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Lorenzo Perosi e o Brasil

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De Tortona a Roma: a trajetória de Perosi

por Thiago Plaça Teixeira
1. Família e contexto histórico. Lorenzo Perosi nasceu em Tortona, comuna italiana da região do Piemonte, ao norte da Itália, a 21 de dezembro de 1872. A família Perosi sempre esteve ligada à música sacra e o próprio Lorenzo dizia que “todos os seus antepassados, remontando-se quase a duzentos anos, eram organistas”.[1]

Giuseppe Perosi, pai de Lorenzo, foi um dos principais organistas e mestres de coro italianos em sua época, assumindo a parte musical da Catedral de Tortona aos vinte e um anos de idade e lá permanecendo por quase quarenta anos. Em 1865, Giuseppe se casa com Carolina Bernardi e de tal matrimônio nascem nove crianças. O quinto filho recebeu o nome de Lorenzo Pierluigi Giuseppe Maria Natale Ireneo Felice Perosi. Em razão de um parto difícil, que resultou, inclusive, em que fosse batizado em casa devido ao perigo de morte (ob periculum mortis), muitos futuros problemas físicos, neurológicos e, talvez, psicológicos vieram a afligir o rapaz. Já durante a infância e adolescência, mostrava-se certa fragilidade na compleição de Lorenzo.[2]

A época em que Perosi nasce é marcada por grande turbulência no ambiente político italiano, com o movimento do Risorgimento, que ambicionava a unificação da Itália, e as consequentes batalhas que resultaram no fim dos Estados Papais (Stati Papali ou Stati dela Chiesa), terras da Península Itálica governadas pelo papa havia mais de um milênio. O ano de 1870, pouco antes do nascimento de Perosi, marcou o momento crucial em que Roma deixou de ser governada pelo Papa e se tornou a capital oficial da nova Itália unificada. Os conflitos resultaram em grande divergência entre o novo Estado italiano e a Igreja, o que incluiu também a proibição por parte do Papa de que os católicos italianos participassem de alguma forma da política do novo reino.[3]

No que concerne à música sacra católica italiana, trata-se de um período em que prevaleceu o estilo mais popular e operístico, dando-se pouco lugar à antiga tradição do canto gregoriano e da clássica polifonia antiga. Será somente com o advento do chamado movimento Cecilianista que se procurará banir as tendências de música secular e irreverente na liturgia católica e, por outro lado, favorecer-se a música litúrgica tradicional.

 2. Estudos musicais. Como observou Monsenhor Guido Anichini, “a suave tranquilidade do ambiente familiar, a localidade pacífica da cidade no [Rio] Scrivia, o próprio agradável e tranquilo cenário do campo de Tortona, tudo contribuiu para fomentar uma fecunda coabitação de boas inspirações. Aqui, Lorenzo Perosi abriu seus olhos para a luz e para a Arte.”[4]

Lorenzo Perosi iniciou, aos seis anos de idade, os estudos musicais com seu pai, Giuseppe, que também foi professor de outros dois outros filhos homens: Carlo (o futuro Cardeal Perosi) e Marziano, ambos também compositores, organistas e mestres de coro. Também as irmãs de Lorenzo, Felicina, Pia e Maria, receberam lições musicais do pai. Formou-se, assim, a “piccola schola cantorum Perosi”, constituída por Giuseppe e seus sete filhos, suficientemente instruídos e treinados para formar um pequeno coro que chegou a ser convidado para cantar em festas religiosas de cidades vizinhas. Aos dez anos, Lorenzo compõe sua primeira obra, um pequeno moteto sobre o texto Quis ascendet. Aos onze anos já participa como cantor no coro dirigido pelo pai e também o substitui eventualmente ao órgão. Aos doze já improvisa ao órgão com grande facilidade.[5]



Fig. 1 - Marziano Perosi (1875-1959), irmão mais moço de Lorenzo, foi organista da Catedral de Milão e notabilizou-se por sua ópera Pompei (1912), cuja estreia repercutiu no Brasil. Fon-Fon, 20 de julho de 1912, p. 6. Biblioteca Nacional.

