Periódicos & Literatura
< Voltar para DossiêsMocidade: periodico noticioso, litterario e recreativo
por Maria Ione Caser da Costa
Surgido em 15 de junho de 1877 na Corte do Rio de Janeiro, Mocidade: periodico noticioso, litterario e recreativo foi impresso pela Typographia de Domingos Luiz dos Santos, que estava situada na rua São José, n. 44. Local para onde também deveriam ser endereçadas todas as correspondências relativas ao título em questão, sempre aos cuidados do sr. A. Alves Villela.
Devia publicar três vezes por mês, com a pretensão de tornar-se semanal. Sua estrutura se formou com quatro páginas, cada uma delas dividida em três colunas separadas por um fio simples. Não foi ilustrado.
Em um longo editorial de apresentação, o editor se manifesta a respeito do aparecimento do periódico Mocidade:
O editorial, que pode ser lido na íntegra na página da Hemeroteca Digital, enfatiza a dificuldade de se construir um periódico, e, o que pode ser ainda pior: a sua manutenção. Nota-se, nas palavras do autor do editorial, um temor com o que poderá vir a acontecer com a publicação. De acordo com o texto, Mocidade é um “tímido” jornaleco que se lança na seara de experientes jornalistas, que corre o risco de ser esquecido, pois mesmo os periódicos já publicados há algum tempo, tornam-se esquecidos assim que deixam de circular.
Não se tem notícia da continuidade de Mocidade. Na Biblioteca Nacional só existe um fascículo: o primeiro. A pesquisa não encontrou outros exemplares.
Além do editorial, que ocupou três colunas da primeira página e parte de uma coluna na segunda, Mocidade publicou também o folhetim “Mathilde: romance original brasileiro” por Fontes Junior, a biografia de João Rodrigues Proença (1839-1861), uma coluna intitulada “Variedade”, além de alguns poemas e charadas.
Destaque a seguir para o poema de A. Alves Villella, com o título “A Rosa”, datado de 6 de junho de 1877.
A Rosa
Tu, flôr de Venus,
Corada rosa
Leda, fragante,
Pura, mimosa
Tu, que envergonhas
As outras flôres,
Tens menos graça
Que os meus amores!
Tanto ao diurno
Sol, coruscante,
Cede a nocturna
Lua inconstante.
Quanto a Marilia
Fé da pureza,
Tu, que és o mimo
Da natureza
O boliçoso,
Candido amor!
Pôz-lhe nas faces
Mais viva côr.
Tu tens agudos
Crueis espinhos,
Ella suaves,
Brandos carinhos.
Tu não percebes
Ternos desejos,
Em vão favonio
Te dá mil beijos.
Devia publicar três vezes por mês, com a pretensão de tornar-se semanal. Sua estrutura se formou com quatro páginas, cada uma delas dividida em três colunas separadas por um fio simples. Não foi ilustrado.
Em um longo editorial de apresentação, o editor se manifesta a respeito do aparecimento do periódico Mocidade:
É envolto na mais profunda timidez que hoje lança-se á luz da publicidade mais um campeão nas lutas da regeneração moral e social dos povos.
A timidez o assoberba porque elle sente-se pequenino e fraco diante de tantos batalhadores notáveis que cada dia surgem pujantes na vasta arêna do jornalismo, empunhando o livro da sciencia e escudando-se com a luz, onde se vão quebrar os projectis insolentes do materialismo actual.
A timidez o assoberba porque elle vê cahirem a seu lado, exhaustos de forças, outros batalhadores mais cheios de força e de vigor, mas a quem o punhal agudo do indifferentismo traspassa o coração atirando-os no campo mortuario do sceptismo! [...]
Ahi vai, pois, mais este periódico atirar-se no mundo da publicidade; vai cheio de medo, porém resplandecente de vida e animado pelos clarões deslumbrantes da intelligência.
Elle chama-se “Mocidade” e quem diz mocidade diz vida, quem diz mocidade diz luz, porque ella é filha da liberdade, e a liberdade é pura como é o hálito da virgem! [...]
A “Mocidade” pugnará pelos interesses da sociedade, defenderá a dignidade nacional, cultivará as lettras e as sciencias, e constantemente guardará o altar sacrossanto da liberdade, embora tenha de tombar despedaçada aos golpes do despotismo!
A “Mocidade” saberá morrer sacrificando sua vida por um principio santo como Catão procurando a morte pela defesa de um principio que julgava nobre.
Away! – é o grito que ella ouve e repetirá sempre.
Away!
O editorial, que pode ser lido na íntegra na página da Hemeroteca Digital, enfatiza a dificuldade de se construir um periódico, e, o que pode ser ainda pior: a sua manutenção. Nota-se, nas palavras do autor do editorial, um temor com o que poderá vir a acontecer com a publicação. De acordo com o texto, Mocidade é um “tímido” jornaleco que se lança na seara de experientes jornalistas, que corre o risco de ser esquecido, pois mesmo os periódicos já publicados há algum tempo, tornam-se esquecidos assim que deixam de circular.
Não se tem notícia da continuidade de Mocidade. Na Biblioteca Nacional só existe um fascículo: o primeiro. A pesquisa não encontrou outros exemplares.
Além do editorial, que ocupou três colunas da primeira página e parte de uma coluna na segunda, Mocidade publicou também o folhetim “Mathilde: romance original brasileiro” por Fontes Junior, a biografia de João Rodrigues Proença (1839-1861), uma coluna intitulada “Variedade”, além de alguns poemas e charadas.
Destaque a seguir para o poema de A. Alves Villella, com o título “A Rosa”, datado de 6 de junho de 1877.
A Rosa
Tu, flôr de Venus,
Corada rosa
Leda, fragante,
Pura, mimosa
Tu, que envergonhas
As outras flôres,
Tens menos graça
Que os meus amores!
Tanto ao diurno
Sol, coruscante,
Cede a nocturna
Lua inconstante.
Quanto a Marilia
Fé da pureza,
Tu, que és o mimo
Da natureza
O boliçoso,
Candido amor!
Pôz-lhe nas faces
Mais viva côr.
Tu tens agudos
Crueis espinhos,
Ella suaves,
Brandos carinhos.
Tu não percebes
Ternos desejos,
Em vão favonio
Te dá mil beijos.