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A Meridional: revista internacional

por Maria Ione Caser da Costa
Lançada no Rio de Janeiro em 28 de fevereiro de 1899, A Meridional: revista internacional teve como diretor Elysio de Carvalho. Carlos D. Fernandes ocupava a função de secretário. Foi impressa pela Typographia Aldina, que estava localizada no número 96 da “rua da Assembléa”. O escritório e redação da publicação funcionava à rua do Ouvidor, 155, primeiro andar.

Publicação quinzenal estava à venda “em todas as livrarias do Brazil”, ao preço de 1$000 no Brasil e 1$200 para o exterior. A assinatura anual para o Brasil valia 20$000 e a semestral 10$000, enquanto que os valores da assinatura para o exterior eram de 25$000 ou 13$000, respectivamente.

Em um pequeno parágrafo ao pé da página de rosto pode-se confirmar a responsabilidade de A Meridional: “Toda corespondencia relativa á redacção ou administração deve ser dirigida a ELYSIO DE CARVALHO, Director e Proprietario da Revista”. Elysio de Carvalho (1880-1925), um alagoano que veio para o Rio de Janeiro provavelmente em 1898 foi, dentre seus inúmeros títulos, poeta, jornalista, professor e também historiador.

Na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional podem ser encontrados os dois primeiros exemplares de A Meridional. Não foram encontrados outros números em bibliotecas ou sites.
A revista A Meridional em seu lançamento não publicou qualquer editorial, como é praxe ser documentado. Na capa, além das informações pertinentes à publicação, encontra-se um sumário. Segue-se a folha de rosto e, na página subsequente, um desenho em nanquim de Cruz e Souza (1861-1898) assinado por Maurício Jubim, artista plástico, pintor e poeta simbolista. São dele também os outros desenhos que aparecem na revista.

As páginas de A Meridional estão repletas de artigos e alguns poemas dos seus colaboradores. A lista de colaboradores é contemplada por Arthur Rimbaud, Carlos D. Fernandes, Cruz e Souza, Decio Villares, Elysio de Carvalho, Felix Pacheco, Luiz Delfino, Mauricio Jubim, Paul Adam, Puvis de Chavannes, Raul Braga, Rocha Pombo, Silva Marques e Stephane Mallarmé.

Graficamente foi diagramada em uma única coluna. Para a numeração das páginas utilizou-se a numeração romana e sequencial nos dois fascículos.

Para ilustrar escolhemos dentre os vários poemas publicados, parte de uma tríade de sonetos de Carlos D. Fernandes (1874-1942), publicados no segundo exemplar de A Meridional na página 61. O poeta apresenta três sonetos intitulados A Fé; A Esperança e o terceiro, A Caridade. Destacamos a seguir A Fé.

A Fé

Casta monja seraphica e sombria
Que os desgraçados meigamente abraça;
Luz secreta que as almas alumia
Nas borrascosas trevas da desgraça.

Estrlla merencorea e fugida
Que sobre o mundo verte a luz da graça;
Voz celeste de cândida harmonia
Que, nos tufões da dôr, cantando, passa.

Anjo ignoto que baixa sobre a terra,
E aos olhos tristes dos mortaes decerra
O véu que encobre a sideral bonanla!

Divina essência do divino effluvio
Que fez Noé salvar-se do dilúvio
Dentro da frágil arca da aliança

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