Será também de seu pai que Lorenzo receberá o primeiro e impactante contato com o canto gregoriano e a música sacra tradicional:
Enquanto criança, eu iniciei minha vida em Tortona no piedoso recolhimento de minha igreja. Meu pai, organista, infiltrou em minha alma o mundo das reflexões místicas que palpitam no canto gregoriano e nas notas das salmodias. Eu comecei a me familiarizar ainda jovem com os clássicos alemães. Posso dizer, sem vaidade alguma, que eu sei de memória Bach e Beethoven. Do estudo do inimitável Palestrina e de Orlando di Lasso eu não desperdicei uma única nota.[6]

Segundo Rinaldi, a formação musical de Lorenzo foi cuidadosamente dirigida por seu pai:
Mas para o papai, tanto estudo ainda não era suficiente. Cursos em fuga e em contraponto eram seguidos com severidade, enquanto sinfonias, salmos e oratórios de Marcello, Carissimi, Handel e Beethoven eram lidos e aprofundados. Renzo [apelido familiar dado a Lorenzo] parou na ‘Missa em si menor’ de Bach e na ‘Paixão segundo S. Mateus’, mas estudando ‘Jephthah’ de Carissimi, começou a desenvolver entusiasmo pela forma do oratório. Será, de fato, a partir deste músico de Marino que sua arte partirá.[7]

3. Juventude. Em 1887, aos quinze anos de idade, Lorenzo pede para ser recebido na Ordem Terceira Franciscana, sendo admitido pelo Pe. Gaetano Sardi da Lobbi. No ano seguinte, é levado por seu pai a Roma pela primeira vez, por dois motivos: para uma audiência com o Papa Leão XIII[8] e para uma audição no Liceo Musicale (atual Accademia di Santa Cecilia), que resultou em grande admiração por parte dos professores.[9]

Entre 1888 e 1890, Lorenzo realiza dois importantes serviços musicais: uma missa fúnebre na Catedral de Tortona (18 de julho de 1888) e a inauguração do órgão da Basilica dell’Immacolata (abril de 1890), em Gênova. Também inicia seus estudos com o professor Michele Saladino (1835-1912), do Conservatório de Milão. Ainda em 1890, Perosi tem seu primeiro encontro com Monsenhor Giuseppe Sarto, Bispo de Mântua (futuro Papa São Pio X). Também nesse mesmo ano, obtém seu primeiro cargo profissional, como organista e professor de pianos dos noviços da Abadia de Montecassino, e terá sua primeira composição publicada (Preludio in fa, impresso no periódico Musica Sacra de Milão).[10]
O tempo livre que lhe sobra após o ensino, prefere consagrar a seus estudos musicais. Ele prefere tocar as grandes fugas de Bach e as obras de Beethoven, Mendelssohn e Chopin. Para a música sacra ele estuda Palestrina, Gabrieli, Victoria, Lasso etc. Ele envia suas lições de casa de fuga e contraponto para seu velho professor Saladino toda semana, para correções. Em Montecassino ele não tem professores ...[11]

4. Ratisbona. Depois de oito meses em Montecassino, Perosi retorna a Tortona por motivos de saúde. Irá em seguida inscrever-se oficialmente no Conservatório de Milão, na classe de Saladino, sendo lá sustentado financeiramente pelo Conde Francesco Lurani Cernuschi (1857–1912). Em julho de 1892, Perosi se dirige à vizinha cidade de Vigevano, onde permanecerá por cinco meses, ensinando canto gregoriano aos clérigos do seminário local e tornando-se organista no Convento das Irmãs Sacramentistas, a quem também deu lições de canto.[12]

