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Distracção: orgam litterario satyrico e humorístico

por Maria Ione Caser da Costa
O semanário Distracção: orgam litterario satyrico e humorístico circulou pela primeira vez em Florianópolis, capital catarinense num domingo, dia 12 de março de 1892. À frente da direção do periódico estava o ilustrador e caricaturista Joaquim Margarida (Joaquim Antônio das Oliveiras Margarida, 1865-1955).

De periodicidade semanal, Disctração adotara a seguinte tabela de assinaturas:  500 réis para a mensal ou 1.500 réis para trimestral, sempre com pagamento adiantado. Um aviso em primeiro plano informava que “As pessoas que receberem esta folha e não devolverem até o dia seguinte serão consideradas assignantes.”

O editorial, sem indicação de autoria, assim se apresentou:
Pela primeira vez n’esta cidade, é dado a estampa o nosso jornal. “Litterario, Satyrico e Humorista,” cuja publicação é semanal.

Inteiramente alheio ás luctas politicas, promettemos cumprir à risca o nosso programma, guardando entretanto os bons preceitos da moral e da decencia para com a illustre sociedade catharinense, a quem de “chapeaux-bas” cumprimentamos.

N’uma sociedade como a nossa, torna-se necessario analisar o procedimento de “certos typos” que por ahi andam a fazer mil falcatruas com ares de honrados, quando não passam de verdadeiros vampiros, que não cansam em sugar o sangue da mesma sociedade.

Para esses, a nossa pena será incansavel até que “eles” trilhem o caminho digno.

Para os bons cidadãos a quem a dignidade, e a honradez são uma relíquia sagrada, só teremos palavras de elogio.

Não nos escapará tambem o bello sexo, para quem temos uma secção reservada, escripta pelo nosso REPORTER que é um rapaz muito conhecido e adestrado nas conquistas amorosas.

A “Distracção” previne portanto ás amaveis leitoras e aos Srns “Bilontras” que ponham-se em guarda, afim de que não se queixem quando lerem em lettras redondas os seus nomezinhos acompanhados do humorismo e da satyra do nosso Reporter.

A Distracção iniciou a publicação de seus exemplares em um formato, ampliando-o logo após as primeiras edições, para 26cm x 39cm, passando a ser veiculado às quintas-feiras e domingos, mudando, então sua periodicidade.

Com um rol de colaboradores diversos, como mencionado na capa, suas colaborações são assinadas por pseudônimos ou são anônimas. Em suas páginas estão poemas, charadas, máximas, contos e, na seção” Litteratura”, publicado de maneira seriada, o romance de José de Alencar (1829-1877), “A Viuvinha” publicado em 1857.

Na Hemeroteca Digital podem ser consultados apenas três exemplares, o primeiro, citado acima, o número 15 publicado em 8 de maio, e o número 25, publicado em 16 de junho de 1892. Os originais desta coleção fazem parte do acervo da Biblioteca Pública de Santa Catarina.

Existe outra coleção com o mesmo título que também pode ser consultada na Hemeroteca Digital. Com títulos idênticos e subtítulos semelhantes, seria aquele outro título Distracção, publicado no Rio de Janeiro em outubro de 1894 um plágio deste, publicado em Santa Catarina em março de 1892? Não sabemos. Mas ambas fazem parte deste dossiê. Boa consulta.

A poesia selecionada para constar em nosso dossiê chama-se “Retrato a carvão” e é assinada por Sargento Mór.

 

Retrato a carvão

É magro, alto, moreno,

De andar requebrado

Vive la pela pedreira

Ao lampião agarrado.

 

Aos domingos no Chalet

Do Jardim passa o dia,

Olhando para o sobrado

Onde está D. Maria!

 

Não cança, pobre rapaz

Não cança de namorar

Passa mez, entra mez

E nada “delle” casar.

 

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