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A Borboleta poética: periodico político e satírico 21.982-7

por Maria Ione Caser da Costa
Periódico impresso no Rio de Janeiro pela Typographia de M. A. da Silva Lima, A Borboleta poética foi lançada no dia 12 de março de 1849, segunda-feira, tendo como subtítulo periodico político e satirico.

Na Hemeroteca Digital estão os três únicos exemplares existentes na Biblioteca Nacional. Além do primeiro, citado acima, o segundo e terceiro, editados nas segundas-feiras subsequentes. O último em 02 de abril daquele ano.

A Borboleta poética inicia com periodicidade semanal, passando a ser quinzenal no lançamento do número 3.

Os originais estão armazenados no Setor de Obras Raras, que guarda também duplicatas dos dois primeiros. Um exemplar, também em duplicata do número 3 faz parte do invente[ario da Coordenadoria de Publicações Seriadas.

Na capa, ao alto da página aparecem grafados a data e também o dia da semana. Logo abaixo, separados por dois fios simples, o desenho centralizado de uma borboleta, com o número da publicação ao seu lado esquerdo e o ano civil do lado direito. Em seguida o título e subtítulo, seguidos de uma epígrafe em forma de poema que não é assinada:

Não deixarei de adejar,
Defendendo a pátria minha,
Em quanto o collo elevar
Essa facção que a definha.


Na sequencia lemos mais uma informação grafada entre fios duplos: “A BORBOLETA publica-se uma vez por semana, e vende-se por 40 rs. na typographia de Silva Lima, rua de S. José n. 8 e Teixeira e Souza rua dos Ourives n. 21.”

Medindo 21 cm x 15 cm, não apresenta ilustração, além do desenho da borboleta já mencionada anteriormente. Cada exemplar possui quatro páginas diagramadas em duas colunas, todas contendo poemas.

O conteúdo publicado em suas páginas de A Borboleta poética é composto exclusivamente de poesias, sendo que nenhum deles está assinado.

Colocamos abaixo o poema Lundum dos patriotas, publicado na última página do exemplar número dois de 19 de março de 1848.

Lundum dos patriotas

Chega, chega, minha gente,
Eis-aqui o frei Thomaz,
Que n’um fadinho gostoso
Salta mais que um rapaz.

Venha dançar
O lundunzinho,
Que deve ser
Bem choradinho.

Inda bem, por meu convite,
Já vejo meu padre-cura;
Minha gente, como salta!
Como requebra a cintura!...

Assim, collega!...
Daí-lhe bem forte:
Você me mata:
Que triste sorte!...

- Ficará para coutra vez,
Que vejo pouco lugar,
Para primar no fadinho,
Para bem me requebrar.

- Pois bem, nhô-nhô,
Nisto ficamos;
Não pregue peça,
Cá o esperamos.

- Não tolero que assim pene,
Grita logo o barrigudo:
Isto não vai a matar;
Deste modo acaba tudo.

Que diz, Patranhas?
Razão não tenho?
- Muita de certo,
Eu cá me avenho:

Nos lundus dos patriotas
Só entra rapaziada,
E se já fui rapariga,
Hoje isto não vale nada.

Esquenta, gente,
Volta no meio;
Nhô-nhô Casusa,
Não seja feio...

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