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A Mocidade: orgão litterario

por Maria Ione Caser da Costa
O periódico A Mocidade: orgão litterario teve seu primeiro número lançado na província do Rio de Janeiro, no dia 25 de maio de 1879, um domingo. Publicação quinzenal, foi impresso nas oficinas da Typographia Popular de Christovão Manoel do Amaral Vasconcellos, que estava situada na rua Nova Ouvidor, número 6.

Na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional podem ser consultados os seis primeiros exemplares da publicação. A digitalização da coleção se deu a partir das cópias em negativo do microfilme, realizado na década de 1970, pelo Plano Nacional de Microfilmagem de Periódicos Brasileiros, que objetiva ainda hoje localizar, recuperar e preservar as coleções de periódicos editados no Brasil, tornando-as disponíveis para consulta e reprodução.

O processo de digitalização dos periódicos na Biblioteca Nacional teve início nos anos 2000 a partir dos periódicos microfilmados. Em 2006, a BNDigital foi lançada oficialmente. Graças a esses procedimentos, os exemplares de A Mocidade hoje podem ser consultados de qualquer parte do mundo, bastando, para isso estar conectado a uma rede de internet. Caso o referido periódico não tivesse sido microfilmado, infelizmente a consulta não poderia acontecer, pois o mesmo encontra-se danificado, com páginas rasgadas, inclusive faltando alguns pedaços.

A ausência de partes do texto impede a leitura do editorial, texto que apresenta o periódico para o público leitor, por este motivo, o mesmo não poderá ser aqui transcrito na íntegra. Entretanto, de um pequeno trecho do último parágrafo pode-se destacar o motivo do nascimento de A Mocidade: “Apparece então de intelligencias de moços, como Minerva brotando do craneo de Jupter, um novo atheta que saberá pugnar nobremente pela sua causa. É A Mocidade – que esperando o acolhimento do publico propõe-se a marchar, tendo seu unico scopo o progresso e a perfectibilidade. ”

A redação de A Mocidade ficava no número três da rua Evaristo da Veiga, local também indicado para fazer a assinatura. Não está estipulado nas páginas do periódico, valor para venda avulsa. A assinatura mensal valia 500 réis, a trimestral o valor cobrado era de 1$500, enquanto que a semestral valia 3$000.

Cada exemplar com quatro páginas, diagramadas em três colunas separadas por um fio simples, não apresentando qualquer ilustração.

A Mocidade publicou o folhetim “O Segredo do suicida” de A. Jacintho Pimenta. Como era comum, os folhetins eram publicados geralmente na parte inferior da página, ocupando todas as colunas da esquerda até a direita.  E os capítulos da narrativa eram fragmentados, sendo a continuação publicada sempre no número seguinte.

As seções encontradas na páginas de A Mocidade foram Literatura, Poesias, Variedades, Noticiario, Charadas e Sciencias. E assinando os artigos das seções estavam os colaboradores. Eis alguns deles: Affonso Celso Junior, Peixoto de Lacerda, Azevedo Coimbra, F. Bueno, L. D. F., Lacerda Werneck, Q. Bastos, A. Brazilio de Araujo, A. Jacintho Pimenta, Teixeira e Alexandre da Silva Vaz Lobo,

O poema apresentado a seguir é de autoria de Peixoto de Lacerda e foi publicado no número seis de A Mocidade.

 

Ode anacreôntica

Gentil colibri

E’s tão amoroso,

Divagas errante

No prado relvoso;

 

Tu beijas as lindas

E cheirosas flores;

Serás tu o symbolo

De ternos amores?

 

Tu vôas depressa

Com dôce ruido

E succas com gosto

O lyrio pendido,

 

E lh’introduzindo

O bico mimoso,

Lhe tiras o mel

Qu’é tão generoso.

 

Tu vôas ligeiro

Em busca de flores,

Eu ando depressa

Em busca d’amores!

 

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