Periódicos & Literatura
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O projeto Periódicos e literatura: publicações efêmeras, memória permanente trabalha na direção de beneficiar diretamente a coleção de periódicos da Biblioteca Nacional brasileira, com a peculiaridade de estar direcionado para conhecer as complexas relações dos periódicos com a literatura e os literatos. Trata-se de um projeto elaborado e realizado por pesquisadores e técnicos da instituição, aberto à participação e colaboração de pesquisadores de centros de pesquisa.
Revistas e jornais são espaços privilegiados do campo literário, desde quando as atividades de impressão são autorizadas oficialmente no país, no início do século XIX. As páginas dos periódicos são tribunas ativas no processo de diferenciação das belas letras das demais artes, até alcançarem uma relativa autonomia, como literatura. É nelas que os literatos criam o seu espaço de atuação. A conclamação de Gonçalves de Magalhães aos escritores brasileiros, para a criação de uma literatura de feição nacional, está num periódico. Foi na imprensa que José de Alencar travou seus embates por reconhecimento, seja no momento em que critica ousadamente as contradições estéticas na obra do chefe da escola romântica, seja, anos depois, quando se defende do ataque de jovens críticos. Os parnasianos tinham sua tribuna num jornal, os simbolistas em outro. O manifesto modernista é lançado num periódico.
Tivessem escassas quatro páginas, o dobro ou o triplo disso, fossem diários, semanais ou mensais, representassem facções políticas ou grupos estético-artísticos, frequentemente os periódicos do século XIX traziam o literário em seus títulos e em suas pautas. Quando a imprensa de cunho empresarial se estabelece, as páginas e os cadernos de literatura e de cultura significam sua marca de qualidade e a influência social que exerce: neles se consagram obras e autores. Crônicas como as de Manuel Antônio de Almeida, Machado de Assis ou Carlos Drummond de Andrade apareceram em periódicos antes de estarem em livros. No século XXI, as edições digitais dos grandes jornais não abriram mão dos espaços literários em suas páginas e os literatos ocupam-nas avidamente.
Com a progressiva hegemonia do computador e a relativa diminuição da atividade manuscrita e datilográfica, a produção dos literatos publicada em periódicos deverá ter este seu papel reforçado, inclusive enquanto texto original do autor. Portanto, essas páginas efêmeras se constituem, cada vez mais, um acervo imprescindível de memória, uma fonte preciosa dos assuntos literários.
Permitida a utilização de informações existentes, desde citada a fonte: Projeto Periódicos & Literatura: publicações efêmeras, memória permanente: Fundação Biblioteca Nacional, Brasil. -http://bndigital.bn.gov.br/dossies/periodicos-literatura/?sub=sobre-periodicos-e-literatura%2F
Os poemas e textos de época mantêm a grafia original.