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A Abelha: semanário scientifico, industrial e litterario

por Maria Ione Caser da Costa

A Abelha foi um periódico lançado no Rio de Janeiro a 12 de janeiro de 1856 tendo recebido o subtítulo de semanário scientifico, industrial e litterario. Impresso semanalmente pela Empresa Nacional do Diário, que funcionava no número 84 da rua do Rosário. Foi um título comum à época. Existem alguns periódicos com o mesmo título que  podem ser encontrados na Hemeroteca Digital Brasileira.


Em seu primeiro editorial denominado Aos leitores, seus editores informam que A Abelha “almeja um cantinho, em que se possa averbar no grande livro do progresso na ultima metade do século dezenove”. O endereço do escritório da redação era na rua do Sabão, n. 45 - hoje um pedaço da av. Presidente Vargas, - para onde podiam ser endereçadas as “correspondências e reclamações”


Era mais uma folha impressa a se preocupar com o preparo da nação que se formava, na tentativa de garantir o progresso técnico e científico do país, sem esquecer, contudo a vida literária de então. Em seu editorial de apresentação, assim se projetam:


Tentando trabalhar em favor do desenvolvimento d’esta bela terra do Brazil, e conhecendo o valor da imprensa e a importância do jornalismo, não desconhece tambem que ha de ser aquilatada pelo que em si for, e não pelo que valem essas duas potencias civilizadoras.


É essa a razão, porque deixando de as endeosar, não se apregoa por pomposas declamações e retumbantes phrazes.


Pequenina hoje, podendo apenas sacudir de suas débeis azas o pollen das flores, que tem de converter em favos e mel, nutre esperanças de poder, ainda um dia, apresentar em extenso panorama o fructo das lucubrações d’esses cidadãos ilustres, que teem a peito preparar para sua pátria um futuro melhor.


A Abelha não passa portanto de uma tentativa; contendo em si o germen de grandes aspirações; e tendo de ocupar-se principalmente da aplicação das sciencias ao desenvolvimento da indústria, agricultura e commercio, tratará também da sciencia pura e de literatura.


Em sua maioria, os artigos publicados n’A Abelha não eram assinados, eram extraídos e algumas vezes traduzidos de periódicos europeus, mas refletiam de um modo geral, o desejo de melhorar a atuação das mais variadas atividades e também da formação de um publico leitor, que saindo do período colonial, desejava se firmar como nação. Para exemplificar podemos citar artigo publicado no exemplar de número 4, do dia 2 de fevereiro daquele ano:


A criação de bibliothecas scientífico-industriaes é uma idéia de grande alcance para o adiantamento e progresso de um paíz qualquer. Meio poderoso de illustrar as classes que trabalhão no desenvolvimento da indústria, as bibliotecas scientifico-industriaes são ferteis de resultados beneficos e vantajosos.


Nos 16 exemplares existentes na Biblioteca Nacional, nota-se o desenvolvimento alcançado pela publicação. Os primeiro oito exemplares tinham 8 páginas e eram publicados semanalmente. A partir do exemplar 9,o número de páginas dobra para 16, passando a publicar-se quinzenalmente. Muda também o subtítulo para: periódico universale aparece impresso o valor das assinaturas: 6$000 por ano para a Corte e 6$500 para as províncias.


Graficamente a publicação foi impressa em duas colunas separadas por um fio divisor, não apresentando ilustrações, apenas alguns desenhos para separar os artigos. Estes eram traduções ou enviado por algum colaborador que muitas vezes não era nominado. Citamos, a seguir, alguns dos colaboradores descritos na publicação: Amelie Eduards; Aureliano Scholl; Carlos Geyler; Domingos José Bernardino d' Almeida; José Joaquim Rodrigues Bastos (1777-1862); Jobert; Luiz Felippe Leite; Luiz Figuier; Luiz da Abreu; Mendes Leal Junior (1818-1886); Quintino Bocayuva (1836-1912); Silvestre; Veríssimo A. Pereira.

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