BNDigital

A Cartografia Histórica: do século XVI ao XVIII

< Voltar para Dossiês

SINUS OMNIUM SANCTORY

O mapa com o título em latim “Sinus Omnium Sanctory” foi feito por Joan Bleau, por entre os anos 1664 – 1665. Ele mostra a baía de Todos os Santos no atual Estado da Bahia.

Incluindo os rios Sergipe do Conde e o Marape, os engenhos de Silvério e de Brito, Nossa Senhora do Monte, os engenhos de Perna Mirim, da Graça, de Catarina, de Barbosa, a Ilha de João do Rego, os engenhos de São Estevão, de Nossa Senhora de Candiás, o Casada, o Coelho, o Barros, o Castelhano, o de Martins Lopes, o rio Matuyn (sic), a ponta de Aratela, a Ilha dos Frades, a Praia Grande, a ponta de São Brás, o rio Tapezipe, o engenho Tapezipe, os fortes São Felipe, São Pedro, Rosário, São Alberto, a cidade de São Salvador, o forte São João, Nossa Senhora da Vitória, os fortes São Diego, Santa Maria, Santo Antônio e a Ilha de Itaparica. Além disso, o mapa traz um encarte com a planta da cidade de São Salvador.

Sobre os engenhos que aparecem ao longo do mapa, cabe ressaltar a sua importância fundamental na estrutura econômica e social da Colônia. O engenho de açúcar é a unidade produtiva que melhor caracteriza as condições de riqueza, poder, prestígio e nobreza do Brasil. O historiador Ronaldo Vainfas lembrou que havia hierarquias entre os engenhos. O mais rico e mais complexo era o engenho real, movido à água. Estes senhores tinham em torno de si uma grande variedade de oficiais de serviço a soldo, necessários à produção, como mestre de açúcar, purgador, calafates, carpinteiros, pedreiros, carreiros, oleiros, vaqueiros, pastores, pescadores, caixeiros, feitores. E um grande número de escravos: os de enxada e foice, para a lavoura, os da moenda e, ainda, os domésticos. O senhor também administrava sua família, mulher, filhos e agregados, transpondo ao governo da casa o poder que adquiria na administração da produção e na esfera política. O cabedal (bens) que tinha de ter um senhor do chamado engenho real deveria ser grande o suficiente para enfrentar os elevados custos de implantação e funcionamento do engenho. Os demais engenhos, movidos por escravos ou animais, e as engenhocas, voltadas para a produção de aguardente, exigiam investimento menor.


REFERÊNCIAS

PINTO, Alfredo Moreira. Apontamentos para o Diccionario Geographico do Brazil. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1899.
VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.

Parceiros