Perosi tinha em mente aperfeiçoar-se na melhor escola de música sacra europeia da época, a Kirchenmusikschule em Ratisbona, na Baviera (Regensburg em alemão), então dirigida pelo Padre Franz Xaver Haberl (1840-1910), célebre musicólogo. Novamente auxiliado financeiramente pelo Conde Lurani e apoiado por amigos e colegas, Perosi parte de Milão para Ratisbona em janeiro de 1893.
Em 1874 Haberl fundou uma escola para músicos eclesiásticos em Ratisbona, realizando assim o desejo de seus predecessores e colaboradores na causa da reforma da música eclesiástica. Esta escola, que começou com três professores, Dr. Haberl, Dr. Jacob e Cônego Haller, e apenas três alunos, tornou-se desde então o centro onde sacerdotes e leigos de todos os países da Cristandade foram para se equipar com o conhecimento necessário para executar medidas de reforma em suas dioceses. Por sua visão e sabedoria prática, Haberl não apenas garantiu a permanência da escola na forma de doação, mas construiu ao lado dela uma igreja, dedicada a Santa Cecília, onde os alunos têm oportunidades de praticar os conhecimentos adquiridos na teoria.[13]

Desde que chegou a Ratisbona, Perosi tomou parte no Domchorschule (escola do coro da Catedral) e lá pôde ter a experiência de ouvir frequentemente execuções de obras sacras de Palestrina, Gabrieli, Lasso, Victoria, Anerio e Haller. Também estabeleceu amizade com o então Kapellmeister, Franz Xaver Engelhardt (1861-1924). Algumas cartas de Perosi nesse período em Ratisbona demonstram sua perplexidade em verificar que o grande patrimônio musical sacro italiano era valorizado e preservado somente em outros países. Grande impressão causou em Perosi a quantidade de igrejas na região de Ratisbona em que se executavam com grande qualidade obras Palestrina e de outros mestres antigos.[14]

6. Ímola e viagens. Haberl ofereceu-lhe uma cátedra em Ratisbona, mas Perosi optou por retornar à Itália para lá trabalhar em prol da restauração da música sacra, o que se concretizará no convite que recebe para ser professor e diretor de coro em Ímola, a pedido do Bispo da diocese, Monsenhor Luigi Tesorieri (1825-1901). Perosi chega à cidade em 6 de novembro de 1893 e inicia imediatamente sua missão de, finalmente, constituir uma schola cantorum na Itália, especificamente o Coro do Seminário. Em 1ºde janeiro de 1894, o coro se apresenta pela primeira vez na Catedral de Ímola, causando grande impressão e, em 30 de abril executa a Missa Papae Marcellae de Palestrina, algo muito significativo para a época. Em junho de 1894, Perosi apresenta sua carta de demissão de seus postos, tanto no Seminário quanto na Catedral. É, pois, no período que permanece em Ímola que decide encaminhar-se definitivamente ao sacerdócio católico.[15]

Em 26 de março de 1894 haverá um importante reencontro para Lorenzo Perosi. Aproximadamente um mês após seu triunfo com a missa de Palestrina, Perosi revê seu amigo Giuseppe Sarto, agora Cardeal-Patriarca de Veneza, na Piazza del Duomo em Mântua. Com o afastamento de Giovanni Tebaldini (1864-1952) do posto de maestro da Cappella Marciana na Basílica de São Marcos, o Cardeal entendia que Perosi seria adequado para o cargo. Em 8 de junho recebe o convite oficial que Perosi, então com apenas 21 anos de idade, aceita. Em junho e julho, Lorenzo fará viagens por importantes abadias europeias, culminando com sua estadia em Solesmes, onde estuda canto gregoriano com os célebres Dom André Mocquerau (1849-1930) e Dom Joseph Pothier (1835-1923). Em agosto e setembro, retorna a Tortona e, em seguida, parte novamente para Ímola, de onde se despede em 14 de agosto, ao final do ano acadêmico, e já no dia seguinte encontra-se em Mântua. Em 2 de setembro ele recebe a tonsura e as ordens menores pelas mãos do Cardeal Sarto. Vinte dias depois, no Palácio Epicopal, é ordenado subdiácono.[16]

