

O historiador Ronaldo Vainfas lembra que havia dois tipos de extrações auríferas: a das lavras – jazidas organizadas em grande escala e com aparelhamento para a lavagem do ouro; e a dos faiscadores, que empregavam somente a bateia, o cotumbê e ferramentas toscas, reunidos num ponto franqueado a todos, cada qual trabalhando por si. Os faiscadores eram homens livres e pobres, havendo mesmo escravos entre eles, que entregavam quantia fixa ao senhor e guardavam o eventual excedente.

Cabe ressaltar que a abrangência geográfica da mineração estende-se desde a Serra da Mantiqueira, na capitania de Minas Gerais até a região de Mato Grosso e Goiás, sem contar com os veios insignificantes em São Paulo ou na Bahia. Todavia, nenhum deles superou os de Minas Gerais, onde foi criado o maior número de “registros”, postos fiscais incumbidos de receber o “direito de entrada” dos produtos que passavam às Minas, fossem originários do reino ou de outras capitanias.

É importante mencionar que foram criadas estradas específicas para a região, como o Caminho dos Currais do Sertão, para a Bahia; o Caminho Velho, que ligava o rio das Mortes e o arraial de Vila Rica aos portos de Santos ou Parati, passando pelo interior de São Paulo; e o Caminho Novo para o Rio de Janeiro, passando pelos rios Paraíba, Paraibuna, Irajá e Iguaçu.


REFERÊNCIAS

CANO, W. Economia do ouro no Brasil. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1969.
CORTESÃO, Jaime. História do Brasil nos velhos mapas. Rio de Janeiro: Instituto Rio Branco, 1957. Tomo II.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Metais e Pedras Preciosas. In: HGCB. 4.ed. São Paulo: Difel, 1977. v.2
PINTO, Alfredo Moreira. Apontamentos para o Diccionario Geographico do Brazil. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1899.
VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.

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