BNDigital

Periódicos & Literatura

< Voltar para Dossiês

A Brisa: jornal litterario, critico e recreativo

por Maria Ione Caser da Costa
Em agosto de 1872 surgia na imprensa maranhense o periódico A Brisa: jornal litterario, critico e recreativo cujo editor e proprietário era Antonio Ribeiro dos Santos.

Publicado sempre aos domingos, foi editado pela Typographia de R. d’Almeida & C. e impresso por A. R. dos Santos. A tipografia estava localizada no número 8 da rua da Palma. O jornal A Brisa foi vendido por assinaturas trimestrais por 2.000 réis.

Não constam no acervo da Biblioteca Nacional os exemplares iniciais desse título. O número mais antigo da coleção é o 4, que foi publicado em janeiro de 1873. Portanto, não é possível conhecer o programa de A Brisa, que geralmente aparece publicado no editorial do primeiro número.

Constam do acervo apenas cinco exemplares: o número quatro, mencionado acima, os números 16, 19, 22 e 23. Não é possível informar a data exata de cada fascículo por não estarem legíveis, ou com algumas partes mutiladas. O número 22 é publicado em 5 de janeiro de 1873.

Logo abaixo do título aparece como epígrafe, um excerto do poema “A Mocidade” de autoria de Gonçalvez de Magalhães (1811-1882), escrito em 1835, “Gigante do porvir, oh mocidade! Erguei a fronte altiva”.

Como na maioria das publicações periódicas oitocentistas, as charadas e as anedotas eram presença constante, concebendo entretimento e passatempo aos leitores. Em A Brisa estas estavam dispostas na “Secção recreativa”. Também fazia parte de A Brisa a “Secção litteraria”, e a “Secção critica”.

A Brisa publicou também folhetins de autores maranhenses, modo mais utilizado de divulgar seus trabalhos. Publicou também cartas, contos e poemas, permitindo aos leitores, conhecer e participar do desempenho cultural no Maranhão.

O periódico foi composto por quatro páginas que foram diagramadas em duas colunas separadas por um fio simples. Não apresentou ilustrações. A seguir o poema “Num álbum”, de A. Carlos de Almeida das páginas de A Brisa.

 

Num álbum

Deixae-a dormir, não a desperte;

veja como ella encosta de mansinho

a loira cabecinha ao niveo braço

macio, tão macio, como o arminho.

 

Ella dorme... suspira... ai! quem me déra

aventar esse sonho d’innocente!

sonhar como ella sonha, ter no seio,

amôr e paz, sentir como ella sente.

 

Oiça o nome sublime, manso e terno,

que entre risos agora murmurou:

“mãi”! que traduz – amor, - encanto –

doce palavra que outr’ora me inspirou.

 

Não a disperte, não! É bello vêl-a

banhada de luar, dormindo assim:

é singela de mais para menina,

e formoza de mais p’r’a seraphim!

 

Dorme, anjinho do céo, teu somno puro

perfumado da noute pela aragem!

E, quando fores moça não te esqueças,

Que este canto brotou da tua imagem.

Parceiros