7. Veneza e Roma. Em Veneza, Perosi prosseguirá seus estudos de preparação para o sacerdócio e assumirá uma série de encargos musicais, não apenas dirigindo a Cappella Marciana (coro da Basílica de São Marcos), mas também ensinando ou tocando no Patronato di San Simeone, no Patronato Patriarcale delle Fondamenta dei Tolentini e na Chiesa di Santa Maria della Salute. Lá também entrará em contato com figuras importantes, como Ermanno Wolf-Ferrari (1876-1948), Marco Enrico Bossi (1861-1925) e Giulio Bas (1874-1929). Será na Basílica de São Marcos que Perosi receberá a ordenação diaconal na festa de São Lourenço, em 1894 e, seis semanas depois, a 21 de setembro, será ordenado sacerdote pelas mãos do Cardeal Sarto. A primeira Missa de Perosi será celebrada na Basílica da Santa Casa de Loreto. Em 24 de novembro de 1894, Perosi apresenta-se oficialmente como maestro da Cappella Marciana.[17]

Em 1898, o cargo de diretor do coro da Capela Sistina fica vago e o Papa Leão XIII nomeia Perosi como Direttore Perpetuo del Collegio dei Cappelani Cantori e Cantori Pontifici e também Direttore Perpetuo della Cappela Sistina. Havia à época outro Maestro Perpetuo, Domenico Mustafà (1829-1912), com quem Perosi deveria trabalhar em conjunto. Mustafà era um dos antigos cantores castrati, tendo atuado como corista na Sistina desde 1848 e tornou-se diretor a partir de 1860. Até 1902, Perosi acumulou os encargos de Mestre de Capela em Veneza e Roma, simultaneamente. Em 13 e 14 de fevereiro de 1899, Perosi viaja a Paris para a estreia francesa do seu oratório La Risurrezione di Cristo, regido por Gustav Mahler (1860-1911) e assistida por personalidades importantes da época, tais como Debussy, Massenet, D’Indy e Guilmant. Depois de Paris, os oratórios de Perosi obtém sucesso de público na Alemanha e na Áustria. Em julho de 1899 visita Bayreuth, onde assiste Parsifal e a tetralogia do Anel de Wagner.[18]

8. Pontificado de S. Pio X. Entre 1899 e 1904, Perosi estará envolvido em uma desgastante batalha musical: seguindo a diretriz do Papa Leão XIII, busca-se substituir nos coros de igreja, sobretudo na Capela Sistina, dos antigos cantores castrati por voci bianche de meninos – o que Perosi já procurava fazer em Ímola e em Veneza. É a partir de 1903, aproximadamente, que a questão é superada; Mustafà se afasta e Perosi torna-se o único diretor da Sistina, deixando oficialmente seu cargo em Veneza. No mesmo ano, o Cardeal Sarto é eleito Papa com o nome de Pio X. Uma de suas primeiras ações será o documento Inter Sollecitudines, sob a forma de Motu Proprio, visando regulamentar a música sacra católica. Será uma grande vitória para os anseios do movimento cecilianista em geral, especialmente no que concerne à revalorização do canto gregoriano, da polifonia clássica e ao fim dos abusos decorrentes do uso de música profana e teatral nos ofícios litúrgicos.[19]



Fig. 2 - Vista da Capela Sistina, em Roma. Cartão. Fotografia de pintura em papel albuminado. Roma: Fratelli D'Alessandri, séc. XIX. Biblioteca Nacional.

Os oratórios de Perosi, quando se tornaram populares pela Europa, eram apresentados em igrejas ou em teatros. Nenhum desses dois locais agradava completamente ao compositor: as primeiras pela inconveniência de cobrar-se ingresso e fazer barulho; os segundos, por serem ambientes muito seculares. A solução mais próxima do ideal foi encontrada em 1900, quando surgiu a possibilidade de utilizar um antigo templo de Milão, já desconsagrado, como espaço para apresentações de oratórios. Tratava-se da Igreja de Santa Maria della Pace, construída no século XV e consagrada em 1497. No início do século XIX sofreu vários danos e veio a receber outros usos, inclusive militares. Foi inaugurada como Salone Perosi em 24 de abril de 1900, pretendendo-se que a cada ano houvesse lá uma temporada de oratórios. Entretanto, o salão teve vida curta, pois já em 1907 encerrou suas atividades em decorrência de problemas financeiros.

