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< Voltar para DossiêsA Sensitiva: jornal litterario e recreativo consagrado ao bello sexo
por Maria Ione Caser da Costa
Mais um periódico publicado no estado de São Paulo, nos oitocentos, voltado para as mulheres. A Sensitiva: jornal litterario e recreativo consagrado ao bello sexo foi lançado na cidade de Bananal, localizada no Vale do Paraíba, leste do estado de São Paulo. Semente plantada com a expectativa de ver crescer um movimento que hoje em dia é conhecido como a luta pela igualdade de gênero.
Na Biblioteca Nacional existe somente o terceiro fascículo que foi publicado no dia 18 de junho de 1881. Não foi encontrado outro exemplar desse título nas pesquisas realizadas na web.
Publicado aos sábados, o hebdomadário tinha a colaboração de várias mulheres, como aparece grafado no cabeçalho, sendo J. C. Cabral & M. Barbosa, os editores e proprietários.
Editado pela Typographia do Echo Bananalense, foi composto com quatro páginas diagramadas em duas colunas, separadas por um fio simples. Não recebeu ilustração.
Um texto totalmente contemporâneo. Poderíamos dizer que foi escrito nos dias atuais, não fosse a grafia antiga. Infelizmente nesse quesito não avançamos muito. Convido a lerem a íntegra do artigo na Hemeroteca Digital, que é assinado apenas com a inicial E.
Na seção intitulada 'Album litterario', está a continuação da crônica 'A Noiva', que também não é finalizada neste terceiro número, mas infelizmente, como dito anteriormente, outros exemplares não constam do acervo da BN.
Além do excerto do artigo mencionado acima, A Sensitiva apresenta também folhetim, notícias dos acontecimentos recentes, charadas e alguns poemas, além de uma crônica de autoria de Alice de Azevedo. Dos poemas, selecionamos o que recebeu o título de 'És bella', que não tem autoria. Logo abaixo do título do poema está a epígrafe com a assinatura de F. Castilho [Antonio Feliciano de Castilho? (1800-1875)], "Pour plaire, il faut avoir upuen ed vos appas", que traduzimos: “Para agradar, você deve ter aumentado seus encantos”.
És bella
A alguem
Mulher, é bella qual mimosa reza,
Que exala aromas no jardim da vida.
Qual borboleta que em florido prado
Olvida tudo pela flor querida.
Teu casto rosto e os teus lindos olhos
Tem mais beleza e tem mais encanto,
Que aquella virgem que raphael sonhou,
Que os poetas todos admiram tanto...
Teu debil corpo, tuas negras tranças,
Teu ar sereno e tua côrmimosa.
Tem mais belleza, mais divino encanto,
Que a mesma Venus que se diz formoza.
Ha no teu rosto languidez sublime...
Ha no teu todo tal magia e encanto,
Que pedem d'alma adoração constante,
que pedem á lyra sublimado canto!...
[*] http://memoria.bn.br/DocReader/823775/1
Na Biblioteca Nacional existe somente o terceiro fascículo que foi publicado no dia 18 de junho de 1881. Não foi encontrado outro exemplar desse título nas pesquisas realizadas na web.
Publicado aos sábados, o hebdomadário tinha a colaboração de várias mulheres, como aparece grafado no cabeçalho, sendo J. C. Cabral & M. Barbosa, os editores e proprietários.
Editado pela Typographia do Echo Bananalense, foi composto com quatro páginas diagramadas em duas colunas, separadas por um fio simples. Não recebeu ilustração.
A emancipação da mulher alem de ser um direito natural é um direito Divino.
Deus ao dar a companheira que lhe pedio Adão ensinou aquelles dous entes a amarem-se, não dando mais direito a um do que a outro.
A força do direito está pois perfeitamente comparada entre homem e mulher sem profanação do que ha mais justo e santo.
A defeza dos direitos sagrados da mulher está no modo porque ella desempenha a sua missão neste mundo terraqueo de miseria e profanação.
A mulher na defesa de seus direitos é mais forte do que o homem, não transige.
Ha tres seculos Agostine levantou o primeiro brado em favor do nosso sexo que até ahi se via opprimido pela força viril do homem, desde então até hoje muitas tentativas se tem feito no novo e velho mundo para que gozemos dos direitos de que atrozmente nos espoliaram. [*]
Um texto totalmente contemporâneo. Poderíamos dizer que foi escrito nos dias atuais, não fosse a grafia antiga. Infelizmente nesse quesito não avançamos muito. Convido a lerem a íntegra do artigo na Hemeroteca Digital, que é assinado apenas com a inicial E.
Na seção intitulada 'Album litterario', está a continuação da crônica 'A Noiva', que também não é finalizada neste terceiro número, mas infelizmente, como dito anteriormente, outros exemplares não constam do acervo da BN.
Além do excerto do artigo mencionado acima, A Sensitiva apresenta também folhetim, notícias dos acontecimentos recentes, charadas e alguns poemas, além de uma crônica de autoria de Alice de Azevedo. Dos poemas, selecionamos o que recebeu o título de 'És bella', que não tem autoria. Logo abaixo do título do poema está a epígrafe com a assinatura de F. Castilho [Antonio Feliciano de Castilho? (1800-1875)], "Pour plaire, il faut avoir upuen ed vos appas", que traduzimos: “Para agradar, você deve ter aumentado seus encantos”.
És bella
A alguem
Mulher, é bella qual mimosa reza,
Que exala aromas no jardim da vida.
Qual borboleta que em florido prado
Olvida tudo pela flor querida.
Teu casto rosto e os teus lindos olhos
Tem mais beleza e tem mais encanto,
Que aquella virgem que raphael sonhou,
Que os poetas todos admiram tanto...
Teu debil corpo, tuas negras tranças,
Teu ar sereno e tua côrmimosa.
Tem mais belleza, mais divino encanto,
Que a mesma Venus que se diz formoza.
Ha no teu rosto languidez sublime...
Ha no teu todo tal magia e encanto,
Que pedem d'alma adoração constante,
que pedem á lyra sublimado canto!...
[*] http://memoria.bn.br/DocReader/823775/1