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O Brasil Encontra o Extremo Oriente: a Missão Chinesa (1880)

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Introdução

Quando o diplomata ‘Henrique Lisboa’ desembarcou na China em 1880, sua missão era clara: conhecer a civilização chinesa. Dois anos antes, nos ‘Congressos Agrícolas’ da cidade de Recife e na cidade do Rio de Janeiro em 1878, a discussão sobre a importação maciça de chineses eram o tema principal. País dependente da produção agrícola e de escravos, o Brasil discutia no congresso e nas ruas das cidades se deviam trazer e contratar trabalhadores chineses livres para substituir os escravos africanos e afrobrasileiros.

Os brasileiros tinham pouco conhecimento sobre a China. Na época do rei de Portugal Dom João VI (1815-1826), um grupo de chineses veio para o Brasil plantar chá, formando a primeira comunidade chinesa na América. O empreendimento não alcançou sucesso; mas os chineses se integraram na sociedade brasileira.

Fig. 1 - Entre os séculos 16 e 18, quem quisesse aprender a língua chinesa provavelmente teria que passar por Macau e, lá, poderia encontrar materiais como esse - o primeiro dicionário de chinês para um idioma ocidental foi feito em português, pelos padres Matteo Ricci (1552-1610) e Michelle Ruggieri (1543-1607), e publicado na colônia portuguesa.
Fonte: Dicionário Português-Chinês, org. por John Witek. Lisboa: Instituto Português do Oriente, 2001.


Fig. 02 - Ao longo do século 19, portugueses e brasileiros podiam usar o dicionário de Joaquim Afonso Gonçalves, de 1831, para aprender chinês, mostrando que o estudo da China era algo que nos interessava. Imagem capturada da folha de rosto do dicionário, em Internet Archive.
Fonte: Acervo da Fundação Biblioteca Nacional.


Fig. 03 - Folha de rosto do livro Memoria sobre a expedição do governo de Macao..., de Lucas José Alvarenga (governador de Macau). No tempo em que o Brasil ainda era colônia de Portugal, diversos brasileiros atuaram de forma relevante no Oriente, ajudando a promover importantes trânsitos culturais.
Fonte: Acervo da Fundação Biblioteca Nacional


Fig. 04 - Aquarela de Johann Moritz Rugendas dos chineses plantando chá no Rio de Janeiro: o Brasil foi o primeiro país no Ocidente a receber uma colônia oficial de chineses.
Fonte: Acervo da Fundação Biblioteca Nacional.


Fig. 05 - Um documento raríssimo: o pedido, feito pelos colonos chineses que plantavam chá, para disporem de um intérprete. Ele foi assinado pelos mesmos com seus nomes chineses e brasileiros. A única cópia está disponível no acervo da BN, que podemos consultar pela rede.
Fonte: Acervo da Fundação Biblioteca Nacional

 

»Veja mais: Carlos Francisco Moura fala das “Relações entre Brasil e Macau no Século XIX”, e do plano do Ouvidor Brum da Silveira de enviar chineses para o Brasil.


Contudo, em 1878, muito tempo havia passado. Os brasileiros médios não tinham muitos conhecimentos sobre a China e o Extremo Oriente. Por essa razão, o império brasileiro  decidiu enviar uma missão para a China. O objetivo era estabelecer relações diplomáticas e comerciais oficiais com a Dinastia Qing (1644-1911). A viagem foi descrita em relatórios do governo brasileiro e na primeira obra de sinologia escrita no Brasil. O Livro ‘A China e os chins’ [1888] foi escrito pelo diplomata Henrique Lisboa, e constitui uma importante fonte de informações culturais e históricas sobre a China. ‘Henrique Lisboa’ conseguiu captar com profundidade a sociedade chinesa. Sua imersão na vida cotidiana chinesa o levou a observar os costumes e ideias chinesas, que permitiriam construir uma imagem mais consciente e realista dos chineses para o público brasileiro.

É o que vamos apresentar, agora no dossiê ‘O Brasil encontra com o Extremo Oriente: a Missão Chinesa’, produzido com o acervo da Fundação Biblioteca Nacional brasileira.

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