9. Crises. Por volta de 1907 inicia-se na vida de Perosi uma série de problemas físicos e mentais que, juntamente com eventos marcantes nos anos seguintes (morte dos pais, início da Primeira Grande Guerra, falecimento de Pio X etc.), afetarão o compositor muito profundamente. A pedido da família, uma junta médica atestou que o ilustre músico estava sofrendo de enfermidade mental (malattia mentale) acompanhada por estados de depressão ou de ansiedade, caracterizando um estado incurável. Indicava-se também que não haveria condições de que ele fosse responsável por si mesmo, o que mais tarde levará a um processo civil de interdito, cuja sentença data de 15 de dezembro de 1922. Lorenzo foi proibido de rezar Missa e seu irmão, Carlo Perosi, foi nomeado seu guardião legal (tutore). A interdição de Perosi foi revogada somente em 1930, ano em que ele veio a ser nomeado para a Accademia d’Italia, juntamente com outros dois importantes compositores da época: Pietro Mascagni (1863-1945) e Umberto Giordano (1867-1948).[20]



Fig. 3 - Lorenzo Perosi nos anos 1930. O periódico destaca a semelhança física entre o compositor italiano e o então arcebispo do Rio de Janeiro, D. Sebastião Leme da Silveira Cintra, o Cardeal Leme (1882-1942). Maria: revista das Congregações Marianas. Olinda (PE), abril de 1934. Biblioteca Nacional.

10. Entre 1930 e 1950. Durante as décadas de 1930, 40 e 50, Perosi continuará a receber honrarias permanecerá ativo como compositor, regendo e fazendo várias viagens. Os dez últimos anos de sua vida, em especial, serão marcados por longa agenda de atividades de regência. Serão cerca de 50 importantes aparições, por exemplo, com a Capela Sistina entre 1948 e 55, além de outras performances importantes pela Itália, como Il Natale del Redentore na Catedral de Tortona, em 1953. Desde a sua nomeação para a Capela Sistina em 1894, Perosi sempre precisou de assistentes e organistas e, em 1952, indicará Domenico Bartolucci (1917-2013) como seu oficial regente assistente. O Papa Pio XII deu seu aval à recomendação e, após a morte de Perosi, caberá justamente a Bartolucci a sucessão como diretor oficial, cargo que manterá até 1997.[21]

Em 15 de dezembro de 1948, Perosi completa 50 anos à frente do coro da Capela Sistina, recebendo então as felicitações do Papa Pio XII. Em 1952, ao completar 80 anos de idade, torna-se objeto de várias homenagens na imprensa da época, pelas quais se nota o reconhecimento de seu valor como artista e a grande admiração que suscitava ao lado de célebres compositores de ópera da época, como Puccini, Mascagni e Giordano. Em 1954, Perosi começou a apresentar sintomas de problemas circulatórios, dos quais não mais se recuperaria. Já nessa época, o coro da Sistina estava sob o comando de Bartolucci, ainda que coubesse a Perosi o título oficial de diretor perpétuo. Conduziu o coro pela última vez em 12 de março de 1955, por ocasião do aniversário de coroação do Papa Pio XII, provavelmente a última aparição pública de Perosi. Confortado com os últimos Sacramentos, faleceu em decorrência de um ataque cardíaco a 12 de outubro de 1956 em seus aposentos no Palazzo del Sant’Uffizio, onde residiu na velhice. Os ritos fúnebres ocorreram na Basílica de São Pedro em 15 de outubro, e foram assistidos por importantes personalidades eclesiásticas, políticas e artísticas. O serviço musical coube a Bartolucci, que dirigiu, com um coro de 80 vozes, a Missa Leopoldiana de Perosi acompanhada de cantos gregorianos. O corpo de Perosi foi sepultado inicialmente no Campo di Verano, de onde foi transladado, em 1959, para um túmulo especial erigida na Catedral de Tortona.[22]



Fig. 4 - Obituário de Lorenzo Perosi na imprensa brasileira. Lar Católico. Juiz de Fora (MG), 25 de novembro de 1956. Biblioteca Nacional.

