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A Actualidade: periódico imparcial, litterario, critico e noticioso

por Maria Ione Caser da Costa
A Actualidade veio a público pela primeira vez no dia 16 de agosto de 1900 no estado do Maranhão. Recebeu o subtítulo de periódico imparcial, litterario, critico e noticioso.

Esse é o único exemplar existente na Biblioteca Nacional. Impresso pela Typographia de Antonio Pereira Ramos d’Almeida & Cª Succes, foi diagramado em três colunas separadas por um fio simples. Não apresentou ilustrações. Seu formato original mede 37,5cn x 28 cm.

No cabeçalho do periódico A Actualidade, na parte superior lado direito, está o carimbo da Biblioteca Nacional e uma subscrição indicando para o serviço de entrega da época, o destinatário do fascículo: “Ao Exmo Sr. Arthur Azevedo. Capital Federal. Redação do Paiz”. Arthur Azevedo (1855-1908), nascido em São Luís do Maranhão, veio apara o Rio de Janeiro onde colaborou em vários periódicos, dentre eles O Paiz, no período de 1884 e 1908. Possivelmente o próprio Arthur Azevedo teria doado o fascículo para o acervo da BN.

Outros fascículos existiram. Numa rápida busca na web pode ser encontrado o exemplar número 6, publicado no dia 1º de outubro de 1900, que está digitalizado e pertence ao acervo da Biblioteca Pública Benedito Leite, localizada no Centro Histórico de São Luís. Nesse número aparecem os nomes de Luiz Carvalho e Henrique Fernandes como diretores da publicação.
Sob o título “O nosso programma”, os responsáveis por A Actualidade discorrem sobre a intenção de lançar um periódico.

Ninguem põe hoje em dia em duvida esta brilhante verdade – que é a imprensa a válvula mais poderosa n’essa grande engrenagem em que se congregam para o impulsionamento do progresso todas a actividades humanas. D’ahi o feliz oroscopo que sempre acompanha o aparecimento de qualquer órgão de publicidade, nas nações civilizadas.
D’ahi tambem a satisfação intima que experimentamos hoje, ao entrarmos com o nosso obscuro contingente para a grande obra da civilisação.
A “Actualidade” define-se por si mesma: vem tratar, sob o ponto de vista do adiantamento e do progresso da pátria, de todas as questões que ora se agitam e que, durante o curso da sua existência, se agitarem na arena das discussões serias e proveitosas. [...]
A feição característica da “Actualidade” será o seu devotamento ás lettras pátrias e o doutrinamento intelectual do povo, no sentido de dar ao espirito dos que desejarem ilustrar-se, uma orientação ao mesmo tempo sã e forte.
Isto posto, só esperamos o apoio dos nossos concidadãos para o cumprimento dos árduos deveres que nos acabamos de impor. Venha-nos elle e estamos certos de que faremos alguma cousa de útil em prol da pátria.
Deus o queira.


Não apresenta valor para compra avulsa do periódico, somente valor de assinaturas trimestrais. Para a capital valia 300 rs, enquanto que para o interior passava para 3$000.
A seguir o soneto selecionado para ilustrar nosso dossiê. Chama-se “Matutino” e é de autoria de Luiz Carvalho.

Matutino

Tive sobre meu peito reclinada
A sensual mulher dos meus desejos,
Á hora em que bem longe a madrugada
No céo imprime os seus doirados beijos.

Trocaram nossos lábios mil solfejos
D’um dithytambo lindo... E, despertada,
A natureza – rica de festejos –
Comemorava a nossa festa amada.

Mas quando o sol além, surgindo loiro,
Na matta despejava tintas d’oiro
Como se assim doirada a desejasse.

Ella fugio-me palpitante e louca
Levando beijos na pequena boca
E sangue e fogo em cada branca face.

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