 

[1] “Tutti i miei maggiori, remontando a quase duecento anni addietro, furono organisti”. (CIAMPA, 2006, p. 28)

[2] CIAMPA, 2006, p. 28-30; 42-43; 46-47; PIGNATELLI, p. 5.

[3] CIAMPA, 2006, p. 33-36.

[4] Apud GLINSKI, 1953, p. 12.

[5] CIAMPA, 2006, p. 42-43; PIGNATELLI, p. 5-7.

[6] Apud RINALDI, 1967, p. 22.

[7] RINALDI, 1967, p. 23.

[8] Consta que Lorenzo ofereceu ao Pontífice cinco composições sacras suas: Salutazione a San Giuseppe, Mottetto a San Luigi, Ave Regina Caelorum, O sacrum convivium e Qui ascendit (ou uma Ave Maria). Recebeu, então, uma bênção especial do papa: “Che il Signore benedica le intenzioni di vostro padre, perché oggi ne abbiamo bisogno”. (CIAMPA, 2006, p. 50)

[9] CIAMPA, 2006, p. 50; PIGNATELLI, p. 8.

[10] CIAMPA, 2006, p. 53-63.

[11] GLINSKI, 1953, p. 13.

[12] CIAMPA, 2006, p. 65-66.

[13] OTTEN, 1914, tradução nossa.

[14] Exemplo de carta de Perosi nesse período em Ratisbona: “Quão certo é que quando um coro é treinado sistematicamente, quando se canta porque se sabe como ler música, quando se canta e não se grita, quando se dá importância a essa parte da Liturgia, quando é cultivado, quando se dá o tempo necessário para a instrução, quando bons maestros são admitidos, a consequência está lá: os belos serviços de nossa religião acompanhados por música que é digna deles.” (apud CIAMPA, 2006, p. 76, tradução nossa)

[15] CIAMPA, 2006, p. 73-78; 82-85. “A atmosfera religiosa reinante na família e que determinaram um irmão de Lourenço a receber ordens, o critério do pai inspirado nos mais nobres princípios do cristianismo, a serena doçura de sua mãe, o período vivido em MOntecassino sob a influência mística de São Bento, a assimilação permanente, tenaz e apaixonada da música sacra de Bach, Gregório Magno e Palestrina, constituem os antecedentes do seu gesto.” (PIGNATELLI, p. 12)

[16] CIAMPA, 2006, p. 89-94.

[17] CIAMPA, 2006, p. 102-109; Cf. TAMBURINI, 2016.

[18] CIAMPA, 2006, p. 151; 160; 166-167.

[19] CIAMPA, 2006, p. 156-163. Segundo Sacchetti, quatro homens ajudaram o Papa no texto: Pe. Angelo De Santi, Pe. Carlo Respighi, Baron Kanzler e Lorenzo Perosi. (CIAMPA, 2006, p. 195)

[20] CIAMPA, 2006, p. 224-225; 237.

[21] CIAMPA, 2006, p. 260-261.

[22] CIAMPA, 2006, p. 264; 268-270; 273-276. Acompanhando as orações, disse o compositor: “Ti ringrazio, Signore, di avermi fatto Cristiano, di avermi fatto sacerdote, di avermi fatto scrivere quello che il mondo canta e canterà in Tua lode.” (“Eu voz agradeço, Senhor, por terdes me feito cristão, por terdes me feito sacerdote, por terdes me feito escrever aquilo que o mundo canta e cantará em vosso louvor”).

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